Rio Grande do Sul Notícias : ordem de despejo, novas cheias nos rios e processo eleitoral na UFRGS
Mesmo sob chuva e alerta meteorológico, a Brigada Militar cumpriu a ordem de despejo em um prédio público que estava vazio havia mais de dez anos ontem em Porto Alegre. A ocupação Sarah Domingues, mais uma composta por afetados pela enchente, permaneceu no local por 12 horas, sucumbindo a uma saída que teve cenas violentas, como reporta Gregório Mascarenhas.
Enquanto Porto Alegre teve menos chuva que o esperado, cidades do interior, em especial nos vales, sofrem novas cheias em seus rios – o impacto dessa elevação deve ser sentido no Guaíba nos próximos dias.
A newsletter da Matinal também traz o início do processo eleitoral na UFRGS, com votação paritária pela primeira vez. Três candidatas disputam a sucessão de Carlos Bulhões, alvo de dois pedidos de destituição.
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Sob chuva, Brigada Militar desfaz ocupação em prédio da antiga sede da Fepam
A Ocupação Sarah Domingues, que habitou o prédio da antiga sede da Fundação Estadual de Proteção Ambiental, um edifício público estadual de 13 andares, interditado desde 2013, não foi lar por mais do que uma noite. No domingo, sob a vigência de um alerta meteorológico da Defesa Civil para Porto Alegre, a Brigada Militar despejou os cerca de 200 ocupantes do edifício, provenientes das áreas atingidas pelas enchentes – sobretudo da zona norte da capital, de Canoas e de Eldorado do Sul, de acordo com o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), responsável pela ocupação.
O despejo teria ocorrido “em razão do perigo à segurança das pessoas na edificação, que já havia sido interditada por apresentar risco de queda de marquises”. Entretanto, ocupantes foram enfileirados debaixo justamente dessa cobertura, logo depois do esvaziamento do prédio, que fica no Centro Histórico, entre as avenidas Júlio de Castilhos e Mauá, na esquina com a rua Carlos Chagas.
Na tarde de ontem, sob chuva, famílias foram levadas em ônibus da Brigada Militar à Delegacia de Pronto Atendimento, no Palácio da Polícia. Questionadas pela reportagem sobre quem teria acionado a polícia para a desocupação, tanto a assessoria do governo estadual quanto a Secretaria de Segurança Pública (SSP) não responderam.
De acordo com a Defensoria Pública do Estado do Rio Grande do Sul (DPE), o despejo ocorreu sem a apresentação de decisão judicial – e o defensor não pode acompanhar a incursão de policiais no prédio. Segundo relatos, houve utilização de gás de pimenta. À Matinal, a vereadora Biga Pereira (PCdoB) disse que ela e uma assessora foram agredidas fisicamente por dois policiais.
Capital gaúcha tem menos chuva que o previsto
Porto Alegre teve menos chuva do que o esperado ao longo do fim de semana. No domingo, quando modelos meteorológicos indicavam a possibilidade de até 100mm de precipitação, o acumulado na estação Jardim Botânico do Inmet não chegou a 44mm. Assim, foi possível manter os serviços na cidade sem grandes contratempos.
Os sacos de areia improvisados pela prefeitura sobre os bueiros no 4º Distrito sequer foram testados – se desmancharam mesmo sob a chuva fraca. Para os próximos dias, a sequência de precipitação e a chegada do vento sul podem elevar o nível do Guaíba até a cota de alerta, em 3,15m, conforme o Instituto de Pesquisas Hidráulicas da UFRGS.
RS registra microexplosão e inundações
O fim de semana, porém, não foi de calmaria no restante do estado. Na noite de sábado, um temporal classificado como microexplosão atingiu São Luiz Gonzaga, no noroeste do estado. O fenômeno, acompanhado de granizo e vento, afetou cerca de 15 mil pessoas na cidade, que ficou sem luz e água.
Na noite de domingo, a situação era preocupante nos vales: Três Coroas e Igrejinha já registravam desalojados por conta da inundação do rio Paranhana; famílias também eram removidas em Lajeado com a subida do rio Taquari – situação semelhante em São Sebastião do Caí. Às 19h20, a Defesa Civil do estado emitiu alerta sobre riscos de inundação do rio dos Sinos a partir de Taquara.
Conselho de Reconstrução do Piratini dá mais espaço ao agronegócio do que ao meio ambiente
Empossado na última semana, o Conselho do Plano Rio Grande – Programa de Reconstrução, Adaptação e Resiliência Climática do Rio Grande do Sul não conta com nenhuma entidade ambientalista do estado, conforme mostra o Sul21. Dos 178 integrantes, apenas quatro têm relação direta com o meio ambiente: um representante do Conselho Estadual do Meio Ambiente; um membro do Conselho Estadual de Saneamento, um representante do Conselho Estadual de Recursos Hídricos; e um membro do Fórum Nacional de Comitês de Bacias Hidrográficas.
O setor da construção civil também possui quatro, enquanto as áreas da logística e do agronegócio têm seis. O papel dos conselheiros será propor, avaliar e monitorar as problemáticas recebidas, além de participar das câmaras temáticas que serão criadas para análise e discussão dos assuntos indicados.
Pela primeira vez com voto paritário, UFRGS inicia processo eleitoral
A campanha eleitoral para a reitoria da UFRGS iniciou no sábado e vai até o dia 15 de julho, quando ocorre a consulta à comunidade acadêmica. Pela primeira vez, a votação será paritária, com votos de professores, alunos e técnico-administrativos tendo o mesmo peso na ponderação dos resultados a serem encaminhados ao Conselho Universitário (Consun). São três as chapas inscritas nesta etapa, encabeçadas por Liliane Ferrari Giordani, Ilma Simoni Brum da Silva e Márcia Cristina Bernardes Barbosa, que devem participar de cinco debates ao longo do próximo mês.
A eleita substituirá Carlos Bulhões – alvo de dois pedidos de destituição aprovados pelo Consun ao longo de seu mandato. A próxima gestão irá dirigir a universidade entre 2024 e 2028.
Mulheres protestam contra “PL do estuprador” em Porto Alegre
Com gritos como “Fora Lira” e “Aborto legal e seguro”, centenas de mulheres reuniram-se Esquina Democrática, na última sexta-feira, dia 14, em ato contra o Projeto de Lei 1904/24, que equipara aborto a homicídio. O canto “legaliza / o corpo é nosso / é nossa escolha / é pela vida das mulheres” e os cartazes com os dizeres “Criança não é mãe” e “Estuprador não é pai” arrastaram uma multidão por toda a marcha que seguiu em direção ao viaduto da Borges.
O protesto aconteceu também em outras cidades do país. O texto, que passou a tramitar em regime de urgência na Câmara, propõe que o aborto praticado após as 22 semanas de gestação, em todas as circunstâncias, seja classificado como homicídio, mesmo nos casos de gravidez resultante de estupro. Sob esta proposta, a penalidade para a mulher que realizar o procedimento seria de seis a 20 anos de prisão. O presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) afirmou que não tem previsão para votar o projeto, segundo a CNN.
Orientações para recuperar as fotos danificadas nas enchentes
O Núcleo de Antropologia Visual (Navisual) da UFRGS oferece orientações para recuperar as fotos danificadas nas enchentes. A primeira recomendação é tirar outra foto com o celular, antes da limpeza. Para manusear, é preciso ter cuidado, equipando luvas de borracha, máscara facial, óculos de proteção e avental. Então, basta mergulhar a fotografia em uma bacia com água limpa e fria, repetindo até a sujeira sair. Para secar, o melhor é deixar a foto sobre um papel que absorva a água, com a imagem para cima, por 72 horas. Depois, é só colocar dentro de um livro pesado.
Federação Varejista do RS – Campanha Reergue RS – Marcas Gaúchas – Sortimento Comunicação
Giro de Notícias
Após 41 dias fechado, o Mercado Público reabriu na última sexta, com 16 restaurantes do segundo piso em funcionamento. A partir de amanhã, o horário e o número de lojas serão ampliados.
O aeroporto Salgado Filho passou por inspeções técnicas da Infraero, que pretende apoiar a Fraport com “novas opiniões” na tentativa de reabrir o local o mais breve possível.
Enquanto isso, a Ceasa retoma as atividades na sede do bairro Anchieta hoje, das 12h30 até 18h. Já na terça-feira, o funcionamento deve voltar ao horário normal.
A travessia entre Porto Alegre e Guaíba através do catamarã continua sem previsão de retorno. A CatSul aguarda melhores condições hidroviárias e de segurança, e deve avaliar o efeito das chuvas deste final de semana.
O Dmae deve finalizar a recuperação do talude que cedeu com as chuvas no Arroio das Pedras, na zona norte, até o início de julho. A obra seguirá bloqueando cruzamento na avenida General Raphael Zippin.
O mutirão de emissão de documentos “Central Cidadania” atende a população desabrigada e em situação de vulnerabilidade nesta semana. O serviço acontece no estacionamento do Shopping Total, das 13 às 18h.
Foram reabertas, ontem, as inscrições do Enem para estudantes do Rio Grande do Sul. O novo prazo vai até sexta-feira, dia 21, às 23h59.
Diversos concursos públicos do estado estão com editais abertos, somando 281 vagas. Em Porto Alegre, a UERGS oferece 27 cargos entre os níveis médio, técnico e superior.
Morreu o Patineti, produtor musical de Elis Regina entre outros artistas. Ayrton dos Anjos tinha 82 anos. Seu velório será realizado hoje no Theatro São Pedro.
Porto Alegre nunca mais será a mesma depois de 2024, e as pautas relacionadas à enchente devem ser o tema central das próximas eleições municipais. A Matinal lançou uma campanha para ampliar a cobertura e fortalecer o debate público. Não deixe de apoiar! A Matinal precisa aumentar a base de apoiadores para fortalecer o jornalismo. Com a campanha #EleiçõesParaQuemSeImporta, novos apoios recorrentes anuais geram novos produtos durante o período eleitoral. Faça o seu apoio em quero apoiar a Matinal
Questionamentos
As gestões de Nelson Marchezan Jr (PSDB) e Sebastião Melo (MDB) na Prefeitura Municipal de Porto Alegre em parceria com aliados do Paço na Câmara de Vereadores negligenciaram a preservação e manutenção do DEP, diques e casas bombas. O executivo e maioria do legislativo municipal, negacionistas, atuaram e continuando atuando contra o meio ambiente. O prejuízo causado ao comércio varejistas, empresas e população é no mínimo 20 vezes o valor não investido em prevenção.
Não foi somente uma catástrofe climática, também é uma tragédia política que adota modelo de gestão que contempla os desejos, necessidades e interesses de alguns mesmo que isso represente perdas e prejuízos para a grande parte da população e empresários.
Será que os políticos e partidos que estão no Paço e suas bases no legislativo vão continuar ganhando do empresariado e do eleitor o apoio nas próximas edições ? Financiar, manter apoio e reeleger e eleger políticos dos partidos envolvidos na tragédia é ser assumir a desqualificação de ‘eleitor prego’ – aquele que leva na cabeça.
Giro RS no Sortimento
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