Contrabando de cigarros eletrônicos causa perda de R$ 344 milhões por ano só no Rio Grande do Sul, aponta estudo da USP

Contrabando de cigarros eletrônicos causa perda de R$ 344 milhões por ano só no Rio Grande do Sul, aponta estudo da USP

.| Sortimento Notícias Rio Grande do Sul |. Pesquisa realizada pela Escola de Segurança Multidimensional (ESEM), do Instituto de Relações Internacionais (IRI) da Universidade de São Paulo (USP), apresentada na quarta-feira (25/9) no workshop “Fronteiras do Crime: O Desafio do Crime Organizado em setores altamente regulados no Brasil”, aponta que o estado do Rio Grande do Sul deixou de arrecadar R$ 343,7 milhões em impostos estaduais e federais neste ano com o comércio ilegal de cigarros eletrônicos

Considerando um crescimento anual de 10% do mercado de DEFs, a arrecadação de impostos para o estado do Rio Grande do Sul, caso o mercado fosse legalizado, poderia atingir R$503,14 milhões em 2028. Esses valores são baseados na estimativa de crescimento contínuo da demanda por DEF’s e no aumento das vendas tanto em lojas físicas quanto em plataformas online.

Expandindo a projeção para o mercado brasileiro, e mantendo uma perspectiva conservadora do crescimento de mercado e do consumo mensal de DEF, a tributação média no país poderia alcançar R$7,7 bilhões em 2025, e poderia chegar a R$10,3 bilhões até 2028.

Para chegar a esses dados, o estudo usou como base levantamento da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), que identificou um mercado consumidor potencial de 3,3 milhões de usuários de Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEF’s) no Brasil. O crescimento de mercado foi realizado com base no crescimento observado nos últimos anos, identificado pela consultoria Inteligência em Pesquisa e Consultoria (IPEC) e pelo crescimento da população estimado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

Com localização geográfica estratégica através de fronteiras diretas com o Uruguai e a Argentina, o Rio Grande do Sul se destaca como um ponto de entrada relevante para mercadorias, tanto legais quanto ilegais. Isso inclui o contrabando de dispositivos eletrônicos para fumar (DEF’s), que encontram um mercado próspero no estado.

“O comércio ilegal de cigarros eletrônicos está sustentando em quatro pilares: proibição, contrabando, corrupção de agentes públicos e comercialização digital”, explica o professor Leandro Piquet, coordenador da Escola de Segurança Multidimensional da Universidade de São Paulo (ESEM-USP). “Uma particularidade desse mercado é que o varejo é dominado pelo comércio intenso pela internet, é um produto proibido que pode ser comprado facilmente pelos canais digitais”.

Segundo os pesquisadores, o crescimento contínuo do consumo, mesmo diante da ilegalidade, levanta questões sobre a eficácia das políticas atuais e se a regulamentação, com a devida tributação, poderia ser uma solução mais viável para combater tanto o mercado ilegal quanto os problemas de segurança pública associados a ele. 

A venda e publicidade de dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs) é proibida no país desde 2009 pela Anvisa, que em abril deste ano reforçou e expandiu a proibição para a fabricação e transporte dos produtos.

“Redes criminosas nacionais e transnacionais, organizadas ou não, estão suprindo o lado da oferta de forma eficiente e eficaz, praticando preços condizentes com o mercado brasileiro e canalizando recursos econômicos para outras atividades criminosas, como corrupção de agentes públicos, tráfico de armas, tráfico de drogas, entre outros”, explica o professor Leandro Piquet, coordenador da ESEM-USP.

O estudo foi patrocinado pelo PMI IMPACT, que tem como propósito fortalecer iniciativas de combate ao comércio ilegal. No Brasil, a iniciativa apoia a ESEM/IRI-USP, que capacita forças de segurança de toda a América Latina para enfrentar o crime organizado e o contrabando.

Workshop Fronteiras do Crime

O professor do Instituto de Relações Internacionais e coordenador da Escola de Segurança Multidimensional da Universidade de São Paulo (USP), Leandro Piquet Carneiro, foi o moderador dos debates. O primeiro painel teve como tema “Impactos do Crime Organizado sobre as atividades econômicas legais”. O segundo painel foi “Regulação de mercados e seus impactos sobre o crime organizado (Estudos de Caso)”, que apresentou a pesquisa completa sobre o mercado ilegal de cigarros eletrônicos, que inclui dados nacionais e recortes de mais cinco estados além do Rio Grande do Sul: Paraná, São Paulo, Bahia, Pernambuco e Mato Grosso do Sul.