Notícias enchente no Rio Grande do Sul : boletim das 8h de 15 de maio

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Notícias enchente no Rio Grande do Sul : boletim das 8h de 15 de maio


Sortimento Notícias enchente em Porto Alegre – Sortimento Notícias da enchente no Rio Grande do Sul


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Recursos

No dia 4 de maio, quando a água do Guaíba já tinha invadido o Centro Histórico e outras áreas da capital, o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), se queixou publicamente da demora para liberação de recursos federais: “Sempre que existe uma crise no Brasil, o presidente anuncia muita coisa e chega muito pouco nas cidades”.

No entanto, os recursos da Defesa Civil Nacional precisam ser solicitados pelas prefeituras – o que Melo fez apenas no dia 10, segundo informações obtidas com exclusividade pela Matinal. A reportagem teve acesso à lista dos municípios gaúchos que pediram valores para ajuda imediata da União. Foram, até a terça (14/5), 227 pedidos (algumas cidades fizeram mais de uma solicitação), totalizando R$ 339,1 milhões de reais.

Canoas, que teve 11 bairros evacuados pelas águas, fez a maior requisição, de R$ 53,9 milhões, na última sexta-feira (10). Porto Alegre fez três pedidos, de R$ 16 milhões, R$ 10,5 milhões e R$ 6,4 milhões, também na última sexta. Guaíba realizou, na quarta passada, uma solicitação de R$ 20,3 milhões, e Eldorado do Sul, cidade que teve de ser totalmente evacuada, requereu R$ 14,8 milhões.


Guaíba sobe menos do que no início do mês, mas força evacuação no Lami

O nível do Guaíba não chegou a bater a marca que havia alcançado no início do mês, chegando a um pico de 5,25m ontem e recuando a 5,20cm às 7h15min de hoje. A tendência é de queda – ainda que a perspectiva de cheia duradoura permaneça, segundo análise da MetSul.

A acelerada elevação de segunda-feira, porém, forçou moradores do Lami a evacuarem rapidamente a região da orla do bairro no final do dia. Por lá, o Guaíba invadiu diversas casas. Mais de 300 pessoas deixaram suas residências. Passado o pior, equipes da Defesa Civil permaneceram no local, monitorando a situação e prestando o apoio.


Vice-prefeito é apresentador da Brasil Paralelo, produtora que nega crise climática

A vice-prefeitura de Porto Alegre está nas mãos de um dos primeiros participantes, professor e apresentador da Brasil Paralelo, uma das maiores produtoras de conteúdo desinformativo do país, inclusive sobre emergências climáticas – um dos documentários da produtora, Cortina de Fumaça (2021), nega o crescente desmatamento durante o governo Bolsonaro e aponta reivindicações de ONGs e indígenas como parte de uma conspiração global.

Reportagem da Agência Pública, reproduzida no site da Matinal, mostra os laços de Ricardo Gomes, vice de Sebastião Melo (MDB), com a produtora. Segundo a matéria, o maior gasto da campanha de Gomes na campanha de 2020 foi com a própria Brasil Paralelo. Entre as referências da BP está o guru bolsonarista Olavo de Carvalho, conhecido negacionista climático.


Pimenta será ministro extraordinário no RS

O atual ministro da Secretaria da Comunicação, Paulo Pimenta, será nomeado ministro extraordinário de apoio à reconstrução do Rio Grande do Sul. O anúncio será feito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante sua terceira viagem ao estado desde o início das enchentes – ocasião em que ele deve anunciar também um novo pacote de medidas, incluindo auxílio financeiro a famílias atingidas enchentes.

Conforme a Folha, a ideia é que Pimenta se encarregue de monitorar e coordenar as ações federais para o estado. Ainda no âmbito federal, foi lançado um portal que concentra informações, serviços e notícias referentes ao apoio prestado ao RS.


Fiergs prevê “década perdida” para o estado

As enchentes impactaram 94,3% da atividade econômica do RS, de acordo com a Fiergs. Empresas enfrentam destruição de instalações, perda de estoque e dificuldades logísticas, o que ameaça a continuidade de negócios. Com 446 municípios atingidos pelo desastre, incluindo os principais polos industriais do RS, a Fiergs estima uma década perdida para a economia gaúcha.

A antecipação de férias e a terceirização temporária são algumas medidas adotadas para mitigar os prejuízos, mas será preciso mais que isso. A federação pede a suspensão de impostos e linhas de crédito a fundo perdido. Em meio à crise, o governador Eduardo Leite (PSDB) decidiu revogar o decreto que aumentou o ICMS de alimentos da cesta básica. O estado também disponibilizou a empresas um formulário de perdas para mensurar prejuízos decorrentes dos eventos climáticos.


Pegou mal

Em entrevista a Band News, Leite agradeceu a solidariedade dos brasileiros, mas disse que o excesso de “doações físicas” às vítimas das enchentes estaria prejudicando o reerguimento do comércio local. “Não quero, pelo amor de deus, ser entendido como alguém que está desprezando isso, pelo contrário, muito bem recebido. Mas isso gera preocupação para nós sobre os impactos para o comércio local do Rio Grande do Sul”, disse, e sugeriu caminhos para que pessoas de outros estados ajudem o comércio local. Nas redes sociais, a fala não foi bem recebida.


Relatório reúne dados sobre impacto das enchentes na cultura

Foi publicado ontem um relatório com dados sobre os impactos da atual crise climática no setor cultural do RS. As informações foram coletadas em mais de 1.300 respostas a um questionário veiculado aqui na Matinal na semana passada. O documento será usado para compreender os impactos no setor cultural e guiar ações de apoio.

A iniciativa é uma parceria entre Voz Cultural, Festipoa Literária, Instituto de Cultura da PUCRS e Matinal. Apoiaram a iniciativa o Comitê Liberart RS, a Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa do RS e o Conselho Municipal de Cultura de Porto Alegre. Confira o relatório completo aqui.


500 toneladas ao RS

A onda de solidariedade com os gaúchos gravemente afetados pela cheia do Lago Guaíba foi reforçada com a ajuda da população e empresas de Jundiaí, cidade a 45 quilômetros da capital paulista. Entre colchões, ração animal, fraldas, alimentos, mantas e cobertores, até o momento as doações já totalizaram cerca de 500 toneladas, que já estão sendo levadas ao Rio Grande do Sul desde o dia 5 de maio.


Giro de Notícias

Subiu para 149 o número de mortes por conta das enchentes no Estado. O boletim da Defesa Civil ainda contabiliza 112 desaparecidos e 806 feridos; 2,1 milhões de pessoas foram afetadas.

Bancos multilaterais como NDB, CAF, BID e Banco Mundial anunciaram a destinação de recursos para o RS enfrentar a calamidade pública em virtude das fortes chuvas. Ao todo, o montante ultrapassa 15 bilhões de reais e será destinado ao apoio de pequenas e médias empresas, além da reconstrução da infraestrutura do estado.

Ex-presidente Dilma, hoje à frente do Banco dos Brics, anunciou que vai liberar R$ 5,7 bilhões em empréstimos ao Rio Grande do Sul para a reconstrução do estado.

A prefeitura de Canoas reiterou a necessidade de doação de alimentos não perecíveis e cestas básicas para ajudar as vítimas da enchente no município.

A Anac suspendeu a comercialização de passagens aéreas à capital gaúcha. Ao longo do dia de ontem, circulou a informação de que o aeroporto Salgado Filho pudesse ficar fechado até setembro, mas a Fraport não confirmou a previsão e disse que as operações seguem suspensas por tempo indeterminado.

A pouco menos de cinco meses das eleições municipais, a classe política vem discutindo nos bastidores a hipótese de adiar as eleições. O primeiro turno está marcado para 6 de outubro.

A limpeza da cidade deve iniciar nos próximos dias. Serão cerca de 500 pessoas divididas em 20 equipes. Por enquanto, grupos estão executando operações pontuais, como a retirada de 25 toneladas de lodo na Padre Cacique.

Em 2013, a empresa da família do prefeito de Eldorado do Sul, Ernani Gonçalves (PDT), realizou uma obra irregular de aterramento na APA (área de proteção ambiental) do Delta do Jacuí. A ação resultou em danos ambientais e gerou uma ação do Ministério Público do RS. A cidade teve de ser totalmente evacuada na atual enchente.

Também afetada pelas inundações em Porto Alegre, a editora gaúcha L&PM teve seu depósito alagado. Segundo o diretor e fundador Ivan Pinheiro Machado, a perda inicial pode ter sido de 30 a 40 mil volumes.

O ICL Notícias mostrou que a rede de lojas Colombo está sendo investigada por pressionar funcionários a voltarem ao trabalho, mesmo que tenham sido afetados pela tragédia que o estado enfrenta.

Uma cooperação entre MPRS e MPRJ resultou na criação de um canal de comunicação para receber informações de pessoas desaparecidas no contexto das enchentes no RS. As informações podem ser encaminhadas para o e-mail desaparecidos@mprs.mp.br ou então pelo disque 100.

A emergência climática também atingiu os países vizinhos: nesta semana, o Sistema Nacional de Emergência do Uruguai apresentou um relatório mostrando que cerca de 3 mil pessoas foram deslocadas em 9 dos 19 departamentos do país, devido às enchentes.


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Prefeitura de Porto Alegre, gestão Sebastião Melo (MDB ) liberou construções na Orla do Guaíba e no Parque Harmonia que interferiram no meio ambiente com retirada de árvores e uso de área com objetivo de aumentar receita através de concessões.

É um combo dos gestores públicos com a conivência dos vereadores da base aliada ao Paço com o desleixo das casas de bombas, com a falta de manutenção do sistema de proteção da cidade e o sucateamento do DMAE

Tanto o município e o Estado do Rio Grande do Sul, através da gestão de Eduardo Leite e base governista na Assembleia Legislativa desconsideram o meio ambiente inclusive aprovando Projeto de Lei que revogada 480 normas de proteção ambiental.

Não é só uma catástrofe climática. É uma catástrofe de gestão pública do executivo e legislativo que desconsiderou avisos, a ciência e os estudos ambientais em prol de governança voltada para atender os desejos, necessidades, interesses e ganância de grupos.