Eduardo Leite e Sebastião Melo: gestões potencializaram consequências da enchente no Rio Grande do Sul

Eduardo Leite e Sebastião Melo: gestões potencializaram consequências da enchente no Rio Grande do Sul

Eduardo Leite e Sebastião Melo: gestões potencializaram consequências da enchente no Rio Grande do Sul. Não é somente uma catástrofe climática. É uma catástrofe política e da administração publica avalizada por segmentos de empresários e veículos de comunicação.

Não foi por falta de aviso. Porto Alegre ficou debaixo d’água mesmo depois da gestão de Sebastião Melo (MDB) ter sido alertada por engenheiros do DMAE. Documentos revelam que foram informados problemas importantes em quatro estações de bombeamento meses antes da cheia que provocou pelo menos seis mortes na capital e milhares de desalojados – e que deve permanecer acima da cota de inundação por pelo menos mais duas semanas.

No Estado, à noite o governador Eduardo Leite gastou bons minutos de sua participação no programa Roda Viva negando que as mudanças no Código Ambiental promovidas por seu governo tenham reduzido a proteção às áreas verdes.


Sortimento Notícias enchente em Porto Alegre – Sortimento Notícias da enchente no Rio Grande do Sul


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Prefeitura sabia dos problemas nas casas de bombas que inundaram Menino Deus, Cidade Baixa, Centro e Sarandi

Documentos internos do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) revelados ontem mostram que a prefeitura foi comunicada, depois da cheia de novembro de 2023, sobre os problemas em quatro das 23 estações de bombeamento de águas pluviais (EBAPs): a 17 e a 18, que ficam no Centro Histórico; a 13, no Menino Deus; e a 20, na Vila Minuano, no Sarandi. Engenheiros do Dmae alertaram o município sobre a “necessidade urgente” de consertos nessas estruturas.

Os quatro locais inundaram com a elevação recente do Guaíba. Em nota, o Dmae reconheceu que teve conhecimento das situações das casas de bomba no Centro e que a solicitação “está em fase de viabilidade técnica para a elaboração do projeto”.

As denúncias foram publicadas no X (antigo Twitter) pelo jornalista Lennon Haas e pelo deputado estadual Matheus Gomes (PSOL). O parlamentar informou que encaminhará a documentação ao Ministério Público, que anunciou na semana passada a abertura de investigação sobre as causas da inundação na capital. No dia 10 de maio, a Matinal já havia revelado que a prefeitura tinha conhecimento das falhas nas EBAPs 17 e 18.


Nível do Guaíba baixa mas a cota de inundação fica até junho

O Guaíba deve completar um mês em nível igual ou superior à sua cota de inundação no Cais Mauá, que é de 3 metros, de acordo com projeção do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da UFRGS. No cenário traçado nesta segunda-feira, a perspectiva é de que as águas retrocedam ao nível entre 4 e 5 de junho. Confirmando a estimativa do IPH, o período acima da cota de enchente será superior ao registrado em 1941 – na ocasião, foram 32 dias. O Guaíba está acima dos 3 metros desde 2 de maio.


Dique no Sarandi teve dois rompimentos

A prefeitura confirmou rompimentos em dois pontos do dique do Arroio Sarandi, após apontar que havia somente um “extravasamento” da estrutura. A secretaria de Serviços Urbanos afirma que o dano ocorreu durante as enchentes, mas que não houve colapso do dique. O nível da água no bairro está reduzindo em razão de uma bomba instalada no domingo, o que permitiu que moradores e comerciantes voltassem à região para iniciar a limpeza.


Voos comerciais na Base Aérea de Canoas

A Agência Nacional de Aviação Civil vai autorizar pousos e decolagens de voos comerciais, a partir de quarta-feira (22/5), na Base Aérea de Canoas. Segundo o ministério de Portos e Aeroportos, a Fraport vai oferecer até cinco voos diários ainda nesta semana.


A Trensurb iniciou hoje (21) o processo de limpeza de 13 estações, no trecho que compreende da Estação Mathias Velho à Estação Novo Hamburgo.

A limpeza e vistoria das instalações são parte fundamental do planejamento de retomada gradual das operações da empresa atingida pela enchente. (+)
Trensurb S.A.

Segundo o diretor-presidente, Fernando Marroni, “hoje é um dia muito importante, onde avançamos mais um passo no sentido do reinício das operações dos trens”.


Operação limpeza no Centro Histórico

“Depois da comporta derrubada, voltamos ao centro de Porto Alegre para conferir os estragos da grande enchente e ver o recuo das águas. Fomos com certa leveza, empurrados pelas reportagens de televisão feitas em lugares secos da região central. As imagens que logo vimos dizem mais do que qualquer estupefação: o Mercado Público e a Prefeitura Municipal continuam cercados pelas águas e exigindo bote para serem alcançados ou bota de borracha de cano alto e coragem para arriscar a travessia.” ( Relato de Juremir Machado da Silva ).


No Roda Viva, Leite tenta se desviar de críticas à política ambiental

A pauta climática dominou boa parte do programa Roda Viva de segunda-feira (21/05), que teve como entrevistado o governador Eduardo Leite (PSDB). Ao longo de duas horas, ele defendeu que as mudanças promovidas por sua gestão, que foram da fusão da Secretaria do Meio Ambiente com a de Infraestrutura à mudança do Código Ambiental, não reduziram a proteção ao meio ambiente – ao contrário do que apontaram ambientalistas à Matinal ainda em 2022.

Questionado sobre prazos para que os mais de 581 mil desalojados da enchente recebam novas casas, o governador respondeu que será necessário um diagnóstico das famílias antes e, por ora, citou que há outras soluções, como aluguel social. Apesar da atual situação de calamidade no estado, afirmou, mais de uma vez, que o RS será um “case de reconstrução”.

O governador falou sobre “lições” aprendidas com a catástrofe e afirmou que as pessoas passarão a prestar mais atenção aos alertas, ao destacar que muita gente não quis deixar suas casas. Contudo, não comentou sobre o alerta enganoso emitido pela Defesa Civil do Estado na noite do dia 4 e que gerou pânico na capital, conforme mostrou a Matinal.

Na entrevista, Leite ainda sugeriu ser “fake news” o recorte utilizado pela Folha, na entrevista publicada na segunda. Nela, o jornal destacou uma confissão do tucano, que disse ter recebido alertas sobre o clima, mas que o governo tinha “outras agendas”, em especial a fiscal. No entanto, Leite voltou a chamar a atenção à situação econômica do estado no início de seu governo. Citou também que, a partir de ajustes econômicos, o estado conseguiu ter “capacidade fiscal” para adquirir equipamentos que foram utilizados em resgates nesta enchente.

O governador falou que não defende o adiamento das eleições, ainda que tenha dito ao Globo que o processo eleitoral pode atrasar a reconstrução do estado. A ideia de postergar o pleito não foi bem recebida pelo TSE. Ainda na esfera política, ele elogiou a escolha de Paulo Pimenta como ministro de apoio à reconstrução do estado, afirmando que vê no petista a possibilidade de o RS ter um assento privilegiado junto ao Palácio do Planalto. Leite contou que espera que Pimenta auxilie no perdão da dívida gaúcha junto à União.


Aprovados em 2012, projetos anticheias para o RS não saíram do papel

Levantamento do Jornal Nacional mostrou que, em 2012, durante o governo de Tarso Genro (PT), o Rio Grande do Sul teve recursos aprovados para projetos que poderiam ter minimizado os impactos das atuais enchentes. As obras eram previstas para a Grande Porto Alegre, uma das regiões mais afetadas pelas cheias, e foram incluídas no no PAC – Programa de Aceleração do Crescimento – em dezembro de 2012. Mas os planos ficaram parados ou mal andaram. Os contratos foram firmados com o Ministério das Cidades, e a execução dos projetos caberia aos governos estadual e municipais. Segundo o Piratini, houve a necessidade de reavaliação de prioridades e direcionamento de recursos devido a trocas de gestão na esfera federal e da calamidade pública da pandemia de covid.


Efeitos de eventos extremos são agravados por vulnerabilidades locais, diz climatologista

O Rio Grande do Sul está localizado em uma região especialmente habituada a eventos climáticos extremos. Entre o calor do Brasil tropical e o ar polar da Antártida, não é incomum que os ares desses territórios se encontrem aqui – colisões que não raro resultam em tormentas, cada vez mais potencializadas pelas mudanças climáticas. Foi o que aconteceu na última semana de abril.

Para a climatologista Karina Bruno Lima, a adaptação das cidades não pode ser pensada para um “clima que não existe mais”. A pesquisadora da UFRGS falou à Matinal sobre as peculiaridades da localização do estado, a oscilação entre El Niño e La Niña e os efeitos do aquecimento global no RS. “Os desastres acontecem quando temos eventos extremos e vulnerabilidades locais”, resumiu.


Sedac flexibiliza trâmites para pagamentos previstos em editais da Lei Paulo Gustavo

Diante da paralisação de atividades culturais no estado, a Secretaria de Estado da Cultura (Sedac) anunciou que vai flexibilizar prazos e trâmites previstos em editais da Lei Paulo Gustavo (LPG) visando o pagamento das propostas contempladas. Há também possibilidade de readequação na realização dos projetos, tendo em vista o contexto atual do RS.

Nas últimas semanas, profissionais do setor cultural reivindicam o repasse urgente dos valores da LPG. Em comunicado, a Sedac informa ainda que prevê disponibilizar linhas de fomento “visando à reparação e à reconstrução do setor cultural do Estado” e que criou um grupo de trabalho para mapear os impactos das inundações.

Sortimento Notícias - consequências da enchente no Rio Grande do Sul

Prefeitura de Porto Alegre abre nova passagem para veículos perto da Estação Rodoviária. O trecho de 40 metros será liberado à tarde, permitindo saída da Capital via Castelo Branco.


Giro de Notícias

Durante o lançamento da ação “Jogando Junto Pela Reconstrução do Rio Grande do Sul”, o presidente do Grêmio, Alberto Guerra, ressalta a importância da união entre os eternos rivais Grêmio e Internacional para a reconstrução do Estado

A prefeitura de Porto Alegre pediu a suspensão por dois anos do pagamento de financiamento feito a instituições financeiras, montante equivalente a 560 milhões de reais. A medida visa garantir recursos para a reconstrução da cidade após a enchente.

Comerciantes e moradores do 4º Distrito, severamente afetado pelas inundações, protestaram ontem por melhorias na região, incluindo segurança, limpeza das ruas, religação da energia elétrica e acesso a créditos do governo federal.

A retomada das aulas em escolas da rede municipal de Porto Alegre tem sido marcada por obstáculos: servidores relatam falta de água e dificuldade de deslocamento para aqueles que moram em regiões afetadas pelas enchentes.

Prefeito Sebastião Melo faz apelo aos banqueiros: “Será que só podem oferecer ofertas de juros? Será que não estão vendo o estado grave de calamidade que vive o Rio Grande do Sul? Não podem fazer nada além disso à população gaúcha?”

Até então titular da Secretaria Municipal de Educação, José Paulo da Rosa deixou ontem o cargo que assumiu em meio a denúncias relacionadas a materiais pedagógicos. Quem toma posse de forma interina é o secretário-adjunto Mauricio Cunha, ex-presidente da Carris.

A morte de Vladimir Abreu de Oliveira, morador do condomínio Princesa Isabel, em Porto Alegre, motivou a queima de dois ônibus no domingo, no bairro Azenha. Oliveira foi visto pela última vez sendo abordado por policiais militares na noite de sexta.

Um trecho da rodovia ERS-240 desabou na noite desta segunda-feira em razão de um acumulado de água em Capela de Santana. A Defesa Civil local alertou para alagamentos.

Entidades apontam perdas de pelo menos R$ 40 bilhões na atividade econômica do estado devido às enchentes. Na semana passada, a Fiergs apresentou um pacote de reivindicações ao governo federal que totaliza R$ 100 bilhões.

O governo federal planeja lançar um sistema de alerta de emergências climáticas para celulares chamado “Cell Broadcast”, com previsão de entrada em vigor a partir do segundo semestre deste ano.

Lembrando que o prazo para regularizar, transferir ou emitir novo título de eleitor no RS vai até esta quinta-feira, 23 de maio. O prazo havia sido prorrogado por 15 dias em decorrência das chuvas.

O Ministério da Educação anunciou que o Enem 2024 terá inscrições gratuitas e novo prazo para moradores do RS.

No Vale do Taquari, foi registrada a primeira morte por leptospirose após as enchentes que devastaram a região. A vítima é um homem de 67 anos, do município de Travesseiro.

Com mais de 90% dos municípios do RS afetados pelas chuvas, crescem as preocupações acerca da saúde mental no estado: o G1 mostrou o que é ecoansiedade e como lidar com os seus impactos.

Ações de vacinação de abrigados e voluntários estão sendo feitas em locais que recebem a população atingida pela catástrofe climática no RS. A imunização busca prevenir a gripe e outras doenças, como covid e hepatite, e diminuir a demanda dos hospitais.

No último fim de semana, diversos artistas participaram do programa Altas Horas prestar homenagem ao RS, diante da maior tragédia climática enfrentada pelo estado. A edição contou apenas com convidados gaúchos – entre eles Adriana Calcanhotto, Armandinho, Humberto Gessinger, Kleiton Ramil e Lucas Silveira, da banda Fresno. Adriana, ao cantar Estrela, estrela, de Vitor Ramil, disse que escolheu a música porque ela representa o oposto da noção de que dominamos a natureza.


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Prefeitura de Porto Alegre, gestão Sebastião Melo (MDB ) liberou construções na Orla do Guaíba e no Parque Harmonia que interferiram no meio ambiente com retirada de árvores e uso de área com objetivo de aumentar receita através de concessões.

É um combo dos gestores públicos com a conivência dos vereadores da base aliada ao Paço com o desleixo das casas de bombas, com a falta de manutenção do sistema de proteção da cidade e o sucateamento do DMAE

Tanto o município e o Estado do Rio Grande do Sul, através da gestão de Eduardo Leite e base governista na Assembleia Legislativa desconsideram o meio ambiente inclusive aprovando Projeto de Lei que revogada 480 normas de proteção ambiental.

Não é só uma catástrofe climática. É uma catástrofe de gestão pública do executivo e legislativo que desconsiderou avisos, a ciência e os estudos ambientais em prol de governança voltada para atender os desejos, necessidades, interesses e ganância de grupos.