FED mantém a taxa de juros entre 0% e 0,25%, em linha com expectativas e PIB dos Estados Unidos supera expectativas no 4T21

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FED mantém a taxa de juros entre 0% e 0,25%, em linha com expectativas e PIB dos Estados Unidos supera expectativas no 4T21

De acordo com o comunicado, um aumento dos juros será apropriado no curto prazo, o que esperamos que aconteça já na próxima reunião (15 e 16 de março). A autoridade monetária também confirmou a redução da compra de ativos, que se encerrará em março.

Dessa forma, em fevereiro, o Banco Central americano aumentará seu balanço com compras de US$ 20,0 bilhões em títulos do tesouro e US$ 10,0 bilhões em ativos ligados a hipotecas. A partir de março, o ritmo de aquisições será zerado e, segundo indicação do FED, a redução do balanço deve iniciar já no segundo semestre.

O Presidente do FED, Jerome Powell indicou que a taxa básica de juros será a principal ferramenta de política monetária. A partir do material de projeções mais recente, a maior parte dos membros do comitê
espera três altas nesse ano, com os juros convergindo para o intervalo entre 0,75% e 1,0%, enquanto o
mercado já precifica cinco altas. De fato, há considerável divergência de opinião entre os membros do comitê quanto às projeções dos próximos três anos, o que deve manter a incerteza para o desempenho da economia e dos mercados financeiros.

Além disso, outros fatores parecem afetar a inflação de forma mais permanente. A pandemia, juntamente
das respostas de política econômica pelas autoridades americanas, permitiu o surgimento de um quadro com uma demanda forte e uma oferta limitada. Essa situação é bem ilustrada no mercado de trabalho, não apenas pela queda da taxa de desemprego para patamar de 3,9%, mas também por uma razão entre
indivíduos em busca de emprego e vagas abertas muito abaixo da unidade, em nível historicamente
baixo. Esse fator tende a contribuir para pressões nos salários e nos índices de preços daqui em diante.

Além da alta nos juros, devemos observar, no segundo semestre do ano, movimentos de redução do balanço do Banco Central. Conforme informado, essa ferramenta é secundária para a obtenção dos
objetivos da política monetária americana. Apesar disso, pode haver um impacto relevante nas condições
financeiras e nos preços dos ativos, na medida em que limita a liquidez no sistema financeiro. Ademais, a
redução deve se concentrar nos títulos ligados a hipotecas, já que a autoridade monetária pretende
concentrar seu balanço em emissões do governo, mitigando os efeitos da política monetária na alocação
do crédito. Dessa forma, será importante acompanhar os indicadores de desempenho e os preços no setor imobiliário nos próximos meses.

Com a inflação ganhando caráter mais permanente, o FED pode ter de acelerar o ritmo de contração monetária O núcleo de inflação, na métrica do PCE, acumulou 4,7% nos 12 meses até novembro. A diferença desse indicador para a meta de 2,0% aumentou expressivamente ao longo de 2021. Em boa parte, isso se deve aos duradouros gargalos de oferta na economia americana, associados à escassez de
insumos, aumento dos atrasos e dos custos de produção. Embora alguns dados mostrem os primeiros sinais de normalização, como uma moderação parcial do frete marítimo e a desaceleração do tempo de entrega, essa situação só deve se reverter totalmente entre o final de 2022 e início de 2023.

Para os próximos meses, esperamos que a inflação americana desacelere lentamente, terminando o ano
ainda substancialmente acima da meta. Em particular, devemos observar um aumento relativo da
inflação de serviços em relação à de bens. Na medida em que os serviços não podem ser importados, seus preços finais são mais sensíveis ao custo elevado da mão de obra, seu principal insumo; já os bens, que são transacionáveis, manterão alguma paridade com o preço internacional, de forma que o ajuste se dará primordialmente nas margens das empresas ofertantes. Nesse cenário, o FED deverá adotar discurso mais hawkish e intensificar a contração monetária, via juros e redução do balanço, de forma que ativos de duration mais longo e países com fundamentos externos mais frágeis podem apresentar pior desempenho relativo.

PIB dos Estados Unidos supera expectativas e cresce 6,9% no quarto trimestre

Projeção mediana do mercado era de alta de 5,5%, já precificando um crescimento robusto. Além
disso, o dado também superou por muito a leitura de apenas 2,3% no terceiro trimestre, quando a
economia sofreu de forma mais incisiva os impactos da variante Delta e dos gargalos de oferta. O PIB americano fechou 2021 com alta de 5,7%, a maior desde 1984, o que reflete, em grande parte, a base de comparação comprometida pela pandemia.

Principal contribuição no trimestre veio da recomposição de estoques das firmas

Esse agregado contribuiu com alta de 4,9 p.p. do número final. Embora os gargalos de oferta ainda devam perdurar ao longo do ano, as empresas já mostram maior capacidade de adequar sua
produção em relação ao nível demandado pelo mercado. O consumo das famílias também
contribuiu de maneira significativa, com 2,3 p.p. do crescimento total. Em particular, houve
crescimento das despesas com serviços, em movimento esperado dada a melhora do quadro da
pandemia ao longo do trimestre, enquanto os gastos com bens duráveis e não duráveis mostrou
estabilidade. A contribuição negativa veio da despesa do governo, equivalente a -0,51 p.p., com
redução dos gastos federais com defesa e regionais com folha salarial e investimentos. As exportações líquidas e os investimentos também mostraram certa estabilidade no quarto trimestre.

Perspectivas para o PIB em 2022 seguem positivas

Embora deva desacelerar em relação à taxa do último ano, a atividade econômica deve crescer
cerca de 4,0% em 2022. Esperamos um avanço do consumo das famílias em linha com o aumento dos salários e a poupança acumulada pelos indivíduos, e na medida em que a contaminação pela variante Ômicron recua (conforme já vem ocorrendo). Outro fator importante será a elevação do investimento, que deve refletir a percepção de demanda forte e a melhora gradual dos gargalos de oferta. Vale acompanhar, no entanto, o efeito da contração monetária que se inicia nas condições financeiras, de forma a mensurar seu impacto no crédito às famílias e empresas.

De acordo com o CBO, a economia americana já se encontra apenas 0,5% abaixo do seu nível
potencial. Caso o avanço do PIB de aproximadamente 4,0% se verifique, tendo em vista o ritmo de crescimento potencial de cerca de 2,0%, o hiato do produto deve se tornar positivo já em 2022.

Segundo o FMI, essa métrica deve se manter acima do neutro pelos próximos cinco anos, embora em desaceleração, convergindo para cerca de 1,0% em 2026. Com isso, e tendo em vista a possibilidade de aprovação de novos pacotes amplos de gastos fiscais, as pressões sobre os preços de serviços devem ganhar notoriedade, o que reafirmará a necessidade de o FED elevar as taxas de juros e conter as pressões inflacionárias nos próximos anos.

Inflação continuou acelerando no quarto trimestre

Na contramão do otimismo trazido pela atividade, o núcleo de inflação avançou para 4,9% no último trimestre, em termos anualizados. Dessa forma, o indicador segue em patamar bastante elevado, acima da média para o ano de 3,9% e bem acima da meta de 2,0% do FED, o que reforça o discurso mais hawkish adotado pela autoridade monetária recentemente e prescreve um aumento da taxa básica de juros já na reunião de março.


  • material produzido com informações : Inter Research do Banco Inter