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Economia : IPCA desacelera pelo terceiro mês consecutivo e atinge 0,54% em janeiro
Em 12 meses, a inflação ao consumidor segue no patamar elevado de 10,38%, ante 10,06% no acumulado de 2021. Embora o perfil do IPCA tenha mudado nos últimos meses, a inflação subjacente segue em alta e as expectativas ainda desancoradas, prescrevendo uma continuidade do aperto monetário.
Alimentos e bebidas tiveram a contribuição mais relevante para a inflação em janeiro
Grupo teve alta de 1,11%, representando cerca de 43% da variação total do IPCA no mês. Em particular, a pressão de preços é mais relevante nos alimentos em domicílio, que registrou 1,44% em janeiro, ante alta de apenas 0,25% na alimentação fora de domicílio. Os itens com maiores altas foram tubérculos, raízes e legumes, com 8,7%, hortaliças e verduras, com 8,1%, e frutas, com 3,4%.
A inflação de alimentos deve pressionar no curto prazo. Segundo a FGV, a inflação de produtos agropecuários foi de 2,63% em janeiro. Embora haja perspectiva de safra recorde para esse ano, diversas commodities agrícolas importantes ( soja, milho e arroz ) apresentaram alta no final de janeiro. De acordo com dado do Banco Central, a cesta de commodities agropecuárias em reais teve alta de 1,5% em janeiro, o que também sugere uma pressão inflacionária adicional sobre alimentos.
Por fim, o abate de bovinos apresentou queda interanual de aproximadamente 9,0% no terceiro trimestre de 2021, sugerindo a manutenção de uma inflação elevada para a carne.
Inflação de monitorados tem queda mas serviços e bens industriais avançam
Combustíveis registraram retração de 1,23%, com queda de 1,14% para a gasolina, apesar do reajuste da Petrobrás de cerca de 4,9% no preço de venda para as distribuidoras. A energia elétrica, por sua vez, recuou em 1,07% na média, puxada por redução de tributos em Porto Alegre. Por último, o gás de botijão teve queda de 0,73%, após 19 meses de alta. Apesar da melhora na margem, a inflação de monitorados segue em 16,8% em 12 meses, em função da forte aceleração ao longo de 2021.
O volume de chuvas segue acima da média histórica, e o nível dos reservatórios no subsistema
Sudeste/Centro-Oeste já se aproxima de 50,0%, bem acima dos últimos anos. O Banco Central, na ata recente, adaptou sua projeção de bandeira tarifária no fim do ano de vermelha 2 para vermelha 1, enquanto agentes no setor elétrico já apontam para a possibilidade de bandeira verde, em função da queda do custo marginal de geração, o que teria forte impacto na inflação de monitorados.
O grupo dos serviços apresentou desaceleração de 0,39% frente ao dado de 0,79% em dezembro. A alta branda está associada a um forte recuo de itens como passagens aéreas (-18,4%), transportes por aplicativo (-18,0%) e aluguel de veículos (-3,79%).
Os bens industriais tiveram alta de 1,22% em janeiro/22, acima das expectativas. O indicador acumulou 12,7% em 12 meses, com alta disseminada entre duráveis, semiduráveis e não-duráveis. Apesar da esperada reversão do consumo na direção de serviços, a inflação nessa categoria segue pressionada à frente, com aumento dos preços internacionais das commodities metálicas e dos custos de produção na indústria de transformação.
Em janeiro, a média dos núcleos de inflação mostrou leitura de 0,87%, com estabilidade frente ao dado elevado do mês anterior. Em 12 meses, esse indicador acumula 7,87%, bem acima do teto da meta de 5%. Itens como o aluguel residencial e as perspectivas para reajustes de mensalidades escolares em fevereiro também reforçam a percepção de inércia.
O aluguel residencial acelerou (+1,54%), em função das correções dos contratos pela elevada inflação passada, e itens ligados ao turismo também tiveram alta, como hospedagem (+2,0%) e pacote turístico (+2,72%). Com o impacto econômico da variante Ômicron se mostrando menos expressivo do que o anteriormente esperado, o movimento de alta da inflação de serviços, que avançou para 5,1% em 12 meses na divulgação atual, deve continuar nos próximos meses, constituindo uma das pressões mais importantes para o IPCA em 2022.
As expectativas de inflação para 2022 tiveram piora nas últimas semanas, avançando de 5,03% para 5,44%, apesar da apreciação cambial no período. Já a mediana das projeções de mercado mostra inflação de 3,5% em 2023, acima da meta de 3,25% para o período. Os juros reais que já se aproximam de 7,0%, devem exercer forte impacto sobre a inflação com a queda da demanda associada à defasagem dos reajustes salariais em relação ao índice de preços.