Indicador de Inadimplência CDL POA : Março/24 encerra com mais de 200 mil CNPJ’s gaúchos negativados, aumento da carga tributária deve agravar cenário

.| Sortimento Notícias – Indicador de Inadimplência CDL POA |. Entidade alerta que reforço da arrecadação de ICMS tende a impactar desfavoravelmente na dinâmica dos indicadores de inadimplência. Total estimado de CNPJ’s com negativação alcançou 206,6 mil em março,16,6 mil a mais do que no mesmo período de 2023

Os percentuais de pessoas jurídicas com limitação em crédito, cheque, protesto ou ação judicial apresentaram crescimento em março segundo a base de informações restritivas da Equifax / Boa Vista. Na comparação com fevereiro, o Rio Grande do Sul registrou incremento +0,27 ponto percentual (de 14,45% para 14,72%), enquanto, em Porto Alegre, a majoração somou +0,18 ponto percentual (de 15,52% para 15,70%). Ambos os índices quebraram o recorde da série histórica iniciada em junho de 2022. Se utilizarmos as estatísticas do Mapa das Empresas, o total estimado de CNPJ’s com negativação em termos absolutos alcança 206.653 para o RS e 35.489 para POA.

Também em março, o percentual de adultos com restrição em crédito, cheque ou protesto continuou elevado. No período, os índices totalizaram 32,29% para o Rio Grande do Sul (pico desde o começo do levantamento, em fevereiro de 2022) e 34,18% para Porto Alegre. Na comparação com fevereiro, houve variação de 0,06 ponto percentual para o RS e de -0,10 ponto percentual para a Capital. A estimativa da quantidade absoluta de negativados no banco de dados da Equifax / Boa Vista é de 2,769 milhões no primeiro caso e de 367,4 mil no segundo.

Ao todo, 182,67 mil CPF’s gaúchos ingressaram na base nos últimos 12 meses, sendo 13,1 mil provenientes de POA. De acordo com o economista-chefe da CDL POA, Oscar Frank, o período foi marcado pela sustentação da Taxa Selic em patamares elevados para conter a inflação, o que atua para encarecer as despesas financeiras.

Inadimplência de Pessoas Jurídicas: impactos e perspectivas para o futuro

Os preços ao produtor seguem comportados. De acordo com a Fundação Getúlio Vargas, a inflação no atacado exibiu queda no acumulado dos últimos 12 meses até março (-7,0%). No entanto, permanecem como pontos de atenção os desdobramentos do conflito entre Israel e Hamas sobre os fretes marítimos e o encarecimento do barril de petróleo, fruto da procura global e da sustentação do corte de oferta pela OPEP+.

No que se refere ao cenário estadual, as medidas avaliadas pelo governo para reforçar a arrecadação de ICMS tendem a impactar desfavoravelmente na dinâmica dos indicadores de inadimplência. A carga tributária, conforme sondagem da Fiergs junto a representantes da indústria, foi o segundo problema mais importante enfrentado pelo setor no quarto trimestre de 2023, apenas atrás da demanda interna insuficiente. O aumento desse custo pode inviabilizar negócios no território gaúcho, provocando o encerramento das atividades ou suas transferências para outras Unidades da Federação.

Avaliação para a inadimplência de Pessoas Físicas

O economista-chefe da CDL POA, Oscar Frank, aponta que as estatísticas relativas ao nível de atividade e ao emprego no Brasil e no Rio Grande do Sul têm sido positivas na arrancada de 2024: “Além dos vetores benignos conhecidos, como a desaceleração do IPCA, o mercado de trabalho sólido e os impulsos fiscais (valorização do salário mínimo, transferências sociais, correção do limite de isenção do IRPF, entre outros), existe uma questão especialmente importante no momento, que diz respeito ao pagamento de precatórios – débitos do poder público para os quais não cabe contestação judicial. Logo, é possível que a parcela da população contemplada pela antecipação dos recursos (cerca de R＄ 30 bilhões) corresponda a uma fatia pequena dos CPF’s com restrição, o que ajuda a entender o porquê de nossos indicadores não estarem reagindo”.

O economista ressalta que a política monetária opera com defasagem sobre a economia real. Portanto, os efeitos do ciclo de queda dos juros em curso são sentidos com atraso: “O início do movimento de baixa, em agosto de 2023, ainda não produziu impacto pleno sobre a inadimplência. Recentemente, o Copom reconheceu que a incerteza no âmbito internacional subiu e manifestou preocupação com a resiliência dos preços do setor terciário no território nacional, o que deve abrandar para -0,25 ponto percentual o ritmo dos cortes da Taxa Selic a partir de junho”.

Por fim, o governo federal prorrogou mais uma vez o “Desenrola Brasil”, estendendo as renegociações para a Faixa 1 de 31 de março para 20 de maio. De acordo com o Ministério da Fazenda, 14 milhões de pessoas foram beneficiadas, lembrando que o montante inclui a retirada automática das inscrições das dívidas bancárias até R＄ 100 junto aos birôs. Conforme alerta emitido no passado em oportunidades anteriores, o prolongamento das condições facilitadas pode gerar um comportamento excessivamente inclinado ao risco por parte dos consumidores, resultando em problemas.