Panorama da Federação Varejista do RS : comércio lidera retomada consistente na economia gaúcha pós-catástrofe

Panorama da Federação Varejista do RS : comércio lidera retomada consistente na economia gaúcha pós-catástrofe

Levantamento Panorama do Comércio RS de setembro/24, organizado pela Federação Varejista do RS, avaliou os dados da economia do Rio Grande do Sul em julho (dois meses após a enchente), e concluiu que o comércio gaúcho lidera a retomada consistente da economia do Estado.

Setores do varejo como o de materiais para escritórios (20,2%), móveis e eletrodomésticos (12,1%) e materiais de construção (4%), que indicam justamente a reconstrução das cidades gaúchas, apresentaram variações percentuais maiores do que no mês anterior, quando foi percebida a reação no varejo.

No acumulado do ano, o comércio varejista do Rio Grande do Sul até julho apresentou alta de 7,7% em relação ao mesmo período do ano passado. E no varejo ampliado, que considera os setores específicos do comércio, a alta acumulada é de 7,3%. Em ambas as avaliações, o crescimento gaúcho é superior ao nacional.
 

Em julho, setores de hipermercados e supermercados (13,4%) e de atacadistas de alimentação e bebidas (12,5%), que vêm mantendo variações percentuais elevadas desde o início do ano no Rio Grande do Sul, em julho, chegaram ao dobro da variação percentual do Brasil. Merece destaque neste mês do Panorama também a entrada dos artigos médicos e farmacêuticos (10,7%) entre os principais itens de consumo dos gaúchos.
 

A consistência desta recuperação puxada pelo comércio e o consumo dos gaúchos se mostra com uma tendência sustentável. Em agosto, a inflação em Porto Alegre se mostrou mais moderada do que no Brasil, com o IPCA de 2,46% e de 2.85% respectivamente. Pesam mais nas contas dos gaúchos alimentação e bebidas, além de transportes, na casa dos 21% do índice, habitação segue com valor considerável no orçamento, pesando 14% na formação do índice, seguido de saúde e cuidados pessoais, com 13%. A inadimplência no Rio Grande do Sul recuou 6,53%, enquanto na Região Sul o recuo foi de 4,91% e no Brasil, de 1,17%.

Otimismo

Pela primeira vez desde a tragédia de maio, o mercado de trabalho gaúcho fechou o mês de julho com saldo positivo, consolidando tendência observada em junho, mas à época, ainda com saldo negativo. Desta vez, o saldo geral de empregos, conforme o Caged, chegou a 10.413 vagas em julho. Considerando somente o comércio, o saldo foi de 2.461 vagas. Enquanto em junho o setor havia contratado 28,5 mil pessoas, em julho, foram 33,7 mil admissões, ou 18,2% a mais.

“Os indicadores que nós temos no momento mostram que estamos em um cenário de ascendência. Nossa prospecção para o segundo semestre e, principalmente, para o final do ano, é positiva no que tange atividade econômica, e os números positivos de emprego refletem isso porque são indicadores de uma economia mais robusta, em movimento. Temos até uma expectativa promissora para o final de ano, com crescimento talvez acima da média nacional”, pondera o presidente da Federação Varejista, Ivonei Pioner.
 

A consistência na recuperação econômica do Rio Grande do Sul, no entanto, ainda exige atenção e aumento da necessidade de ações de incentivo no pós-catástrofe para acelerar o setor de serviços, que seguiu em baixa de-6,2% em julho, enquanto no Brasil houve alta de 1,8%. Na indústria, há maior estabilidade, com variação levemente positiva de 0,4% no Estado e de 3,2% no Brasil.

Inadimplência

Embora otimista com a situação e também com a movimentação em torno do Dia das Crianças, data que deve representar 7% de crescimento em relação ao ano passado, principalmente a partir da busca por brinquedos e eletrônicos, Pioner faz uma ressalva quanto o aumento na inadimplência. “Estamos preocupados com o aumento do endividamento e a perda do poder de consumo das famílias devido ao emprego de grandes quantias de dinheiro no mercado de jogos de azar e de apostas online”, diz Pioner.
 

De acordo com a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), atualmente há mais de 67 milhões de consumidores brasileiros nos cadastros de devedores.

No Rio Grande do Sul, conforme o Panorama, o número de inadimplentes no mês de agosto foi 6,53% inferior se comparado ao mesmo período do ano passado. A queda foi maior do que a média da região Sul (-4,91%) e também maior que a média nacional (-1,17%). O tempo médio de atraso dos devedores no estado é de 27,2 meses, e cada consumidor inadimplente gaúcho devia, em média, R$ 4.275,87 em dívidas em agosto.