Notícias enchente no Rio Grande do Sul : 0,009% da LDO para a Defesa Civil, cidades temporárias e contratos com empresas de fora do estado

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Notícias enchente no Rio Grande do Sul : 0,009% da LDO para a Defesa Civil, cidades temporárias e contratos com empresas de fora do estado

Governo estadual reservou apenas 0,009% da receita prevista na Lei de Diretrizes Orçamentárias para a Defesa Civil – mesmo após estiagens, enchentes e ciclones recorrentes no estado ao longo dos últimos anos. Também destaca a instalação de uma bomba de drenagem no bairro Sarandi – que ainda sofre com as inundações –, o trabalho de voluntários nos abrigos de Porto Alegre, a proposta de criar “cidades temporárias” para os acolhidos das enchentes, a contratação de consultorias internacionais pelo governo estadual e a cobrança de uma articulação indigenista ao poder público, entre outras notícias da enchente.


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Leite reservou 0,009% do orçamento para a Defesa Civil em 2024

O Rio Grande do Sul se tornou o epicentro da crise climática no Brasil. Amargou perdas bilionárias com três estiagens que dizimaram lavouras entre 2020 e 2023. Desde junho do ano passado, enfrentou quatro ciclones – um deles considerado um evento sem precedentes pela ONU – e enchentes históricas.

Mesmo diante desse cenário, o governo estadual reservou, para 2024, 7,6 milhões de reais em recursos para a Defesa Civil na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), montante que equivale a 0,009% da receita total do estado prevista na LDO. Vale lembrar que o orçamento foi aprovado pela Assembleia Legislativa, em novembro de 2023.

Por força de lei, cabe à Defesa Civil desenvolver ações de prevenção, assim como identificar e avaliar ameaças. Para o porta-voz de Justiça Climática do Greenpeace Brasil, Rodrigo Jesus, é essencial agir em prevenção: “Não podemos pensar somente em realocação, auxílio emergencial e reconstrução como única e possível solução perante a intensificação de eventos climáticos extremos”.


Estado contratará empresa para montar “cidades temporárias” voltadas aos desabrigados

Na sexta-feira, o vice-governador Gabriel Souza (MDB), anunciado como coordenador das ações emergências no RS, detalhou o plano de “cidades temporárias” do governo estadual. A montagem das estruturas deve durar até 20 dias após a contratação de uma empresa que será responsável pela montagem nas cidades de Canoas, Guaíba, Porto Alegre e São Leopoldo, que concentram 65% da população desabrigada.

As áreas de instalação estão sendo avaliadas em conjunto com os municípios. Segundo a proposta, os alojamentos estarão próximos de serviços de saúde e educação e vão oferecer dormitórios, cozinhas e banheiros, entre outros ambientes.

O estado também planeja medidas como aluguel social, unidades definitivas e módulos habitacionais transportáveis, bem como abrigos temporários com apoio de organizações internacionais. Enquanto isso, pesquisadores ressaltam aspectos a serem contemplados para não isolar os abrigados aos moldes de um campos de refugiados e criticam a falta de debate com movimentos de moradia.


Três consultorias internacionais vão colaborar com o governo estadual nos trabalhos de reconstrução

O Governador Eduardo L falou que as doações estavam prejudicando o comércio local e quase que pediu para os brasileiros não enviarem donativos, indicando ao gaúcho, já impactado, para gastar o que já não tem no comércio. Mas, quando usou dinheiro para comprar cobertores, comprou de empresas de fora do Estado. A fala fica mais infeliz ao seguir o exemplo da prefeitura de Porto Alegre. O governo do RS também assinou “contrato sem ônus” com a empresa Alvarez & Marsal (A&M) para analisar, ao longo de 30 dias, o impacto das enchentes no estado. Há previsão de acordos com outras duas consultorias internacionais.

A EY identificará possíveis fontes de recursos junto a instituições públicas, privadas e multilaterais, enquanto a McKinsey – que já é parceira do estado – deve atuar na última etapa do Plano Rio Grande. Na sexta, o governador Eduardo Leite anunciou a criação da Secretaria da Reconstrução Gaúcha, dois dias após o governo federal ter criado o Ministério Extraordinário de Apoio à Reconstrução do RS.

A nova pasta terá à frente Pedro Capeluppi, um ex-assessor de Paulo Guedes que estava à frente da Secretaria de Parcerias e que, entre outros projetos, elaborou o edital de concessão do Cais Mauá. Na semana passada, reportagem da Matinal abordou o plano de 100 dias da A&M para Porto Alegre, que extrapola o período gratuito anunciado pela prefeitura.


Nível da Lagoa dos Patos em Pelotas recua

O nível da Lagoa dos Patos registrado em Pelotas, na região Sul, recuou cinco centímetros entre as 17h e 18h de domingo (20/05). O Laboratório HidroSens, da UFPel, também registrou no mesmo intervalo a baixa de um centímetro no canal São Gonçalo, que liga a Lagoa dos Patos e Mirim.

Nos últimos dias, a conexão entre ambas aumentou devido ao alto volume de água. Contudo, a prefeita Paula Mascarenhas (PSDB) alertou para a segunda leva de água vinda do Guaíba e para previsão de, pelo menos, 50 milímetros de chuva. Em São Lourenço do Sul, a Lagoa dos Patos registrou elevação de oito centímetros na manhã de ontem. Já em Rio Grande, a laguna mantém os níveis em oscilação, mesmo registrando recuo de seis centímetros entre sábado e domingo.


Comunidades quilombolas e indígenas cobram atuação do poder público

“O poder público não tem a estrutura suficiente para atender em todas as pontas”, disse o governador Eduardo Leite (PSDB) em entrevista à GloboNews na sexta-feira (17). O tucano foi questionado sobre as reclamações de moradores do bairro Sarandi, em Porto Alegre.

Na região, está localizado o Quilombo dos Machado, que foi severamente atingido pelas enchentes e tem sobrevivido com a ajuda da própria comunidade, conforme mostra reportagem da Agência Pública. O Rio Grande do Sul conta com 6,8 mil famílias quilombolas e todas foram afetadas pelas enchentes. Das cerca de 170 comunidades formadas por remanescentes de escravizados no estado, 15 estavam completamente isoladas, segundo reportou a Agência Brasil.

Comunidades indígenas também cobram mais atuação do poder público. Um documento assinado por mais de 20 instituições informa que uma rede de diversos atores vem prestando apoio direto aos povos indígenas e alerta para a limitação dos recursos humanos e financeiros das ações.


Dmae instala bomba de sucção no Sarandi; manifesto sugere uso de mergulhadores para drenar estações

O Dmae instalou no domingo, no Sarandi, a primeira de 18 bombas de sucção flutuantes – cada uma capaz de drenar cerca de 2 mil litros de água por segundo – que serão emprestadas pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) ao RS. Moradores do bairro monitoram o nível da água e a segurança das casas. No início da semana, um grupo de 48 profissionais de diferentes áreas – engenharia, hidrologia, planejamento urbano e geologia – assinou manifesto sobre o sistema de proteção contra enchentes de Porto Alegre. O texto aponta medidas emergenciais para reduzir a mancha de inundação na capital, como acionar mergulhadores para consertar comportas e retomar o funcionamento de todas as estações de bombeamento de água pluvial (EBAPs)


Com atraso, prefeitura oferece apoio a abrigos, mas organização ainda é liderada por voluntários

São mais de 12,7 mil desabrigados em Porto Alegre. A maioria dos locais de acolhimento foram criados por iniciativa das comunidades. Ao longo dos trabalhos, parte desses espaços passaram a contar com apoio do município, como vacinação, isenção de tarifa de água e câmeras de segurança. Nos primeiros dias da tragédia na capital houve evacuação de dois endereços de referência operados pelo município, enquanto heróis anônimos garantiam cama, comida e banho para centenas de sobreviventes. Por outro lado, a eficácia do voluntariado abriu brecha para narrativas falsas sobre a suposta ausência total do estado. Na sexta-feira, a prefeitura abriu um abrigo exclusivo para idosos na cidade, que já contava com espaços de acolhimento apenas para crianças e mulheres.


Porto Alegre chega a seis óbitos por conta das chuvas

O número de mortes causadas pela enchente em Porto Alegre subiu para seis, de acordo com o balanço da Defesa Civil atualizado no fim da tarde de ontem. A capital também registra dez pessoas desaparecidas. Em todo o estado, o órgão contabiliza 157 óbitos, 88 desaparecidos e 806 feridos por conta das chuvas, que causaram algum tipo de dano em 463 municípios do RS. O número de pessoas em abrigos estava em 76.955 mil ontem, com 581.633 desalojados.


População pode enviar sugestões ao Plano de Ação Climática da capital

A prefeitura de Porto Alegre recebe até quarta-feira (22) sugestões dos cidadãos para estruturar novas medidas atenuantes aos efeitos das mudanças climáticas na capital. As contribuições poderão ser agregadas no Plano de Ação Climática, que, entre suas seções, analisa riscos e vulnerabilidade climática, com a premissa da prevenção.

O documento visa identificar e estabelecer medidas prioritárias concretas de redução de emissões de gases de efeito estufa, de mitigação e de adaptação. A geógrafa e doutora em planejamento urbano e regional Lucimar Siqueira ressalta a importância interdisciplinar e da participação social no debate e construção do plano, a fim de criar políticas públicas factíveis e aplicáveis relacionadas à questão ambiental.


Doação de livros

A Biblioteca do Goethe-Institut e o Banco de Livros lançaram uma campanha de arrecadação de livros que serão distribuídas em abrigos, bibliotecas escolares e salas de leitura atingidas pela enchente. Os exemplares podem ser novos ou usados, desde que em bom estado. Para os abrigos, há preferência por livros infantojuvenis, de pintura e desenho e com fonte grande.

As doações podem ser feitas na sede do Goethe (24 de Outubro, 112) de segunda a sexta, das 10h às 18h, ou no Banco de Livros (Francisco Silveira Bitencourt, 1928), de segunda a sexta, das 8h30 às 12h e das 13h às 17h.


Giro de Notícias

Dois ônibus foram incendiados ontem à noite na esquina entre as avenidas João Pessoa e Princesa Isabel, no bairro Azenha. Ninguém se feriu. Ainda não há informações sobre o que motivou o ato.

O Movimento ATUAPOA acionou MP e MPC por falta de transparência na contratação da Alvarez & Marsal pela Prefeitura.

O fim de semana foi de limpeza e avaliação das perdas em ruas de bairros como Centro Histórico, Cidade Baixa e Menino Deus, onde as águas estão recuando. Em meio aos entulhos, críticas ao prefeito Melo.

Em meio às faxinas na cidade, mais escolas da rede municipal voltam à atividade hoje, assim como a Câmara de Vereadores, que retoma suas sessões.

Os abrigos da capital têm reduzido sua ocupação, à medida que parte das vítimas retornam às suas casas, transferem-se para lares de familiares ou até alugam imóveis.

A estação de bombeamento Moinhos de Vento voltou a operar com sua capacidade plena na noite de domingo. A expectativa era normalizar o abastecimento até a manhã de hoje.

Uma plataforma foi criada para ajudar tutores que perderam seus pets, e a polícia investiga as mortes de animais em duas lojas da rede Cobasi. Na do Praia de Belas, nenhum animal sobreviveu.

Enquanto o Salgado Filho segue fechado e sem previsão de retomar os serviços, a Anac liberou a abertura da base aérea militar de Canoas para operação aérea civil.

Em sua coluna, Nando Gross escreve sobre a negligência das autoridades públicas em lidar com eventos climáticos extremos: “Em vez de agir proativamente para mitigar os impactos desses desastres, parece que as autoridades estão apenas reagindo quando a tragédia já ocorreu”.

Cerca de 28% das escolas estaduais do RS não cretomarão as atividades hoje. Com isso, aproximadamente 194 mil estudantes ficam sem aula por tempo indeterminado.

O RS tem 190 mil pontos sem energia. Em Porto Alegre e região metropolitana, são aproximadamente 113 mil pessoas atingidas.

Sete mil famílias gaúchas atingidas pela enchente receberam 2,5 mil reais por meio do programa Volta por Cima, do governo estadual. Até 24 de maio, espera-se que outras 40 mil famílias recebam os recursos.

Na zona sul do estado, em Pelotas, o escoamento das águas em um condomínio de luxo impactou um bairro de pessoas em vulnerabilidade social, e o caso foi parar na justiça.

Reportagem do Sul21 mapeou a atuação das maiores empresas do estado no auxílio às vítimas das enchentes.

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse que governo iniciará estudos para construção de um canal de 20 quilômetros entre a lagoa e o oceano, o que facilitaria o escoamento de cheias – especialistas criticam os impactos ambientais da proposta.


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Prefeitura de Porto Alegre, gestão Sebastião Melo (MDB ) liberou construções na Orla do Guaíba e no Parque Harmonia que interferiram no meio ambiente com retirada de árvores e uso de área com objetivo de aumentar receita através de concessões.

É um combo dos gestores públicos com a conivência dos vereadores da base aliada ao Paço com o desleixo das casas de bombas, com a falta de manutenção do sistema de proteção da cidade e o sucateamento do DMAE com intuito de privatização.

Tanto o município e o Estado do Rio Grande do Sul, através da gestão de Eduardo Leite e base governista na Assembleia Legislativa desconsideram o meio ambiente inclusive aprovando Projeto de Lei que revogada 480 normas de proteção ambiental.

Não é só uma catástrofe climática. É uma catástrofe de gestão pública do executivo e legislativo que desconsiderou avisos, a ciência e os estudos ambientais em prol de governança voltada para atender os desejos, necessidades, interesses e ganância de grupos.


Governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB) também defendeu a derrubada do muro da Mauá no Cais do Porto

Construções, negócios, investimentos voltados para gerar receitas através de concessões

Priorizar a segurança da cidade não estava nos planos.

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