Conselho volta a ignorar Plano Diretor ao aprovar projeto de torres do Zaffari

Conselho volta a ignorar Plano Diretor ao aprovar projeto de torres do Zaffari

Duas semanas após liberar a construção de um empreendimento que ultrapassa os limites do Plano Diretor, o Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano e Ambiental (CMDUA) voltou a flexibilizar o regramento urbanístico de Porto Alegre, desta vez em favor de um projeto do Grupo Zaffari.

A proposta prevê a construção de cinco torres no bairro Praia de Belas, a maior delas com 130 metros de altura. Conforme o Plano Diretor, edificações na região não devem ultrapassar 52 metros.

A aprovação do Estudo de Viabilidade Urbanístico (EVU) se deu na noite de quarta-feira (13/11/24), com 17 votos favoráveis, seis contrários e três abstenções. Ao longo dos debates, a discussão ficou polarizada entre questão ambiental e desenvolvimento econômico em torno do projeto.

O EVU aprovado não significa autorização para que a construção tenha início, o que deve ocorrer em 2025.

O empreendimento prevê uso misto do espaço, mesclando 364 apartamentos e 344 conjuntos comerciais, além de supermercado e estacionamento com 1.783 vagas.

Arquiteto responsável pelo projeto, José Barros de Lima ressaltou que a iniciativa cumpre com a destinação prevista à área, com grandes empreendimentos, e será capaz de “trazer vivência ao Praia de Belas”. Já a conselheira Jussara Pires chamou a atenção para o aspecto social: “Na medida em que se encarece o preço da terra, isso pode até complicar ainda mais a desigualdade de acesso à cidade. Temos várias formas de ocupar essa área. Não precisava ser necessariamente por esse modelo”.

Interesse imobiliário

 Vila Kédi, reduto da população negra na região, está situada entre a avenida Nilo Peçanha e o Country Club de Porto Alegre, um endereço cobiçado na expansão imobiliária da capital. A comunidade tenta, desde 2021, obter reconhecimento perante a Justiça como remanescente quilombola. O RTID é um documento que envolve diversos estudos técnicos como base para a reivindicação pelo território. Com sua publicação será aberto prazo para contestações e, depois disso, o documento segue para análise nacional.