Notícias enchente no Rio Grande do Sul : Plano pós-enchente, sistema de proteção, ajuda a desabrigados, água potável e setor carvoeiro

Notícias enchente no Rio Grande do Sul : Plano pós-enchente, sistema de proteção, ajuda a desabrigados, água potável e setor carvoeiro

  • Sistema de proteção contra cheias de Porto Alegre recebeu 23% a menos do que o previsto
  • Plano pós-enchente da prefeitura de Porto Alegre exclui universidades locais e privilegia Consultoria internacional
  • Estação de Tratamento de Água Moinhos de Vento volta a abastecer 21 bairros
  • Governo federal vai comprar imóveis para vítimas e oferecer 5,1 mil reais por endereço afetado
  • Crítica ao setor carvoeiro motivou protestos após enchentes de 2023. Paim esperou o agravamento da crise climática para desistir de PL que incentiva a queima de carvão no RS

Sortimento Notícias enchente em Porto Alegre – Sortimento Notícias da enchente no Rio Grande do Sul


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Consultoria prevê plano pós-enchentes que extrapola período gratuito anunciado pela prefeitura

Em meio aos desafios que literalmente inundam Porto Alegre há duas semanas, a prefeitura de Porto Alegre optou por “parceirizar” a gestão da crise. Na segunda-feira, o prefeito Sebastião Melo (MDB) anunciou que o executivo terá a empresa norte-americana Alvarez & Marsal como consultora nas decisões a serem tomadas na fase de recuperação da cidade.

Melo salientou que o estágio inicial do trabalho, de dois meses, será pro bono, ou seja, sem custo e que a empresa seria remunerada após esse período, mas não falou em valores. A Matinal teve acesso a um plano de abordagem do grupo que prevê um período de 100 dias de trabalho – mais do que a “amostra grátis” da consultoria.

Fundada nos Estados Unidos, a Alvarez & Marsal chega a Porto Alegre com experiência de ter atuado na reconstrução de Nova Orleans após o furacão Katrina – que recebeu críticas por conta da gentrificação da cidade. Com atuação nas áreas financeira e judicial, recentemente a empresa assumiu o plano de recuperação das Americanas.

Universidades estão fora do debate – O acerto com uma empresa estrangeira despertou críticas por conta da ausência de duas das principais universidades do Brasil em Porto Alegre no processo de reconstrução da capital. “Se a ideia é fazer uma governança colaborativa desses esforços, nada melhor que seja efetuado e desenvolvido por quem tem contato, proximidade e raízes históricas com essa população e base social que foi atingida”, opinou o professor de administração pública da Escola de Administração da UFRGS, Diogo Demarco.


Sistema de proteção contra cheias de Porto Alegre recebeu 23% a menos do que o previsto

Nos últimos sete anos, o sistema de proteção contra cheias de Porto Alegre recebeu 23% a menos do que o orçamento previsto, segundo reportagem da Folha de S.Paulo, a partir de dados da prefeitura. Dos 21,5 milhões de reais que deveriam ser executados no serviço, foram gastos 16,4 milhões.

Na semana passada, a Matinal noticiou que uma verba de 121,9 milhões do governo federal destinada a obras de drenagem foi perdida na gestão de Nelson Marchezan Júnior (PSDB), que não observou prazos para receber o montante. Ainda em torno do tema, em entrevista à Matinal, especialistas afirmaram que o sistema de drenagem falhou devido à falta de manutenção – como ocorreu na estação de bombeamento 17, no Centro Histórico, cujo conserto estimado em 60 mil reais patina desde 2018.

A retomada das casas de bombas é essencial para amenizar enchentes, como já pôde ser percebido nos últimos dias após a atuação de órgãos do poder público para conter falhas e danos do sistema. Estima-se em 400 milhões de reais as reformas do sistema anticheias, que será objeto de investigação do Ministério Público do RS.


Estação de Tratamento de Água Moinhos de Vento volta a abastecer 21 bairros

Na tarde de ontem, o Dmae retomou as operações da estação de bombeamento Moinhos de Vento, que não funcionava desde 4 de maio. Localizada na avenida Voluntários da Pátria, a estação leva água do Guaíba até a Estação de Tratamento de Água Moinhos de Vento, na rua 24 de outubro. Cerca de 150 mil pessoas em 21 bairros da capital devem ter as torneiras reabastecidas gradualmente a partir de hoje.


Governo federal vai comprar imóveis para vítimas e oferecer 5,1 mil reais por endereço afetado

Em sua terceira visita ao estado após as enchentes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou ontem a criação do Auxílio Reconstrução, que irá beneficiar famílias atingidas pelas inundações com ajuda financeira de 5,1 mil reais por endereço – mapeados pela Defesa Civil Nacional em cooperação com órgãos locais. Os valores, operacionalizados via pix pela Caixa Econômica Federal, devem ultrapassar 1,2 bilhão, contemplando cerca de 200 mil famílias.

O governo federal também vai comprar, após mapeamento com o setor privado, imóveis prontos ou em construção que serão destinados a pessoas atingidas pelas enchentes. No mesmo ato, realizado na Unisinos, em São Leopoldo, foram divulgadas a suspensão do pagamento de parcelas do Minha Casa Minha Vida por seis meses, a inclusão de 21 mil famílias no Bolsa Família, a liberação de duas parcelas adicionais do seguro-desemprego e o saque de até 6.220 reais do FGTS, entre outras medidas.

Lula ainda nomeou o até então ministro da Comunicação Social, Paulo Pimenta, para o novo cargo de ministro extraordinário de Apoio à Reconstrução do RS.


Paim esperou o agravamento da crise climática para desistir de PL que incentiva a queima de carvão no RS

Na última segunda-feira, o senador Paulo Paim (PT), retirou de tramitação o Projeto de Lei 4653/2023, que previa dar continuidade, até 2040, à compra de energia proveniente das termelétricas Candiota 3 e Pampa Sul. Conforme reportagem do Sul21, um estudo aponta que as usinas gaúchas estão entre as termelétricas mais poluentes do Brasil. Como mostrou a Matinal no ano passado, o PL assinado pelos senadores Paim, Hamilton Mourão (Republicanos) e Luis Carlos Heinze (PP) visava beneficiar o setor carvoeiro gaúcho nos moldes da indústria catarinense – que, através da Lei 14.299, garantiu a contratação de energia de três usinas termelétricas movidas a carvão.


Crítica ao setor carvoeiro motivou protestos após enchentes de 2023

Fortemente criticada por ambientalistas, a pauta do setor carvoeiro havia sido motivo de protestos nas ruas de Porto Alegre em novembro do ano passado. “Essa enchente é movida a carvão”, afirmava um dos cartazes em meio à marcha no Centro Histórico. À época em que o projeto de lei de Paim foi proposto, entidades entregaram uma carta ao senador, alertando que a iniciativa iria na contramão de ações para mitigar a emergência climática, que hoje assola o estado. Além de retirar o PL 4653/2023, Paim afirmou que vai apresentar ao Congresso a interrupção da votação de outros projetos que possam prejudicar o meio ambiente. “A natureza está nos mostrando o caminho”, disse o senador, na semana em que o RS contabilizou 149 mortos, 112 desaparecidos e 806 feridos em decorrência das chuvas.


Suspensão da dívida do RS

O Senado aprovou o projeto que suspende o pagamento da dívida do Rio Grande do Sul com a União por três anos. O texto-base foi aprovado com 61 votos a favor e nenhum contra. A Câmara já havia aprovado a medida na noite de terça-feira (14). O texto agora vai à sanção presidencial. Segundo a proposta do governo federal, durante esse período, os juros que incidem sobre o estoque da dívida serão reduzidos a 0%. A dívida total do estado é estimada em cerca de R$ 98 bilhões.


Giro de Notícias

Bar do Alexandre na Gonçalves Dias com Saldanha Marinho, no bairro Menino Deus, em Porto Alegre, descumpre DECRETO Nº 22.658, DE 6 DE MAIO DE 2024, que Suspende os eventos em espaços públicos no município de Porto Alegre por 15 (quinze) dias e anuncia show em utiliza área pública, calçada, entre 18h e 22h de sexta feira. Mais: avisa que se chover o show está adiado para sábado no mesmo horário.

De Juruaia, em Minas Gerais, Capital da Lingerie, saíram três caminhões com doações de roupas íntimas, produtos de limpeza, colchões, água e alimentos.

Em razão dos bloqueios por acúmulo de água, 68 linhas do transporte público de Porto Alegre não estão operando. Desde segunda-feira, os ônibus circulam com 70% da oferta em dias úteis.

O trecho da avenida Borges de Medeiros a partir da Ipiranga, em direção à zona sul de Porto Alegre, está liberado para trânsito – a faixa da esquerda continua bloqueada devido à cheia do Guaíba.

O corredor humanitário que liga o Túnel da Conceição à avenida Castelo Branco e à BR-290 agora conta com duas pistas. Na manhã de ontem, a via também foi liberada para profissionais de saúde autorizados.

Hoje pela manhã o Guaíba baixou dos 5m, oscilando entre 4,98 e 4,99cm.

Com o recuo da água na região da rua José de Alencar, o Hospital Mãe de Deus deve retomar atendimentos até o fim de maio.

As estações de bombeamento no bairro Sarandi seguem sem previsão de religamento. Com isso, a água continua subindo e invadindo áreas anteriormente secas.

O DMLU iniciou trabalhos de limpeza nas partes secas dos bairros Menino Deus e Cidade Baixa. A primeira etapa será realizada nos 21 bairros mais atingidos pelas inundações.

O secretário de educação de Porto Alegre, José Paulo da Rocha, deixará o cargo no dia 20 para assumir a reitoria da Feevale.

É o segundo secretário da gestão Melo que deixa o cargo em meio à crise provocada pelas enchentes. No dia 7, Léo Voigt pediu exoneração da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social.

Universidades como UFRGS, Unipampa, UniRitter e PUCRS devem manter a suspensão das atividades presenciais até 18 de maio; UFPel, UFCSPA e Furg podem adiar o retorno das funcionalidades por um tempo maior.

A Aneel decidiu suspender o corte de energia por falta de pagamento e a cobrança de multa e juros por distribuidoras do RS. A suspensão vale por 90 dias nos municípios que decretaram calamidade pública e 30 para os demais.

Após repercussão negativa de entrevista em que demonstrou preocupação quanto ao impacto das doações no comércio do RS, o governador Eduardo Leite publicou vídeo pedindo desculpas.

O governo do RS diminuiu de 397 para 46 o número de municípios em estado de calamidade pública; a maioria migrou para situação de emergência. Entenda a diferença.

A Secretaria de Estado da Cultura lançou um formulário para cadastrar pessoas físicas e jurídicas dispostas a ajudar na recuperação de museus, bibliotecas públicas municipais e acervos danificados pelas enchentes.

A quantidade de pessoas em abrigos no RS diminuiu, segundo boletim divulgado ontem pela Defesa Civil estadual. Estima-se que mais de 538 mil pessoas ainda estejam desalojadas.

Canoas passará a contar com um Hospital Veterinário de Campanha capaz de realizar 700 atendimentos por semana e até oito cirurgias diárias. Em todo o estado, mais de 11 mil animais já foram resgatados.

O índice de vulnerabilidade climática dos municípios, criado pelo Instituto Votorantim, coloca o município de Maquiné na pior posição no RS. Porto Alegre é a 22ª colocada.

Após pedido de 15 clubes, a CBF suspendeu duas rodadas do Brasileirão em razão da tragédia no RS.


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Prefeitura de Porto Alegre, gestão Sebastião Melo (MDB ) liberou construções na Orla do Guaíba e no Parque Harmonia que interferiram no meio ambiente com retirada de árvores e uso de área com objetivo de aumentar receita através de concessões.

É um combo dos gestores públicos com a conivência dos vereadores da base aliada ao Paço com o desleixo das casas de bombas, com a falta de manutenção do sistema de proteção da cidade e o sucateamento do DMAE

Tanto o município e o Estado do Rio Grande do Sul, através da gestão de Eduardo Leite e base governista na Assembleia Legislativa desconsideram o meio ambiente inclusive aprovando Projeto de Lei que revogada 480 normas de proteção ambiental.

Não é só uma catástrofe climática. É uma catástrofe de gestão pública do executivo e legislativo que desconsiderou avisos, a ciência e os estudos ambientais em prol de governança voltada para atender os desejos, necessidades, interesses e ganância de grupos.


Governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB) também defendeu a derrubada do muro da Mauá no Cais do Porto

Construções, negócios, investimentos voltados para gerar receitas através de concessões

Priorizar a segurança da cidade não estava nos planos.

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