Economia : concessão de crédito avança 3,1% em setembro/21

Sortimento Noticias -Sortimento Política - Sortimento Economia - sortimento.com.br

Sortimentos.com Economia

Concessão de crédito avança 3,1% em setembro

Apesar da moderação do crescimento em alguns setores, o volume de empréstimos segue batendo recordes. Entre as famílias, a concessão atingiu R$ 228,8 bilhões, com crescimento de 0,5% ante agosto. Essa alta foi puxada pelo aumento de 1,7% no crédito livre, enquanto o direcionado retraiu 4,7%. Já entre as empresas, a concessão somou R$ 201,5 bilhões, crescendo 6,3% no crédito livre e 8,5% no direcionado.

Financiamento imobiliário recua 1,2% no mês

Retração vem em linha com o aumento da taxa média de juros, que avançou de 6,9% em agosto para 7,2% em setembro. Na comparação interanual, o financiamento imobiliário avança 31,4%, mas expectativa é que o crescimento possa desacelerar nos próximos meses. No entanto, apesar de a alta da Selic pressionar a taxa final de alguns bancos, a Caixa reduziu o custo da linha atrelada à poupança, o que pode contribuir para manter os juros em nível mais baixo.

O crédito livre às pessoas físicas cresceu 1,7% no mês e 5,1% no trimestre. Apesar da retração recente no varejo, o segmento segue operando acima do nível pré-pandemia, enquanto o setor de serviços tem acelerado. Com o nível de oferta agregada tendo retornado à normalidade, combinado com uma massa salarial ainda defasada em cerca de 18,5%, o ajuste na demanda tem ocorrido via tomada de crédito. Em linha com esse movimento, a concessão de cartão de crédito alcançou R$ 137,8 bilhões em setembro, crescendo 1,5% na série com ajuste sazonal, o que pressiona os indicadores de endividamento das famílias.

Por outro lado, a queda da confiança do consumidor em setembro prejudica a concessão de algumas linhas de crédito. Dados da FGV mostram piora das expectativas com relação à situação da economia e com as finanças familiares, o que prejudica a intenção de compra de bens duráveis.

Dessa forma, a concessão de financiamentos para aquisição de veículos retraiu 5,0% no mês, registrando a terceira queda consecutiva. No curto prazo, a expectativa é de que consumidores sigam cautelosas com compras de maior valor agregado, ainda que o mercado de trabalho mantenha o ritmo de melhora.

Crédito às empresas teve alta generalizada em setembro

Entre os recursos livres, o principal crescimento veio do capital de giro de curto prazo, que avançou 20,6% ante agosto. Essa alta, por sua vez, está associada à baixa base de comparação, que refletiu a substituição da tomada de crédito pelos recursos do Pronampe. Outras linhas, como antecipação de duplicatas, financiamento à compra de insumos e ao comércio exterior também avançaram frente ao mês anterior. Por fim, o crédito direcionado também avançou, principalmente no financiamento do agronegócio com recursos do BNDES.

Juros aumentam refletindo custo de captação dos bancos

Com as sucessivas altas da Selic, o custo de captação do crédito às famílias aumentou em 0,8 p.p. em setembro. Os spreads, por outro lado, tiveram queda de 0,3 p.p., levando a um aumento do custo total de 0,5 p.p. no mês. Maiores altas se concentraram em linhas mais caras, como cheque especial e cartão de crédito. Já para as firmas, o custo de captação e os spreads aumentaram em 0,7 p.p. e 0,2 p.p., respectivamente. Com isso, a taxa média de juros teve elevação de 0,9 p.p., com destaque para o encarecimento de linhas de capital de giro de longo prazo e rotativo.

Inadimplência segue estável em 2,3%

Indicador segue bem abaixo do nível prépandemia para pessoas físicas e jurídicas. Esse fenômeno, no entanto, reflete as pausas nos pagamentos concedidas ao longo da pandemia.

Dessa forma, a normalização da cobrança de crédito, somada do aumento do custo entre as diversas linhas e a elevação do endividamento das famílias nos últimos meses, deve levar a uma alta marginal da inadimplência, embora não haja sinais de risco elevado para o sistema financeiro nos próximos meses.