Notícias enchente Rio Grande do Sul : boletim manhã de 31 de maio

Notícias enchente Rio Grande do Sul : boletim manhã de 31 de maio

Não bastassem as mortes e as centenas de pessoas desabrigadas, além dos prejuízos ao comércio e serviços, o avanço das águas em Porto Alegre trouxe outro problema. Na verdade, agravou um quadro já crítico: o mal manejo das árvores na cidade. A newsletter da Matinal traz também a aprovação de uma lei que permite o uso de imóveis vazios do município para moradia de vítimas das enchentes na capital – uma possibilidade que dependerá da boa vontade da prefeitura para se concretizar.


Sortimento Notícias enchente em Porto Alegre – Sortimento Notícias da enchente no Rio Grande do Sul


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Aprovada lei que autoriza uso de imóveis ociosos do município para moradia de desabrigados

Como emenda a um projeto emergencial de socorro às vítimas da enchente, a Câmara Municipal aprovou uma proposta da vereadora Karen Santos (PSOL) que autoriza a prefeitura a utilizar imóveis vazios pertencentes ao município como moradia para a população atingida. A lei traz duas possibilidades: a implantação de residências de rápida construção em terrenos do município e a concessão de prédios municipais que estejam ociosos, em condições habitáveis, ou que demandem reformas que possam ser feitas em curto prazo. De autoria do executivo, o projeto de lei também amplia o Programa de Recuperação Emergencial e Auxílio Humanitário, aprovado em setembro de 2023. A Matinal realizou, em abril, um mapeamento dos imóveis do município de Porto Alegre que o governo Melo pretende vender em leilões que vêm sendo realizados desde 2022.


Após 26 dias debaixo d’água, moradores do Sarandi protestam

Na noite de quarta-feira, mais de 50 moradores do bairro Sarandi protestaram no cruzamento das avenidas Assis Brasil e Sertório contra a falta de medidas da prefeitura de Porto Alegre para mitigar os danos provocados pela enchente. Gritando frases como “não foi tragédia, foi negligência”, as pessoas reivindicam o conserto imediato do dique rompido no bairro, além da retirada da água em pontos que ainda estão alagados. “Hoje, faz exatamente 26 dias que nós estamos sem casa, sem vida, sem dignidade. Ninguém mais tem mais nada. Onde a gente mora, a gente perdeu tudo, casa, trabalho, tudo, tudo, tudo” contou uma moradora da Vila Asa Branca ao Sul21.

Para efetivar o conserto do dique, a prefeitura já começou a derrubar casas próximas à estrutura. Presidente da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, a deputada Laura Sito (PT) denunciou violência da Guarda Municipal na ação promovida pelo município. Mais tarde, a parlamentar comunicou um acordo entre a prefeitura e os moradores para que eles tenham prioridade no acesso a benefícios.


Pedido de impeachment contra Melo é arquivado

Por 25 votos a 10, o plenário da Câmara Municipal decidiu não dar início à tramitação do processo de impeachment do prefeito Sebastião Melo (MDB), em sessão realizada na última quarta-feira. Com a decisão do plenário – que não se referia ao mérito da questão, mas sim se o texto avançaria ou não – o pedido será arquivado. O requerimento havia sido protocolado na semana anterior e acusava a administração municipal de negligência com o sistema de proteção contra enchentes.


Fraport alega não ser dona do aeroporto para justificar inação

A Fraport AG, concessionária do Salgado Filho, não tem trabalhado pela drenagem da pista, que ainda está parcialmente submersa, assim como o primeiro pavimento do prédio do aeroporto. Segundo reportagem de Leandro Demori, no ICL Notícias, a empresa – que também opera o aeroporto de Frankfurt e agiu para escoar as águas em uma inundação ocorrida no ano passado – alegou que não age em Porto Alegre porque é concessionária, e não proprietária do aeródromo. Argumentou também que a cheia no entorno inviabilizaria a operação.

Nos últimos dias, porém, bombas cedidas por agricultores têm sido usadas para remover a água do terminal, sem a participação da concessionária. Com a suspensão da operação no Salgado Filho, o número de voos para o Rio Grande do Sul caiu substancialmente – há 113 pousos semanais no estado, menos da metade do que Porto Alegre recebia em um dia. Enquanto isso, o preço das passagens subiu 50%. Com a pista do parcialmente seca, técnicos que tiveram acesso à área dizem que trecho do asfalto está esfarelando.


Jogadores do Inter entraram em campo com um uniforme com estampas que simulavam barro

Ao jogar contra o Belgrano pela Copa Sul-Americana, na Arena Barueri, na terça, os jogadores do Inter entraram em campo com um uniforme com estampas que simulavam barro. A ação surpresa aludia aos rastros deixados pelas enchentes que devastaram o RS. Ao longo do dia, o clube deu ao menos uma pista do que viria: mudou a foto de perfil do clube nas redes sociais para o brasão coberto de lama. Mas ninguém foi avisado sobre os novos uniformes, nem os jogadores.

Nelson Pires, vice de marketing do clube, contou a GZH que, depois das filmagens feitas no vestiário, antes do jogo, os roupeiros fizeram a troca das roupas. As 23 camisetas produzidas exclusivamente para a ação serão leiloadas.


Giro de Notícias

Estações do Trensurb em Porto Alegre devem reabrir só em 2025. O trem voltou a funcionar ontem, em modo emergencial e sem cobrança de passagem.

A medição do nível do Guaíba feita pela estação da Usina do Gasômetro passa a ser oficial. Conforme a Matinal noticiou, a régua até então emergencial tem diferença em relação à original, que ficava no Cais Mauá. A situação fez o governo do estado rever a cota de inundação, de 3m para 3,60m.

Na UFRGS, as atividades acadêmicas seguem suspensas até 15 de junho. Já os serviços técnicos-administrativos voltarão presencialmente a partir de domingo.

A semana tem sido de limpeza e avaliação dos estragos no Centro Histórico de Porto Alegre após recuo do Guaíba. No Mercado Público, onde a água chegou a 1,70m, a operação de limpeza e desinfecção está estimada em R$ 284 mil pela prefeitura. Ainda não há previsão de reabertura do local. Equipes do município também vistoriaram unidades de saúde nesta semana, entre elas a Santa Marta, localizada no Centro Histórico

O número de pessoas acolhidas em abrigos na capital caiu para 9,8 mil. A cidade chegou a ter 14,6 mil desabrigados em 13 de maio.

Em todo o RS, mais de 626 mil pessoas estão fora de casa em decorrência da tragédia climática. Destas, 45 mil ainda dependem dos 645 abrigos espalhados pelo estado.

As enchentes de maio causaram 11 bilhões em prejuízos financeiros. A Confederação Nacional dos Municípios estima que 4,1 milhão de pessoas tenham sido afetadas, com danos de 4,6 bilhões para o setor habitacional.

O Sindicato dos Empregados do Comércio de Porto Alegre estima que 30 mil funcionários do varejo tiveram seus locais de trabalho impactados e que boa parte destes empregos está em risco.

Em resposta aos danos causados às empresas no RS, o governo federal anunciou 15 bilhões em linhas de financiamento.

A inundação histórica de maio, com mais de 500 mm de chuva, expôs a vulnerabilidade das árvores. O biólogo Francisco Siliprandi faz um alerta: somada à falta de manejo adequado, a enchente histórica pode causar um “arboricídio” na capital. Secretarias municipais prometem medidas, mas o desmantelamento dos setores responsáveis complica a preservação.

Árvores ameaçadas pelas enchentes já sofriam com má gestão do município
Assim que a água começou a baixar em alguns pontos da região central da cidade, um novo problema chamou a atenção: junto do acúmulo de lixo e dos animais mortos, encontravam-se árvores ao chão e outras tantas prestes a cair.

Porto Alegre tem agora o desafio de enfrentar o agravamento na saúde da sua vegetação, já vítima de um manejo inadequado por parte do município, segundo especialistas. Mesmo espécies resilientes, como o Salgueiro Chorão, estão sucumbindo à combinação de eventos climáticos extremos e solos comprometidos pela urbanização.

Em um tema não relacionado às enchentes, abril deste ano foi o primeiro mês em que o RS não registrou nenhum caso de feminicídio. No mesmo mês do ano passado, foram notificadas seis ocorrências do tipo.


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Para lembrar nas eleições 2024

Basta ! Chega! A insuportável hipocrisia dos políticos negacionistas. Falta de investimento, ações contra o meio ambiente visando atender desejos financeiros de grupos e projetos de lei que esqueceram de cuidar e preservar a cidade visando aumentar a arrecadação

Prefeitura de Porto Alegre, gestão Sebastião Melo (MDB ) liberou construções na Orla do Guaíba e no Parque Harmonia que interferiram no meio ambiente com retirada de árvores e uso de área com objetivo de aumentar receita através de concessões.

Eleições 2024 Quais os políticos e partidos no Executivo e Legislativo municipal de Porto Alegre votaram em leis, projetos e ações que atenderam suas demandas, desejos e necessidades? Então vais reeleger?