Jair Bolsonaro um presidente em conflito: entrevista de Paulo Marinho

Folha de São Paulo

Jair Bolsonaro um presidente em conflito: entrevista de Paulo Marinho

Os confrontos diários, falas e posições polêmicas e uma família com muitas histórias são inspiração para filme, seriado ou novela. Pensando nisso, Gebbeg News, publica diariamente página exclusiva com o dia do presidente. As postagens intituladas de ‘Jair Bolsonaro : um presidente em conflito’ traz o tumultuado dia a dia do líder máximo da nação.

No capítulo de domingo (17.05.20) destaque para a entrevista do empresário Paulo Marinho, um dos coordenadores da campanha de Bolsonaro, à jornalista Monica Bergamo, da Folha, que diz : o ex-ministro Gustavo Bebbiano guardou nos EUA um telefone com suas conversas de mais de 1 ano com Jair Bolsonaro. Para lembrar, Bebbiano morreu.

A publicação da Folha também traz a informação que delegado da PF contou para Flávio Bolsonaro que operação seria deflagrada contra Queiroz e que a ação foi atrasada para evitar prejudicar a campanha do presidente no segundo turno.

De acordo com Paulo Marinho, que foi suplente de Flávio para o Senado, o filho do presidente o procurou antes da operação “desesperado” em busca de advogados. Marinho diz que o senador foi atrás dele por indicação do pai, temendo que o caso Queiroz prejudicasse a campanha.

Entrevista

Marinho conta que, em dezembro de 2018, Flávio o procurou, “absolutamente transtornado”, para pedir a indicação de um advogado criminal. À época, Jair já estava prestes a assumir o comando do Brasil e o escândalo de Queiroz não saía das manchetes.

Senador recém-eleito, Flávio Bolsonaro temia as consequências das acusações de “rachadinhas” e de desvio de dinheiro público no futuro governo do pai –e precisava se defender.

Segundo Marinho, Flávio disse que soube com antecedência que a Operação Furna da Onça, que atingiu Queiroz, seria deflagrada. O aviso foi dado entre o 1º e o 2º turno das eleições, por um delegado da PF que era simpatizante da candidatura de Jair Bolsonaro.

O agora senador teria sido informado sobre a operação Furna da Onça, que expõe o esquema de rachadinha na Assembleia Legislativa do Rio. Na época, Flávio era deputado estadual.

Os policiais teriam segurado a operação, então sigilosa, para ela não ocorrer no meio do 2º turno, evitando prejuízo à candidatura de Bolsonaro. O delegado aconselhou Flávio a demitir Queiroz e sua filha, que trabalhava no gabinete de Jair, então deputado federal em Brasília.

Os dois foram exonerados em 15 de outubro de 2018. Em dezembro, Queiroz estava sumido –mas, segundo Marinho, Flávio mantinha interlocução indireta com ele por meio de um advogado de seu gabinete.

De acordo com o empresário, as revelações podem “explicar” o interesse de Bolsonaro em controlar a Superintendência da Polícia Federal no Rio, causa primeira dos atritos que culminaram na saída de Sergio Moro do Ministério da Justiça

Flávio Bolsonaro

Em nota, Flávio Bolsonaro diz que “O desespero de Paulo Marinho causa um pouco de pena e que as estórias não passam de invenção de alguém desesperado e sem votos”.

Não foi Ramagem

“O delegado da Polícia Federal que vazou as informações sigilosas aos Bolsonaro não é o delegado Alexandre Ramagem, que o presidente quis nomear no mês passado para a diretoria geral da corporação. O policial (que, como Ramagem, atuou na Operação Furna da Onça) é conhecido na corporação por um apelido”, escreveu a jornalista Thaís Oyama do UOL.

Nota oficial da PF

A Polícia Federal esclarece, em relação à matéria “PF antecipou a Flávio Bolsonaro que Queiroz seria alvo de operação”, da Folha de SP, o que segue:

A PF se notabilizou por sua atuação firme, isenta e imparcial no combate à criminalidade, dentro de suas atribuições legais e constitucionais.

A matéria aponta a eventual atuação irregular, de pessoa alegadamente identificada como policial federal, na operação “Furna da Onça”.

Referida operação policial foi deflagrada, no RJ, em 08/11/2018, tendo os respectivos mandados judiciais sido expedidos pelo TRF2, em 31/10/2018.

Notícia anterior, sobre suposto vazamento na op citada, foi regularmente investigada pela PF através do IP nº01/19, que encontra-se relatado.

Todas as notícias de desvio de conduta devem ser apuradas e foi determinada, na data de hj, a instauração de novo procedimento apuratório.

Repercussão

Oposição cobra de TSE anulação de eleições após entrevista Marinho à Folha.

O senador Randolfe Rodrigues escreveu em rede social que em decorrência das informações inseridas na matéria irá na segunda-feira protocolar no Conselho de Ética do Senado, um pedido de investigação, e caso comprovados os fatos, entrará com pedido de cassação do Senador Flávio Bolsonaro.

O deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) liga os pontos da cronologia dos fatos na denúncia do empresário Paulo Marinho, ex-aliado do presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido-RJ), e aponta que o delegado Alexandre Ramagem – preferido do presidente para assumir a superintendência da Polícia Federal (PF) no Rio de Janeiro – pode ser o delegado que informou o clã sobre a operação Furna da Onça.

De acordo com Pimenta, “a operação Furna da Onça é uma continuação da operação Cadeia Velha. A operação Cadeia Velha foi coordenada pelo delegado da PF, Alexandre Ramagem Rodrigues”. Logo após o episódio da facada, ele se torna segurança da família de Bolsonaro durante a campanha.

Para o deputado “uma análise cronológica dos fatos é suficiente para demonstrar como funcionou o vazamento da investigação da PF que chegou a Queiroz. Ele era o PC Farias da família Bolsonaro e agora ficou fácil de provar a influência do grupo miliciano na PF/RJ. As provas são robustas”.