Transporte público : Tarifa Zero alcança todos os distritos da cidade de Maricá
Agora, quem quiser se deslocar de Itaipuaçu a Ponta Negra vai poder utilizar o transporte público gratuito em qualquer ponto da cidade. Com o fim, em 2020 do contrato de concessão de uma empresa privada que opera na cidade, a frota da Empresa Pública de Transportes (EPT) garante o direito de atender todos os bairros e moradores da cidade.
Com a implantação da EPT, Maricá é a terceira cidade no estado (as outras são Porto Real e Silva Jardim) e a primeira com mais de 100 mil habitantes a oferecer a tarifa zero. A iniciativa, integralmente custeada pela Prefeitura, é considerada um marco histórico no combate ao monopólio que há 40 anos controla os transportes públicos no município contra todos os interesses da coletividade. As quatro primeiras linhas saem do Recanto para Ponta Negra e vice-versa (via Manoel Ribeiro e Cordeirinho) e funcionarão 24 horas, inclusive nos finais de semana.
Dez veículos – equipados com ar condicionado, sensores de portas (somente trafegam com as portas fechadas) e elevadores para deficientes físicos – circularão com intervalos de 20 minutos, das 5h às 22h. No período de menor movimento (22h às 5h), os ônibus funcionarão com intervalos de uma hora. Os pontos de partida serão na Rua Barão de Macaúba, em frente à Escola Municipal João Monteiro, no Recanto, e na Praça de Ponta Negra (Rua São Pedro Apóstolo). Outros três ônibus funcionarão como reserva e quatro encontram-se ainda em linha de montagem no fabricante. Um reboque também foi adquirido e está disponível para utilização. O investimento do município até o momento foi de R$ 4,8 milhões.
A EPT conta com uma frota que inclui 52 ônibus e um caminhão reboque. Uma quantidade considerada compatível com as dimensões do município, que tem 362 km2 de área (onde cabem Niterói e São Gonçalo juntas).
As linhas municipais – Recanto x Ponta Negra (Via Cordeirinho), Recanto x Ponta Negra (Via Manoel Ribeiro), Ponta Negra x Recanto (Via Cordeirinho) e Ponta Negra x Recanto (Via Manoel Ribeiro) – passarão pelos terminais rodoviários do Centro e de Itaipuaçu e atenderão também as principais escolas e unidades de saúde do município, inclusive nos bairros que até então não eram atendidos pelas empresas, como o Retiro.
O controle de passageiros nos veículos será feito por catracas instaladas na parte dianteira (os passageiros entrarão pela porta dianteira e sairão pela porta traseira). Todos os veículos possuem portas centrais com elevadores, exclusivos para embarque e desembarque de cadeirantes. A capacidade máxima dos coletivos é de 46 passageiros sentados e 28 em pé.
“A concessão da empresa encerrou-se em outubro. Foi feito um termo aditivo até abril, que era o prazo que a EPT tinha para fechar o processo licitatório. A licitação com dois itens, o 3º e 4º distritos também já foi realizada e ganharam duas empresas”, explica o presidente da EPT, Celso Haddad, informando que no modelo adotado, a EPT gerencia o serviço de transporte gratuito, prestado por empresas contratadas. “A empresa Fiel fará o 3º distrito, em Inoã, e a Nossa Senhora do Amparo será a prestadora de serviço no 4º distrito, em Itaipuaçu. Ambas serão gerenciadas por nós”, completa.
“Existe uma previsão de que comecemos a operar nesses distritos no fim de fevereiro, início de março. A perspectiva é a de que o número de deslocamentos de pessoas passe dos atuais 21 mil por dia para mais de 50 mil por dia, cobrindo todo o município”, completa Haddad.
A perspectiva da empresa também segue a política de investir em tecnologia e sustentabilidade. A EPT, o Instituto de Ciência, Tecnologia e Inovação de Maricá (ICTIM) e a Secretaria de Desenvolvimento Econômico já deram o pontapé inicial para que o município avance nesta direção.
“Estamos desenvolvendo uma encomenda tecnológica para a produção de veículo ou veículos de energia limpa. Tem versões que são a hidrogênio, elétrico, de levitação sobre trilhos. Vamos buscar uma solução para a cidade que crie uma referência de transporte limpo em área urbana para o país”, esclarece o diretor-presidente do ICTIM, Celso Pansera.
Segundo ele, em dezembro de 2019 foi assinado um memorando de entendimento com a Coppe-UFRJ, através do Laboratório de Hidrogênio com o objetivo de levar o ônibus híbrido elétrico x hidrogênio ao município, bem como o ônibus urbano escolar elétrico, nos moldes exigidos pelo FNDE e do ônibus híbrido elétrico x etanol.
“Quando falamos de uma encomenda tecnológica, queremos comprar algo que podemos vender depois em escala. O recurso empenhado para essa produção inclui os royalties do petróleo, mas também os fundos que a prefeitura vai disponibilizar. Esse ano, a expectativa é de investirmos R$ 6 milhões nesse processo”, completa Pansera.
A definição segue a lógica da economia pós petróleo, em um planejamento de longo prazo destinado a dar sustentabilidade à cidade em qualquer situação. “Essa é mais uma iniciativa nossa na busca de royalties da tecnologia que vão substituir os royalties do petróleo. Então, esse produto vai ser incorporado à frota da EPT, mas não vai trabalhar apenas transportando os cidadãos. Será sustentável do ponto de vista ambiental, vai gerar receita para a cidade no futuro, já que vai servir também de vitrine, mostrando para as outras localidades que é possível e viável”, conclui Pansera.