Notícias enchente no Rio Grande do Sul : desabrigados em hotel, novos alagamentos, Aeroporto Salgado Filho e possibilidade de inundações
Em meio ao frio e à situação de calamidade pública vivida na capital, cerca de 130 famílias quase foram parar na rua na manhã de ontem. Uma decisão judicial de reintegração de posse levou a Brigada Militar à ocupação no hotel Arvoredo, no Centro Histórico, onde famílias desabrigadas vivem desde o dia 24 de maio. A ação – que desrespeitaria entendimento do STF – foi suspensa. Entenda em reportagem de Tiago Medina.
Sortimento Notícias enchente em Porto Alegre – Sortimento Notícias da enchente no Rio Grande do Sul
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Após negociação, reintegração de posse de hotel ocupado por desabrigados é suspensa
Moradores da ocupação Desabrigados da Enchente, localizada em um antigo hotel na rua Fernando Machado, no Centro, foram surpreendidos com a visita de uma oficial de justiça na manhã de ontem com um mandado de reintegração de posse, que acabou não ocorrendo.
Presente no local, o defensor público João Otávio Paz ressaltou que a decisão judicial vai de encontro ao entendimento do STF de que é necessário aviso prévio para ações desse tipo. Além disso, ele ressaltou que “não seria razoável, jogar mais de uma centena de pessoas na rua”. Após negociação, foi acertado que o grupo irá permanecer no local e que a situação será tema de uma reunião nesta quarta-feira, na Assembleia Legislativa.
O processo na justiça deve ser retomado a partir de quinta após decisão liminar proferida no fim da tarde. A ocupação é formada por cerca de 130 pessoas, a maioria proveniente de bairros da zona norte da capital, mas também de cidades como Eldorado do Sul e Guaíba. O grupo chegou ao prédio após suas casas terem sido afetadas no mês passado.
Na noite de segunda-feira (3/6), os moradores da ocupação realizaram assembleia para formalizar a criação de uma associação. O mecanismo fornece condições para o grupo agir de forma coletiva, operar projetos e verbas e solicitar ingresso em programas como o Minha Casa, Minha Vida Entidades.
Porto Alegre registra novas inundações e desligamento de estações de bombeamento
Após ficar abaixo da cota de inundação no último sábado, o nível do Guaíba subiu 40 centímetros na madrugada de segunda-feira, devido à chuva e a ventos de quase 50 km/h. O represamento provocou novas inundações e bloqueios de vias nos bairros Guarujá, Ipanema e Praia de Belas. Pela manhã, foi desligada a Estação de Bombeamento de Águas Pluviais (Ebap) 16, próxima à Rótula das Cuias, gerando alagamentos nos bairros Cidade Baixa e Menino Deus.
O Dmae informou que a medida foi adotada para um trabalho de manutenção da CEEE Equatorial, e a estação foi religada no começo da tarde de segunda-feira. À tarde, a Ebap 3, no bairro São Geraldo, foi desligada após falha eletrônica, provocando acúmulo de água no entorno, e religada à noite.
A chuva e as dificuldades de escoamento também impactaram o pátio da Rodoviária, que voltou a alagar em meio aos trabalhos de limpeza do terminal. Passado o episódio, a perspectiva é de queda constante do nível nas próximas duas semanas, conforme o Instituto de Pesquisas Hidráulicas da UFRGS.
Melo pede suspensão de dívidas a bancos; especialistas sugerem refinanciamento
O prefeito Sebastião Melo enviou, na metade do mês de maio, uma série de ofícios a oito entidades financeiras com as quais o município tem operações de crédito, solicitando a suspensão temporária do pagamento dessas dívidas. Um hiato nas parcelas dos empréstimos com esses oito bancos liberaria, segundo o governo, 550 milhões de reais ao longo de dois anos.
A administração argumenta que a arrecadação “diminuirá enormemente”, conforme argumentou o prefeito nos documentos. Para dois especialistas consultados pela Matinal, as consequências da enchente para o fisco municipal são inescapáveis – mas, para ambos, Porto Alegre não entra na crise com dificuldades financeiras, pois vive um patamar fiscal confortável, e o endividamento não é necessariamente um problema.
Segundo os docentes, a realidade climática demanda um novo modo de condução das contas públicas, mais atento a serviços essenciais.
Concessionária do Salgado Filho prevê retomada de operações na segunda quinzena de dezembro
A Fraport, concessionária do Aeroporto Salgado Filho, estima que a retomada das operações no terminal se dê na segunda quinzena de dezembro. A data está sujeita a alterações, pois a análise completa das estruturas deve ser concluída somente no final de julho. Segundo levantamento preliminar da empresa, serão necessários cerca de 300 milhões de reais, dos quais 45 milhões seriam destinados à aquisição de equipamentos. Nas últimas semanas, bombas cedidas por agricultores do setor arrozeiro gaúcho têm sido usadas para drenar o terminal, sem participação da concessionária, que alegou não trabalhar na drenagem da pista por não ser a proprietária do aeródromo.
A Fraport também pediu verba para o governo federal. Quando há lucro é da empresa. Quando há prejuízo é do Estado. Contratos de concessões questionáveis que geram benefícios e direitos para as empresas e para o cidadão prejuízos e deveres.
Mudanças climáticas dobraram a possibilidade de inundações no sul do Brasil
Pesquisa científica recém divulgada diz que a chuva extrema que atingiu o Rio Grande do Sul entre o final de abril e o começo de maio teve sua probabilidade de ocorrência duplicada pelas mudanças climáticas. Conduzido por pesquisadores de cinco países, o estudo concluiu ainda que o El Niño intensificou as precipitações que caíram sobre o estado, cujos danos foram agravados por falhas na infraestrutura.
Se as temperaturas globais chegarem ao patamar de 2ºC acima dos níveis anteriores à industrialização do planeta, o que deve ocorrer entre 20 e 30 anos, espera-se que eventos de chuva no Rio Grande do Sul sejam de 1.3 a 2.7 mais prováveis do que já são hoje.
Para entender a natureza das chuvas extremas que resultaram nas enchentes no Rio Grande do Sul, foram analisadas duas janelas de tempo: acumulados de chuva de quatro dias, entre 29 de abril e 2 de maio, e ao longo de dez dias, de 26 de abril a 5 de maio, em todo o estado.
Giro de Notícias
Mais de 25% dos servidores das escolas municipais de Porto Alegre foram atingidos pelas enchentes, estima a Smed. A pasta, aliás, planeja realizar aulas da rede municipal em instituições estaduais e da rede privada.
O Hospital Moinhos de Vento prorrogou até 15 de junho os atendimentos gratuitos via telemedicina para pessoas atingidas pelas enchentes.
Pessoas que utilizam unidades de saúde da capital podem receber confirmação de agendamentos de consultas e exames pelo WhatsApp. Veja como utilizar a ferramenta.
Mais de 27 mil toneladas de resíduos já foram retirados das ruas de Porto Alegre após as enchentes.
O Consulado-Geral dos EUA em Porto Alegre permanece fechado para serviços relacionados a vistos até 28 de junho.
O governo do RS prevê prazos de seis meses a um ano para a recuperação de rodovias atingidas pelos temporais de maio, com custos entre 3 bi e 9,9 bilhões de reais.
A CEEE Equatorial não vai realizar o faturamento referente ao consumo de
energia em locais severamente atingidos pelas chuvas. Em áreas menos afetadas, mas ainda com dificuldades de acesso, a empresa irá cobrar o valor da média anual de consumo.
Foi suspensa, até 31 de outubro, a atualização cadastral para a comprovação de vida de aposentados e pensionistas do RS.
Os Correios pretendem disponibilizar armários para que moradores de áreas atingidas pelas inundações recebam encomendas com maior facilidade.
“O Código florestal foi rasgado pelo RS”, diz Helena Nader, presidente da Academia Brasileira de Ciência. Leia mais na coluna de Juremir Machado da Silva, que também traz relatos sobre sua ida ao extremo sul da capital.
Programa Senge Solidário lança a campanha “Solidariedade Técnica: Reconstruindo o Rio Grande”. Profissionais de Engenharia, Agronomia, Arquitetura e Geociências estão sendo convidados a participar da campanha Solidariedade Técnica: Reconstruindo o Rio Grande. A iniciativa busca reunir pessoas com conhecimento da Engenharia e Arquitetura para atuarem de forma voluntária no atendimento a comunidades afetadas neste momento de calamidade pública.
A Biblioteca Pública do RS promove, às 15h, mais uma edição de Conversa com Borges, na qual um avatar do escritor argentino Jorge Luis Borges (1899 – 1986) “dialoga” com os visitantes, com mediação de Gilberto Schwartsmann.
A OSPA suspendeu a programação da Temporada Artística 2024 prevista para junho.
Impactado pelas enchentes, o Agulha, uma das principais casas de shows da cidade, anunciou o fim de suas atividades.
Pelo menos 25 editoras do RS foram afetadas pelas chuvas no estado, com perdas de até 50 mil exemplares, segundo o Clube de Editores do RS.
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Para lembrar nas eleições 2024
Basta ! Chega! A insuportável hipocrisia dos políticos negacionistas. Falta de investimento, ações contra o meio ambiente visando atender desejos financeiros de grupos e projetos de lei que esqueceram de cuidar e preservar a cidade visando aumentar a arrecadação
Prefeitura de Porto Alegre, gestão Sebastião Melo (MDB ) liberou construções na Orla do Guaíba e no Parque Harmonia que interferiram no meio ambiente com retirada de árvores e uso de área com objetivo de aumentar receita através de concessões.
Eleições 2024 Quais os políticos e partidos no Executivo e Legislativo municipal de Porto Alegre votaram em leis, projetos e ações que NÃO atenderam suas demandas, desejos e necessidades? Então vais reeleger?
Editorial Sortimento
As consequências da enchente no início do mês de maio/24 no Rio Grande do Sul não são somente catástrofe climática. É também, e principalmente, uma catástrofe política do executivo de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul, com a expressiva participação de vereadores e deputados estaduais da base do Paço e Piratini.
Leis e projetos foram aprovados e promovidos que geraram desmatamento no parque Harmonia visando o aumento de receitas municipais através de concessões, que inclusive, infringem a Lei do Silêncio e da poluição sonora. Continuando no município de Porto Alegre, temos ainda a desconsideração de alertas sobre as Casas de Bombas, diques e o sucateamento do DMAE visando a privatização. Já o estado, para atender grupos, apresentou projeto com aprovação na Assembleia que revogou mais de 480 regras ambientais. A conta chegou para os envolvidos e defensores do Estado mínimo.
A tragédia só não é maior por envolvimento significativo dos voluntários, dos servidores públicos, das forças de segurança, dos brasileiros, do governo federal e empresas.
Desejamos que por incompetência Sebastião Melo e Eduardo Leite e suas bases no Paço e Piratini não sejam protagonistas da reconstrução de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul. Não podem e não merecem. Que o eleitor lembre nas futuras eleições os nomes dos políticos e partidos que ajudaram a maximizar as consequências da cheia.