Sortimento Economia
Varejo paulista encerra primeiro semestre com faturamento 37% acima da média histórica para o período e cresce 11,3%, entre janeiro e junho 2022
O varejo do Estado de São Paulo obteve o melhor resultado para o primeiro semestre, desde 2008 – início da série histórica da Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista no Estado de São Paulo (PCCV). De acordo com o levantamento da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), o faturamento real dos primeiros seis meses do ano ficou 37% superior à média para período. No acumulado do ano, de janeiro a junho, as vendas apontaram crescimento de 11,3%. Em valores absolutos, isso significa R$ 54,7 bilhões a mais do que o registrado em 2021, na mesma base de comparação.
A melhora do nível de emprego, a queda da inflação, o aumento da oferta de crédito (na primeira metade do ano, as concessões crescerem 26%) e a normalização do cenário da pandemia são alguns fatores que explicam os resultados. Todos contribuíram para a elevação do nível de confiança dos consumidores – condição essencial para a população ir às compras.
Com exceção das concessionárias de veículos e das lojas de eletrodomésticos e eletrônicos, todas as atividades analisadas demonstraram recordes históricos nas vendas acumuladas. No mês de junho, especificamente, as lojas de vestuário, tecidos e calçados foram o grande destaque, com crescimento de 18,4%. Em seguida, vieram os setores de farmácias e perfumarias (14,9%); lojas de autopeças e acessórios (14,2%); outras atividades (12,7%); supermercados (7,2%); concessionárias de veículos (3,4%); lojas de materiais de construção (1,9%); lojas de móveis e decoração (0,7%); e eletrodomésticos, eletrônicos e lojas de departamento (0,1%).
Em relação às vendas reais, o sexto mês do ano apontou um crescimento de 8,5%, em comparação ao mesmo período do ano passado. Este foi o maior resultado do varejo paulista para o mês, desde 2008. O faturamento real atingiu R$ 93,3 bilhões (R$ 7,3 bilhões acima do apurado em junho de 2021).
Na avaliação da FecomercioSP, considerando o nível de consumo atual – e a recuperação já em andamento no setor de serviços, que deve promover uma injeção considerável de recursos na economia paulista –, o ritmo de expansão do setor deve se manter ao longo do segundo semestre, entretanto, com taxas menos vigorosas em relação às atuais.
Os recursos do Auxílio Brasil podem alavancar o consumo, em especial de bens essenciais, criando um cenário positivo para os segmentos ligados ao comércio desses bens. Contudo, é preciso considerar que fatores imprevisíveis, como os políticos e sociais, e turbulências inesperadas na economia podem exercer reflexos negativos na confiança do consumidor. Além disso, o nível de endividamento das famílias já atinge patamares preocupantes, há elevação dos juros e a trajetória do emprego pode sofrer alterações no médio prazo.
Considerando todas as estas observações, o modelo preditivo da FecomercioSP estima que o varejo deva crescer cerca de 7% este ano – o que tornaria 2022 um dos mais favoráveis para o comércio paulista.
Números da capital paulista
Em São Paulo, as vendas expandiram, em junho, 7,8% em comparação ao mesmo período do ano passado. A cidade atingiu a receita de R$ 27,8 bilhões (R$ 2 bilhões a mais quando comparado com o mesmo período de 2021). A variação acumulada no primeiro semestre foi de 12,5% (o que, em valores atuais, representa um incremento de R$ 17,9 bilhões em relação ao apurado entre janeiro e junho do ano passado).
O retorno do setor de serviços, em especial do turismo de negócios, deve trazer recursos consideráveis à cidade, dispersando-se por toda a economia paulistana, inclusive pelo comércio varejista. Consolidando-se esta expectativa, a tendência de crescimento anual do varejo na capital pode superar a taxa prevista para o Estado.
Nota metodológica
A Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista no Estado de São Paulo (PCCV) utiliza dados da receita mensal informados pelas empresas varejistas ao governo paulista por meio de um convênio de cooperação técnica firmado entre a Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo (Sefaz-SP) e a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).
As informações, segmentadas em 16 Delegacias Regionais Tributárias da Secretaria, englobam todos os municípios paulistas e nove setores (autopeças e acessórios; concessionárias de veículos; farmácias e perfumarias; lojas de eletrodomésticos e eletrônicos e lojas de departamentos; lojas de móveis e decoração; lojas de vestuário, tecidos e calçados; materiais de construção; supermercados; e outras atividades).
Os dados brutos são tratados tecnicamente de forma a se apurar o valor real das vendas em cada atividade e o seu volume total em cada região. Após a consolidação dessas informações, são obtidos os resultados de desempenho de todo o Estado.