Notícias enchente no Rio Grande do Sul : casas de bombas, desmatamento, eleições municipais e estoques de imóveis

Notícias enchente no Rio Grande do Sul : casas de bombas, desmatamento, eleições municipais e estoques de imóveis


Sortimento Notícias enchente em Porto Alegre – Sortimento Notícias da enchente no Rio Grande do Sul


A reconstrução da cidade não cabe em um único plano. Ela vai acontecer em várias esferas: do ânimo da população ao lento retorno à rotina, do novo plano diretor à escolha dos futuros vereadores e prefeito, da baixa das águas à manutenção do sistema anti-enchente. Cada passo rumo à normalidade importa, especialmente quando isso nos leva a um território mais integrado com o meio ambiente.

Funcionamento adequado das casas de bombas na região central de Porto Alegre – Mais estações em operação evitaram que as águas subissem e avançassem na cidade nos últimos dias, mesmo após a nova cheia no Guaíba no início da semana. Isso mostra que, se estivessem funcionando no começo do mês, o cenário seria completamente diferente.

A newsletter da Matinal também destaca como o desmatamento no RS agravou as inundações, a perda de urnas eletrônicas – com potencial de adiar as eleições – e a história da empresa de manutenção de sistema antienchente que contratou um fiscal da prefeitura.


Publicação com conteúdo da newsletter da Matinal : Assine o Matinal e tenha acesso a matérias e reportagens exclusivas.


Casas de Bombas recuperadas pós-enchente evitaram nova inundação

A despeito de seu sistema de proteção contra cheias, o Guaíba passou a avançar sobre Porto Alegre no dia 3 de maio. As estruturas que deveriam proteger a cidade haviam colapsado. Funcionavam, naquele momento, quatro das 23 estações de bombeamento da capital. Nos 13 dias seguintes, o Dmae conseguiu ligar outras cinco casas de bomba – são nove em operação neste momento.

Embora parcial, esse restabelecimento permitiu que diversas regiões antes alagadas assistissem ao recuo da inundação, mesmo em um momento de nova elevação do Guaíba. Isso evidencia, para o engenheiro Iporã Possanti, do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da UFRGS, que o alagamento de diversos bairros da capital é fruto do colapso do sistema: “O nível do Guaíba não foi o fator determinante para o colapso”.


Casas de bombas no Centro Histórico têm danos estruturais

O Dmae diz que trabalha nos próximos dias para restabelecer a Estação de Bombeamento de Água Pluvial (EBAP) 13, no Parque Marinha do Brasil. A expectativa é de religar até domingo as bombas 4 (na Voluntários da Pátria) e 6 (no entrocamento da BR-166 com a Freeway). As casas de bombas 17 e 18, ambas próximas ao cais – uma na altura do Tribunal de Contas, outra próxima à rodoviária –, ainda não puderam ser religadas porque as estruturas, segundo o departamento, têm “um erro no projeto, erro estrutural” que só pode ser consertado quando o nível do Guaíba baixar.


Desmatamento no RS agravou as inundações

As recentes inundações no estado, que resultaram em 151 mortes e 540 mil desalojados, foram intensificadas por fatores ambientais e climáticos. Ao G1, os cientistas Eduardo Vélez do MapBiomas e Valério Pillar, da UFRGS, apontam que a perda de 3,5 milhões de hectares de vegetação nativa entre 1985 e 2022 agravou a situação. A vegetação nativa reduz a velocidade da água da chuva, aumenta a infiltração no solo e mitiga a erosão, funções que a soja e outras culturas não desempenham eficazmente.

Além disso, as mudanças na legislação ambiental facilitaram o desmatamento. Em 2022, a Matinal já alertava sobre o desmatamento acelerado e a fragilização do Código Ambiental, destacando a falta de proteção do bioma Pampa. Em setembro de 2023, também noticiamos que o RS aprovou um novo zoneamento ambiental permitindo a expansão de “desertos verdes”, criticado por ambientalistas.

Especialistas defendem a recomposição da vegetação nativa como essencial para mitigar futuros eventos climáticos extremos e aumentar o sequestro de CO₂. No entanto, essa medida ainda não foi formalmente adotada e implementada pelo governo estadual por meio de políticas, programas ou regulamentações oficiais.


TRE-RS considera adiar eleições municipais

A possibilidade de adiamento das eleições no Rio Grande do Sul por conta das enchentes é considerada não apenas por líderes de partidos políticos, mas também pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RS). Isso porque 500 urnas eletrônicas já foram perdidas e o depósito onde outras 15 mil estão armazenadas está inacessível – tampouco há energia elétrica para checagem por câmeras. O volume corresponde a 52% das urnas do estado. Conforme a presidente do TRE-RS, Desa Vanderlei Kubiack, é necessário que as águas baixem para conhecer a extensão dos danos e ter um panorama da situação.


Empresa de manutenção de sistema antienchente contratou seu próprio fiscal da prefeitura

A Bombas Sinos, fornecedora dos dois maiores contratos de manutenção do sistema anticheias de Porto Alegre desde 2016, tem como sócio um ex-funcionário do Dmae que era responsável por fiscalizar os contratos da empresa. Reportagem do Intercept Brasil mostra que o engenheiro Thierri Moraes atuou no Dmae entre 2017 e 2020. Em junho de 2019, ele foi nomeado fiscal titular do contrato com a Bombas Sinos pelo então secretário de serviços urbanos, Ramiro Rosário (hoje vereador do Novo). Em outubro de 2020, Moraes deixou o Dmae e, um mês depois, começou a trabalhar na Bombas Sinos, inicialmente como prestador de serviços e, posteriormente, como diretor comercial. Um contrato da empresa com a prefeitura – no período em que Moraes era responsável pela fiscalização – rendeu uma multa do CREA-RS à administração municipal por falta de fornecimento de informações necessárias para a fiscalização.


Dados sobre domicílios na capital contradizem Melo

O prefeito Sebastião Melo (MDB) afirmou à Folha de São Paulo que Porto Alegre não possui grandes estoques de imóveis populares para atender à demanda de atingidos pela enchente – que ele estimou em cerca de 30 mil pessoas, com necessidade de aproximadamente 10 mil moradias. No entanto, Porto Alegre teria capacidade para atender a essa demanda, segundo mostra o Sul21. Conforme mensurou o IBGE no Censo 2022, a cidade conta com 101.013 domicílios vagos e 27.250 de uso ocasional. Poucas semanas antes do início das enxurradas, o Observatório das Metrópoles calculou que cerca de 30% dos domicílios do centro de Porto Alegre estavam desocupados.


23 empresas e entidades pagam voo com doações

Na quarta-feira, dia 15 de maio, aeronave modelo ATR 72 de cia aérea, configurada como cargueiro, decolou de Ribeirão Preto (SP) rumo a Passo Fundo (RS) levando 4,5 toneladas de ajuda humanitária, inclusive medicamentos. A aeronave também ficará dedicada a distribuição de itens arrecadados na região de Ribeirão Preto através da campanha Voe Junto pelo RS. As operações dos voos acontecerão de quinta-feira, dia 16, até domingo, dia 19.

A medida integra uma série de ações promovidas por um grupo de 23 empresas e entidades ( AEAARP, Agro Lavoro, AM4, Assovale, Grupo CargoPolo, Confinamento São Lucas, Fazenda Chapada Grande, Fazenda São José, Fert Log, Hugo Engenharia, Nissan Keiji, RGE Agronegócios, RibTubos, Rodomacro, Said, Grupo Sol, Grupo Toniello, Sol Aviation, TMA, Transmaz, TWS Transportes, Via Brasil e Viralcool  ) que, em conjunto, tem levantado doações e recursos financeiros para custear o transporte desse material, fazendo que chegue de forma efetiva até a população afetada pela destruição causada por fortes chuvas nos últimos dias.

A iniciativa já levou mais de 100 toneladas de alimentos, água, medicamentos, kits de higiene pessoal e roupas até Passo Fundo, de onde serão distribuídos por voos para Santa Maria, Pelotas, Canoas e demais aeroportos, conforme demanda. A estimativa é de serem realizadas mais de 10 operações aéreas cargueiras dedicadas para distribuição dos itens até as localidades mais atingidas.


Giro de Notícias

Bar do Alexandre na Gonçalves Dias com Saldanha Marinho, no bairro Menino Deus, em Porto Alegre, descumpre DECRETO Nº 22.658, DE 6 DE MAIO DE 2024, que suspende os eventos em espaços públicos no município de Porto Alegre por 15 (quinze) dias e anuncia show em utiliza área pública, calçada, entre 18h e 22h de sexta feira. Mais: avisa que se chover o show está adiado para sábado no mesmo horário.

Em outubro de 2023, a Prefeitura de Porto Alegre foi multada pelo CREA-RS por dificultar a fiscalização do contrato com a Bombas Sinos, a principal empresa que faz manutenção do sistema de contenção de enchentes

O nível do Guaíba deve ficar acima da cota de inundação (3m) ao menos até o fim de maio, se não houver interferência de fatores como vento e chuva expressiva. Nesta manhã, às 6h15min, a altura no Cais era de 4,73m, menor marca desde segunda-feira.

Como apoio aos prontos-atendimentos, seis unidades de saúde da capital estarão abertas no fim de semana. Devido à redução gradual das áreas alagadas, hospitais como Clínicas e Santa Casa retomam as cirurgias eletivas.

A CEEE Equatorial trabalha desde a noite de ontem para restabelecer o fornecimento de energia elétrica em cerca de 30 mil domicílios do Centro Histórico.

A contratação da empresa Alvarez & Marsal como consultora da prefeitura no período pós-enchentes deve incentivar privatizações, segundo o especialista em administração pública Aragon Dasso Júnior, em entrevista ao Sul21. A reportagem da Matinal apontou que o plano de ação da empresa extrapola o período gratuito anunciado por Melo.

Eduardo Leite protocolou projeto de lei que formaliza um plano de reconstrução pós-inundações e visa a criação de um fundo financeiro.

O executivo estadual planeja construir quatro “cidades provisórias” para receber desabrigados em Canoas, Guaíba, Porto Alegre e São Leopoldo. Entretanto, o professor Eber Marzulo alerta para a complexidade desse tipo de operação, que pode criar um “campo de refugiados”.

As operações do Trensurb estão suspensas por tempo indeterminado, assim como as viagens do catamarã.

Os recursos para a manutenção do sistema anticheias do Rio dos Sinos são motivo de impasse entre o governo federal e a prefeitura de São Leopoldo.

O governo do estado pretende vacinar contra a gripe todas as pessoas acima dos 6 meses de idade acolhidas em abrigos.

A propósito, caiu o número de voluntários atuando nos locais de acolhimento em Porto Alegre, e a prefeitura reabriu um cadastro online.

Falando em voluntários, um grupo afirma ter participado do resgate de 3,5 mil armas da Taurus no Aeroporto Salgado Filho sem conhecimento prévio dos riscos de recuperar a carga, que estaria na mira de uma facção criminosa.

O governo federal anunciou que vai contratar estudos preventivos para evitar novas inundações no RS.

A campanha Futuro Audiovisual RS pretende ajudar profissionais do setor impactados pelas enchentes. Profissionais da música também se articulam em torno da iniciativa SOS Música.

A ONG Comunitas – envolvida em polêmicas ao ser contratada pela prefeitura em 2017 sem chamamento público – criou um fundo em que pede doações para a retomada da educação no RS.

A comporta 3 do Muro da Mauá, na rua Padre Tomé, no Centro Histórico, foi aberta para facilitar o escoamento da água e possibilitar o acesso às casas de bombas 17 e 18, permitindo a retomada da operação.


Prefeitura de Porto Alegre, gestão Sebastião Melo (MDB ) liberou construções na Orla do Guaíba e no Parque Harmonia que interferiram no meio ambiente com retirada de árvores e uso de área com objetivo de aumentar receita através de concessões.

É um combo dos gestores públicos com a conivência dos vereadores da base aliada ao Paço com o desleixo das casas de bombas, com a falta de manutenção do sistema de proteção da cidade e o sucateamento do DMAE

Tanto o município e o Estado do Rio Grande do Sul, através da gestão de Eduardo Leite e base governista na Assembleia Legislativa desconsideram o meio ambiente inclusive aprovando Projeto de Lei que revogada 480 normas de proteção ambiental.

Não é só uma catástrofe climática. É uma catástrofe de gestão pública do executivo e legislativo que desconsiderou avisos, a ciência e os estudos ambientais em prol de governança voltada para atender os desejos, necessidades, interesses e ganância de grupos.