Notícias enchente no Rio Grande do Sul : mês de maio mais chuvoso da história e Porto Alegre alaga
Parte da população de Porto Alegre – inclusive nós da Sortimento Comunicação, perdeu a paciência com a gestão de Sebastião Melo. Mesmo com a previsão de chuva forte – e mesmo após as críticas à falta de coordenação da prefeitura no auge da crise –, a história se repetiu. Choveu muito, o sistema de drenagem não deu conta de escoar a água e, pior, ninguém foi avisado de que as águas voltariam a inundar a cidade. Melo foi atacado em várias frentes, e até um pedido de impeachment foi protocolado na Câmara de Vereadores.
Sortimento Notícias enchente em Porto Alegre – Sortimento Notícias da enchente no Rio Grande do Sul
Lembrando que sábado (25/5), às 11h, na Livraria Paralelo 30 ( rua Vieira de Castro, 48 – Bairro Farroupilha ), em Porto Alegre / RS, ocorre a primeira edição da Sabatina Parêntese – Conversas sobre o futuro.
Nessa primeira edição, o bate-papo será com Marcia Barbosa, Secretária de Política e Programas Estratégicos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e professora titular de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
A sabatina será conduzida pelo professor e editor da revista Parêntese Luís Augusto Fischer e pela editora Luísa Kiefer e abordará o Programa de Emergência Climática e Ambiental, plano proposto por um grupo de 19 profissionais da UFRGS e da consultoria Kaz Tech, liderado por Marcia. O objetivo do programa é coordenar dois grupos de serviço orientados ao enfrentamento dos desafios climáticos e ambientais que o Rio Grande do Sul está passando: um de monitoramento, análise de riscos e alertas, e outro de adaptação, mitigação e resiliência. Evento aberto ao público e gratuito.
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Previsão do tempo: Após o temporal, a capital deve sofrer com ventos de até 70 km/h. Há previsão de pancadas de chuva, mas com menos intensidade. A temperatura baixa ao longo do dia e deve chegar a 11ºC.
Porto Alegre vive novo caos
A capital enfrentou um novo dia de caos, com alagamentos surpreendendo moradores de diversos bairros. Porto Alegre amanheceu ontem com água jorrando de bueiros de norte a sul, evidenciando as dificuldades de funcionamento do sistema de drenagem. Tudo isso sem um alerta nem orientação expressa de evacuação nas regiões atingidas. Os moradores dos bairros Menino Deus e Cidade Baixa foram orientados – com atraso – apenas a monitorar o alagamento e considerar a possibilidade de saírem de casa. A Defesa Civil de Porto Alegre só se manifestou depois que a água já havia tomado as ruas. O diretor do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), Maurício Loss, atribuiu o caos à chuva “além do previsto”, mesmo após alertas de alto índice de chuvas emitidos desde domingo.
Rede de escoamento sobrecarregada – Fernando Dornelles, professor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da UFRGS, explicou à Matinal que a rede de escoamento está sobrecarregada, contribuindo para os alagamentos. A operação das casas de bombas também estava comprometida, com apenas 11 das 23 estações operando no final de quinta e capacidade reduzida devido ao lodo trazido pela enchente.
A cidade parou outra vez – Com o retorno da inundação no bairro Menino Deus, o Hospital Mãe de Deus, que planejava retomar os atendimentos até o fim de maio, teve de interromper ontem a limpeza do subsolo. No mesmo bairro, 18 pessoas foram resgatadas ainda pela manhã, enquanto a água subia rapidamente. Na zona sul de Porto Alegre, voluntários, bombeiros e policiais militares ajudaram no resgate de moradores que ficaram ilhados – no bairro Camaquã, uma creche com 20 crianças precisou ser evacuada. “Avisei um grande grupo de voluntários e eles trouxeram embarcações. Sem a mobilização voluntária, não seria possível fazer resgates com agilidade”, contou Gimena Samuel, advogada que esperava pelo resgate dos pais.
A Redenção também foi impactada. Em razão do alto volume das chuvas, parte de uma avenida desmoronou na zona norte, onde passa o arroio Sarandi – à tarde, o Dilúvio corria risco de extravasar. Depois do caos, a prefeitura decidiu suspender as aulas da rede municipal e privada na sexta-feira.
No final da noite, linhas de ônibus também sofreram alterações.
Maio, o mês mais chuvoso da história
De acordo com a MetSul Meteorologia, maio de 2024 se tornou o mês mais chuvoso da história das medições em Porto Alegre, com um acumulado de 461mm, equivalente a mais de quatro vezes a média histórica para o mês. O prognóstico não é favorável, com mais chuva prevista para a próxima semana e elevação do Guaíba, que há semanas causa inundações em Porto Alegre.
Pedido de impeachment de Melo é protocolado na Câmara
Foi protocolado na Câmara de Vereadores de Porto Alegre um pedido de impeachment do prefeito Sebastião Melo (MDB), assinado pelo secretário-geral da União das Associações de Moradores de Porto Alegre, Brunno Mattos da Silva. Segundo o Sul21, o documento aponta “negligência da Prefeitura no cuidado das Estações de Bombeamento e do sistema de drenagem urbana da cidade”, cita o manifesto de engenheiros sobre o sistema de proteção anticheias da capital, a denúncia do deputado Matheus Gomes sobre as estações de bombeamento do DMAE, as manifestações contraditórias do executivo municipal sobre o rompimento do dique da Fiergs e os alagamentos de ontem, apontados como efeito de “negligência e omissão” da gestão Melo. A abertura do processo de impedimento pode ser votada na sessão plenária de segunda-feira.
Diferenças entre medições do Guaíba podem ser explicadas por desníveis do solo
A MetSul anunciou que não publicará dados do nível do Guaíba obtidos pela régua emergencial instalada na Usina do Gasômetro, devido a diferenças nos valores medidos. O instituto observou que o nível no Cais Mauá estava pouco acima da cota de inundação – em torno de 3 metros –, enquanto a régua do Gasômetro, vinculada à Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), indicava 3,89 metros. Se os dados da Sema estiverem incorretos, o pico da cheia no Guaíba estaria abaixo dos 5,35 metros anunciados.
Diferenças de até 70 centímetros foram notadas entre medições informais e dados oficiais. Segundo o Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da UFRGS, o terreno por onde a água está fluindo pode ter mudado de inclinação ou nível nas últimas semanas devido à cheia. A Sema não respondeu sobre a diferença de nível do solo apontada pelo IPH até o envio a produção do texto da Matinal.
Giro de Notícias
Na noite de quinta-feira, foi religada a estação de bombeamento 13, no Parque Marinha do Brasil. Até o fechamento desta edição, 11 das 23 casas de bombas funcionavam em Porto Alegre.
Balanço da Defesa Civil divulgado na tarde de quinta-feira aponta 163 mortes, 64 desaparecidos, 65.762 pessoas em abrigos e 581.643 desalojados no estado.
No final da noite, a Defesa Civil estadual emitiu alerta de evacuação aos moradores do bairro Morro Toca dos Corvos, em Cruzeiro do Sul, por risco de deslizamento.
A Secretaria Estadual de Saúde informa 48 casos confirmados de leptospirose no RS, quatro mortes pela doença e 545 suspeitas de contágio.
Segundo dados da Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre, as enchentes já provocaram perdas no comércio de R$ 510,9 milhões no estado e de R$ 298,1 milhões em Porto Alegre.
O governo federal publicou medida provisória que abre crédito extraordinário de R$ 1,8 bilhões para ações de apoio e reconstrução no estado.
Uma travessia provisória entre Arroio do Meio e Lajeado, montada pelo Exército, foi levada na quinta-feira pela água das chuvas.
Vistoria na loja Cobasi do Praia de Belas Shopping constatou que computadores foram guardados para não serem atingidos pela água da enchente, enquanto animais foram deixados no subsolo – e acabaram morrendo.
Em todo o RS, ao menos 50 museus foram afetados pelas chuvas, dos quais 19 sofreram inundações e nove tiveram problemas de transbordamento. Embora não tenha sofrido danos, a Fundação Iberê planeja retirar do subsolo seu acervo de 5 mil obras.
A campanha Circula RS estimula a contratação de espetáculos gaúchos em outros estados e países.
A pesquisa de opinião sobre o Plano de Ação Climática, da Prefeitura de Porto Alegre, foi prorrogada até o dia 31 de maio.
O site Poder360 mapeou medidas municipais, estaduais e federais em apoio a empresas impactadas pelas enchentes.
Adiado por conta das chuvas, o Concurso Nacional Unificado será realizado em 18 de agosto.
Carta da editora da Matinal
Melo abandonou a população de Porto Alegre
Não há outra conclusão possível: Sebastião Melo desistiu de gerenciar a crise na capital gaúcha. A cidade viveu uma quinta-feira caótica, com água saindo por bueiros de bairros centrais e nas zonas norte e sul, em lugares onde o alagamento já havia recuado e outros onde ele não tinha chegado antes.
A população de Porto Alegre, já traumatizada por mais de 20 dias debaixo de água e lama, viveu de novo horas de pânico. Experimentamos toda a tensão da primeira semana outra vez: alagamento avançando rapidamente para dentro dos imóveis, gente saindo às pressas de casa com água na cintura, vizinhos salvando uns aos outros, crianças sendo resgatadas de barco das escolas. Tudo isso sem nenhum aviso prévio da prefeitura, apesar dos alertas meteorológicos. Zero orientação. Nada.
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Para lembrar nas eleições 2024
Basta ! Chega! A insuportável hipocrisia dos políticos negacionistas. Falta de investimento, ações contra o meio ambiente visando atender desejos financeiros de grupos e projetos de lei que esqueceram de cuidar e preservar a cidade visando aumentar a arrecadação
Prefeitura de Porto Alegre, gestão Sebastião Melo (MDB ) liberou construções na Orla do Guaíba e no Parque Harmonia que interferiram no meio ambiente com retirada de árvores e uso de área com objetivo de aumentar receita através de concessões.