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Brasil Notícias Economia : mercado do setor de serviços e ações do setor financeiro
Setor de serviços desacelera em agosto/21, mas cresce pelo quinto mês consecutivo. Volume de serviços prestados teve alta de 0,5% em relação ao mês de julho/21. Na comparação interanual, o segmento mostra alta de 16,7%, superando a projeção mediana do mercado de 16,1%. Após a queda da atividade observada tanto para a indústria quanto para o varejo em agosto, o avanço das empresas de serviços, ainda que moderado, sustenta nossa tese de tendência de normalização do padrão de consumo dos indivíduos, com queda na demanda por bens e maiores gastos com serviços ligados à mobilidade urbana. Dessa forma, esperamos que o segmento de alojamento e alimentação, em particular, deva ser o principal fator de crescimento da atividade e de redução do desemprego até o final do ano. Ainda que mostre estabilidade até o fim do ano, o carrego estatístico sugere um crescimento forte de 11,2% para o setor de serviços em 2021.
Prestação de serviços de alojamento e alimentação avança 4,5% em agosto/21. Segmento cresce a taxas elevadas por cinco meses consecutivos, reflexo da melhora do quadro pandêmico e consequente avanço da mobilidade. Vale notar que, embora a variante Delta já responda por cerca de 90% das contaminações no Brasil, ainda não se observou avanço preocupante dos números de casos e óbitos, em função da vacinação acelerada e da imunização obtida ao longo da primeira e da segunda onda. Em particular, o mês de agosto/21 trouxe novos aumentos de indivíduos retornando ao trabalho presencial e do fluxo em estações de transporte, o que contribui para o desempenho de empresas ligadas à mobilidade urbana. Apesar do crescimento acelerado na margem, a categoria de serviços prestados às famílias, que compreende as empresas de alojamento e alimentação, segue defasada em 17,4% em relação ao nível pré-pandemia, enquanto as demais categorias continuam próximas ou acima desse patamar.
Serviços técnico-profissionais retraíram 6,8% no mês. O desempenho desse segmento, que possui correlação com a produção da indústria de transformação no mês anterior, pode estar sendo prejudicado pelos gargalos de oferta que tem limitado o avanço da manufatura nos últimos meses, o que reduz a demanda pela mão de obra de engenheiros e técnicos.
Serviços de transporte terrestre e aquaviário também retraíram 0,1% e 2,3% em agosto, respectivamente, embora tenham sido compensados pela forte alta de 7,4% no transporte aéreo.
Apesar da desaceleração de 0,5 p.p. ante agosto/21, indicador corrobora a expectativa de crescimento do setor de serviços no curto prazo. As empresas respondentes da pesquisa citaram demanda forte e elevado volume de novos pedidos no mês, levando ao crescimento da produção e das contratações no setor. No entanto, os custos de insumos seguem apontados como fator limitante para as empresas de serviços, com referências em especial aos preços de alimentos, combustíveis e equipamentos de proteção individual. Embora a demanda mais forte tenha possibilitado alguns repasses ao consumidor, o preço final cresceu menos do que os custos dos insumos, prejudicando novamente as margens de lucro no segmento e indicando novos aumentos de preços represados para os próximos meses.
Ações do setor financeiro
As ações do setor financeiro, representadas pelo IFNC (que inclui bancos e seguradoras) caíram cerca de 9,44% em setembro contra uma desvalorização de de 6,57% do Ibovespa no mês passado. Além do cenário externo pesando contra o mercado, no ramo de seguros ainda observamos uma cautela em relação a alta sinistralidade. Como se não bastasse, um ambiente atípico por conta da pandemia impactando os ramos de Vida e Saúde, o período de secas e geadas afetou o ramo rural, que viu a sinistralidade se elevar em julho. Apesar disso, os dados recentes de agosto/21 mostraram uma ponta de esperança.
O faturamento no setor continua sendo destaque com crescimento de dois dígitos em todos os ramos. No segmento de seguros vimos avanço de 18% a/a no mês de agosto, e no acumulado do ano temos alta de 15% contra os 8M20. O ramo rural continua com forte desempenho, crescendo 60% a/a no mês, vindo de uma alta de 50% a/a em julho. Outro ramo que continua indo bem é o de vida, que avançou 20% a/a em agosto. Já o ramo auto cresceu 12% a/a vindo de um mês de julho mais fraco, no qual apresentou crescimento de 5%. Aqui, ainda vemos efeitos do choque de oferta causado pela falta de componentes para a fabricação de veículos novos, que fez com que a curva de prêmios emitidos no ano se descolasse do emplacamento de veículos nos últimos meses, fato que estimamos ser atribuído ao aumento de preços no mercado de seminovos sendo repassados às novas apólices.
A sinistralidade também traz boas novidades, apesar de ainda em níveis altos, começou a mostrar declínio na comparação mensal, quando atingiu um pico de 58% em julho. No geral, a sinistralidade do setor foi de 54%, contra 38% em ago/19 e 43% em ago/20. O ramo de vida continua com sua tendência de queda, desde o início da vacinação do país apresentando uma sinistralidade de 57% (-5 p.p. contra julho/21). Já o ramo rural, que tem apresentado altos níveis com secas e geadas reduziu drasticamente em agosto apresentando uma taxa de 63% contra 155% registrada em julho/21, mas ainda alta se comparada a agosto/20, quando a taxa era de 44%.
Destacamos na ponta contrária, o ramo automotivo que, com a normalização das atividades, continua apresentando crescimento de sinistros, registrando uma taxa de 65% em agosto/21 (+2 p.p. ante julho/21).
O resultado financeiro das seguradoras também vem apresentando maiores níveis em agosto, seguindo a tendência das taxas de juros no mercado e do IGP-M, que vem apresentando níveis mais comportados desde junho/21 e queda em setembro de 0,64%, mas ainda acumulando alta de 24,88% nos últimos 12 meses, contra uma alta de 10,25% do IPCA nos últimos 12 meses.
Material publicado baseado em produção do Banco Inter