Perspectivas para a taxa de juros, câmbio, PIB e risco fiscal para final de 2021 e ano de 2022

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Perspectivas para a taxa de juros, câmbio, PIB e risco fiscal para final de 2021 e ano de 2022

A inflação continua sendo o principal risco do cenário e especialista elevam novamente a projeção de IPCA para 8,6% em 2021, mas mantendo em 4,1% para 2022. O IPCA teve forte alta em setembro e a crise energética, agora global, ainda deve resultar em pressão nos preços dos combustíveis. A alta dos juros e a desaceleração econômica devem contribuir para a queda gradual da inflação em 2022, mas a convergência para a meta será apenas em 2023, quando projetamos IPCA de 3,1%.

Com a inflação alta, o aperto monetário segue ritmo de 1,00 p.p. e a Selic esperada para 2021 é de 8,25%. O cenário ainda é de incerteza, devido à recente alta do petróleo e o cambio que voltou para o patamar de R$5,50 e, caso as expectativas de inflação para 2022 continuem subindo, podemos ainda ter uma alta residual da Selic no começo do próximo ano.

Para o cambio, especialistas revisam o dólar de R$5,10 para R$5,30 em 2021 e R$5,20 em 2022. Apesar do melhor resultado das contas externas e da alta da Selic, o cambio tem pouco espaço para apreciação devido ao cenário ainda de incerteza fiscal e com a proximidade da retirada dos estímulos monetários nos EUA, que deve manter o dólar valorizado frente às demais moedas globais.

A projeção de crescimento do PIB em 5,1% para 2021 e 1,2% em 2022. O crescimento do PIB tende a desacelerar devido aos impactos da política monetária restritiva além dos com os gargalos de oferta nas cadeias produtivas e maior incerteza no cenário global, afetando a indústria.

O risco fiscal ainda é o principal fator que pode impactar o cenário em 2022, mas o cenário externo se torna também desafiador. Apesar do resultado fiscal melhor que o esperado em 2021, a ausência de reformas deixa pouco espaço para novos gastos fiscais em 2022 e a tramitação da PEC dos Precatórios e a proposta de aumento do Bolsa Família ainda trazem incertezas para âncora fiscal.

Inflação é o principal risco no cenário

Para os especialistas a expectativa para o IPCA de 8,1% para 8,6% em 2021 e em 4,1% para 2022. A persistência maior da inflação, com os sucessivos choques que se acumularam, devem resultar em inflação acima da meta também em 2022. O cenário global de redução de estímulos e desaceleração de crescimento tende a levar a uma acomodação das commodities e, a política monetária mais restritiva aqui no Brasil, também devem começar a surtir efeito, controlando as expectativas de inflação e permitindo a gradual convergência.

A abertura do setor de serviços ainda é um risco, mas até o momento, os reajustes de preços nesse setor seguem em linha com as expectativas, sem sinais de deterioração adicional.

Copom deve seguir com o plano de elevação da Selic até dezembro

A alta da Selic para 8,25% até dezembro é consenso no mercado, mas para 2022 o cenário ainda é incerto. Conforme reforçado pelo BC na última ata do Copom, o ritmo de alta da Selic deve seguir em 1,00 p.p. Portanto, teremos Selic de 7,25% após a reunião de outubro e 8,25% em dezembro.

Caso a expectativa de desaceleração da inflação se confirme nos próximos meses, acreditamos que a partir de fevereiro de 2022 pode não ser mais necessário novas altas da Selic. No entanto, o cenário ainda apresenta muitas incertezas com gargalos de oferta que ainda impactam preços industriais e a crise energética global que resultou em nova alta do petróleo. Caso as pressões inflacionárias sejam mais persistentes e resultem em novas revisões de alta da inflação esperada para 2022, o Copom pode efetuar uma elevação residual da Selic em fevereiro de 2022.

No nosso cenário base, com a convergência da inflação para a meta, ao final de 2022, o Banco Central poderá iniciar o ciclo de normalização da Selic, terminando 2022 em 7,5% e 6,5% em 2023.

Risco Fiscal

O resultado fiscal para 2022 ainda é um ponto de atenção. Apesar da expressiva melhora em 2021, devido ao maior crescimento da economia e também da inflação, o orçamento de 2022 segue indefinido e ainda vemos risco do aumento de gastos e novas flexibilizações do teto. A Pec dos Precatórios ainda está em análise no Congresso e a proposta de aumento do Bolsa Família ainda não foi definida. A percepção de risco continua elevada e pode reduzir ainda mais as expectativas de crescimento para 2022. As reformas estruturantes ainda são fundamentais para a reversão desse quadro no médio e longo prazo, reduzindo o premio
de risco e aumentando o potencial de crescimento da economia.

Riscos no Cenário Externo e Câmbio

A projeção para o dólar para R$5,30 em 2021 e R$5,20 em 2022. Além do risco fiscal, o cenário externo também impõe desafios.Com a inflação em alta em diversos países e expectativas de redução dos estímulos, a taxa de juros nos EUA deve seguir em tendência de alta, fortalecendo o dólar. O cenário de incerteza global também tem elevado a aversão a risco, o que adiciona pressão na nossa taxa de câmbio.

Fonte : Informações da economista-chefe do Banco Inter, Rafaela Vitória