Notícias pós-enchente no Rio Grande do Sul : Rodoviária de Porto Alegre, Aeroporto Salgado Filho, Sarandi, ocupações e povo Guarani

Alagamento Aeroporto Salgado Filho em Porto Alegre - Sortimento Notícias Enchente no Rio Grande do Sul

Notícias pós-enchente no Rio Grande do Sul : Rodoviária de Porto Alegre, Aeroporto Salgado Filho, Sarandi, ocupações e povo Guarani

A newsletter da Matinal destaca a retomada de polos logísticos importantes de Porto Alegre, como a rodoviária, o aeroporto e o transporte público. Ainda repercute a aprovação de projeto na Assembleia que cerceia os direitos de pessoas que participarem de ocupações e revela as preocupações do povo Guarani com as inundações e a perda do território.


Sortimento Notícias enchente em Porto Alegre – Sortimento Notícias da enchente no Rio Grande do Sul


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Rodoviária de Porto Alegre deve retomar operações na sexta

Fechada desde que os alagamentos se intensificaram no início de maio, a Estação Rodoviária de Porto Alegre terá as operações retomadas nesta sexta-feira, dia 7, conforme anúncio feito ontem pelo governador Eduardo Leite (PSDB). Ainda que as atividades iniciais sejam mais restritas, com 52 linhas, a reabertura vai encerrar as atividades do terminal provisório, que fica entre as avenidas Antônio de Carvalho e Bento Gonçalves.

Para o retorno das operações, a prefeitura teve que antecipar a remoção da estrutura do corredor humanitário, construído no Largo Vespasiano Júlio Veppo. Outro modal de transporte importante, o catamarã – que costuma transportar mais de mil pessoas diariamente entre a capital e Guaíba – segue sem previsão de retorno.


Prevista para dezembro, volta das atividades no Salgado Filho deve ser lenta

Diante dos prejuízos milionários, o retorno das operações no Aeroporto Salgado Filho pode não ser como o esperado. A princípio, na segunda quinzena de dezembro, o aeroporto ainda não receberá voos internacionais e apenas uma parte da pista será liberada para aeronaves menores, conforme relatado por GZH. Em decorrência dos danos, o andar térreo do local pode seguir fechado, demandando que o desembarque seja realizado no segundo andar.

Segundo a Fraport, o retorno completo das atividades ainda depende das análises de uma empresa contratada pela concessionária, que deve apresentar os resultados no fim de julho. Recentemente, o governador Eduardo Leite anunciou que será realizado um levantamento para ampliar a malha aérea, o número de voos e a infraestrutura de aeroportos estaduais, enquanto os problemas no Salgado Filho persistem.

Na última terça-feira, o ICL Notícias denunciou que a Fraport não tem cumprido o contrato de concessão do espaço, deixando-o à própria sorte.


Mais de um mês depois da inundação, prefeitura recebe moradores do Sarandi

Na última segunda-feira, o prefeito Sebastião Melo participou de uma reunião com representantes do Sarandi, bairro que soma 26 mil moradores atingidos. Os moradores alegam que souberam do encontro por grupos de WhatsApp, sem um convite oficial vindo da prefeitura.

A reunião aconteceu cinco dias depois de os moradores realizarem protestos reivindicando o conserto imediato do dique rompido no bairro, além da retirada da água em pontos alagados. Como em tantas outras ruas de Porto Alegre, o cenário de destruição é a paisagem comum no Sarandi – mesmo depois de mais de um mês da cheia.

Por lá, os entulhos na frente do que restou das casas ainda convivem com a água dobrando a esquina. Na noite de terça-feira, o Dmae religou a Estação de Bombeamento de Águas Pluviais 9, localizada no Sarandi.


Deputados aprovam projeto que cerceia direitos de pessoas ligadas a ocupações

A Assembleia Legislativa aprovou, por 35 votos a 14, um projeto que prevê sanções administrativas a “ocupantes e invasores de propriedades rurais e urbanas”. O texto, de autoria do deputado Gustavo Victorino (Republicanos), seguirá para a sanção do governador Eduardo Leite. No entanto, caso seja validado pelo Piratini, a oposição já informou que entrará com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) por entender que a matéria é uma forma de criminalização de movimentos sociais.

Autor do PL, Victorino afirmou que o texto “faz cumprir a lei”. Nesta quarta, a Assembleia recebe uma audiência de mediação sobre a ocupação Desabrigados da Enchente, que chegou a ser alvo de ordem de reintegração de posse na segunda-feira.


Indígenas temem deixar suas casas pela inundação e perder território

Um informe do dia 22 de maio da Secretaria de Saúde Indígena (Sesai), ligada ao Ministério da Saúde, aponta que 16.691 indígenas foram afetados pelas enchentes no Rio Grande do Sul, de forma direta ou indireta, abrangendo mais de 5 mil famílias. Isso representa quase metade da população indígena gaúcha, estimada em 36 mil pelo Censo de 2022.

Seis dos sete polos-base no Rio Grande do Sul têm aldeias parcial ou totalmente isoladas, somando 45 aldeias, com 11.743 indígenas e 3.581 famílias, distribuídos em 30 municípios, de acordo com o Ministério dos Povos Indígenas. Os polos reportaram impactos na comunicação, no fornecimento de energia elétrica nas residências e na unidade de saúde, danos nos Sistemas de Abastecimento de Água e nas estruturas dos serviços de saúde, necessidade de evacuação e dificuldade de acesso às aldeias.

Em meio a esses problemas, surge o temor de perder seus territórios, como ocorreu com a comunidade Guarani Araçaty, em Capivari do Sul. Com a subida do rio Capivari, famílias precisaram se abrigar na escolinha do território, esperando a água baixar. Contudo, aquela é uma área de retomada, sem demarcação oficial. Sair do território pode significar não retornar.

(Reportagem da @agenciapublica , reproduzida no site da Matinal)


Participe da Sabatina Parêntese com geógrafo Rualdo Menegat

No sábado, dia 8 de junho, ocorre a segunda edição da Sabatina Parêntese – Conversas sobre o futuro, promovida pela Matinal. Rualdo Menegat, geólogo e professor da UFRGS, discutirá “Cinco questões para entender e pensar o futuro pós-inundação”. O papo será conduzido por Luís Augusto Fischer. Há duas semanas, a conversa foi com a física Márcia Barbosa, que enfatizou a importância da ciência na reconstrução pós-desastres climáticos. O encontro será na Livraria Paralelo 30 a partir das 11h. A entrada é franca.


SOS Bibliotecas Rio Grande do Sul

A Biblioteca Nacional criou um canal para orientar a recuperação de acervos atingidos pelas enchentes no RS. Entre as iniciativas propostas pela Fundação Biblioteca Nacional, vinculada ao Ministério da Cultura, foi lançada a página SOS Bibliotecas Rio Grande do Sul, com informações sobre técnicas de recuperação de documentos, livros e fotos. As instruções levam em conta a falta de materiais para realizar esse tipo de trabalho e incluem vídeos sobre biossegurança. Para dúvidas não esclarecidas no material, há um formulário que será respondido individualmente. Nas redes sociais, a instituição também divulga dicas sobre a recuperação de livros e documentos.


Pós-enchente

As enchentes geram diversas consequências, principalmente altos prejuízos humanos e econômicos. O transbordamento dos rios atinge anualmente diversas zonas urbanas.

As consequências das enchentes urbanas gera prejuízos materiais, como perda de bens, veículos e danos às edificações. Existem também prejuízos sociais, como desalojamento de pessoas, problemas na mobilidade urbana e proliferação de doenças transmitidas pela água

Após as águas baixarem é necessário retirar a lama e desinfetar o local (sempre se protegendo). Deve- se lavar pisos, paredes e bancadas desinfetando com água sanitária na proporção de 2 xícaras das de chá (400ml) desse produto para um balde de 20 litros de água, deixando agir por 30 minutos.


Giro de Notícias

Ruas do 4º Distrito, na zona norte, e do Guarujá, ao sul da capital, ainda registravam acúmulo de lixo e áreas alagadas no começo desta semana.

Os terminais Rui Barbosa e Parobé, impactados pelos eventos extremos, retomam as operações hoje, atendendo usuários de 53 linhas de ônibus.

Setenta novos leitos serão abertos pelo governo federal em quatro hospitais do Grupo Hospitalar Conceição, com estimativa de um total de 120 novos leitos ainda em junho.

No último mês, a inflação em Porto Alegre foi a maior entre as sete capitais pesquisadas pela Fundação Getúlio Vargas: o Índice de Preços ao Consumidor na capital gaúcha subiu de 0,10% em abril para 0,92% em maio.

Boletim da Secretaria da Saúde do RS informa 13 óbitos por leptospirose confirmados no estado, com sete mortes em investigação e 3.658 casos notificados.

E o governo do RS anunciou 46,6 milhões de reais de investimentos em escolas atingidas pela crise climática, dos quais 22,1 milhões serão destinados à contratação de serviços de limpeza e compra de materiais.

A prefeitura de Guaíba avalia que não será necessária a construção de uma “cidade provisória” para as vítimas da enchente. Em tempo: no RS, o número de pessoas em abrigos, que já alcançou 81 mil pessoas, diminuiu para 35 mil.

No meio da cobertura das enchentes, Juremir achou um tempinho para falar da treta entre Neymar e Luana Piovani e outra pauta relevante: A abominável proposta de privatização das praias.

O Musical Évora está de volta com a sua programação, às 12h30, no Theatro São Pedro, apresentando o grupo Nota Só.

A filósofa e escritora francesa Muriel Barbery é a conferencista do Fronteiras do Pensamento, às 20h, no Teatro Unisinos.

O MARGS deu início a um plano de recuperação após as inundações de maio.

A Netflix doou R$2 milhões aos trabalhadores do audiovisual do RS – o valor será repassado aos profissionais pela Fundacine.

O músico Leandro Bertolo lançou o álbum Almamaneira, com produção de Kleiton Ramil.


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Para lembrar nas eleições 2024

Basta ! Chega! A insuportável hipocrisia dos políticos negacionistas. Falta de investimento, ações contra o meio ambiente visando atender desejos financeiros de grupos e projetos de lei que esqueceram de cuidar e preservar a cidade visando aumentar a arrecadação.

Prefeitura de Porto Alegre, gestão Sebastião Melo (MDB ) liberou construções na Orla do Guaíba e no Parque Harmonia que interferiram no meio ambiente com retirada de árvores e uso de área com objetivo de aumentar receita através de concessões.

Eleições 2024. Quais os políticos e partidos no Executivo e Legislativo municipal de Porto Alegre votaram em leis, projetos e ações que não atenderam suas demandas, desejos e necessidades? Então vais reeleger?


Editorial Sortimento

As consequências da enchente no início do mês de maio/24 no Rio Grande do Sul não são somente catástrofe climática. É também, e principalmente, uma catástrofe política do executivo de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul, com a expressiva participação de vereadores e deputados estaduais da base do Paço e Piratini.

Leis e projetos foram aprovados e promovidos que geraram desmatamento no parque Harmonia visando o aumento de receitas municipais através de concessões, que inclusive, infringem a Lei do Silêncio e da poluição sonora. Continuando no município de Porto Alegre, temos ainda a desconsideração de alertas sobre as Casas de Bombas, diques e o sucateamento do DMAE visando a privatização. Já o estado, para atender grupos, apresentou projeto com aprovação na Assembleia que revogou mais de 480 regras ambientais. A conta chegou para os envolvidos e defensores do Estado mínimo.

A tragédia só não é maior por envolvimento significativo dos voluntários, dos servidores públicos, das forças de segurança, dos brasileiros, do governo federal e empresas.

Desejamos que por incompetência Sebastião Melo e Eduardo Leite e suas bases no Paço e Piratini não sejam protagonistas da reconstrução de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul. Não podem e não merecem. Que o eleitor lembre nas futuras eleições os nomes dos políticos e partidos que ajudaram a maximizar as consequências da cheia.