Investimentos 2021 : balanço de setembro e perspectivas para outubro

Dinheiro Cedula de 200 Reais Banco Central

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Crescimento global tende a desacelerar ao mesmo tempo que esperamos a redução dos estímulos monetários devido à inflação mais persistente. Mas com a queda recente da bolsa brasileira, o cenário ainda favorece a alocação diversificada em ações no Brasil e no exterior. No médio e longo prazo, a valorização das bolsas deve seguir com o crescimento dos lucros das empresas, principalmente nos setores de tecnologia, financeiro e varejo. A expectativa de retomada dos serviços continua, mas a indústria e setores exportadores no Brasil podem apresentar moderação do crescimento, após a forte alta na primeira metade do ano.

A inflação segue como um risco para o cenário

O IPCA deve ultrapassar 8% em 2021 e a desaceleração da inflação em 2022 será mais gradual, chegando em 4% em 2022 e convergindo para o centro da meta apenas em 2023. Com isso, mantemos a recomendação na alocação em títulos indexados ao IPCA, em pelo menos 10% da carteira. A queda dos FIIs, devido a maior aversão a risco, deixou a classe de ativos ainda mais atrativa, com descontos que chegam a 20% sobre o valor patrimonial em alguns fundos, e retorno esperado próximo de 8% a.a. no dividendo mais a correção da inflação que ainda está defasada no caso
dos fundos de tijolo.

Mercado Internacional

Setembro foi marcado por alta volatilidade nos mercados globais A inflação continua a persistir na economia global e um novo receio sobre o fim dos estímulos nos países desenvolvidos e possível alta de juros mais cedo que o esperado motivou realocações nos portfolio globais, impactando as bolsas e o mercado de títulos do tesouro americano. Nos EUA, os juros de 10 anos voltaram a subir e fecharam o mês em 1,5% a.a. As bolsas tiveram queda e o S&P perdeu 4,8% no mês e o índice Nasdaq –5,3%. No ano, as bolsas americanas ainda acumulam alta de 15% e 12% respectivamente.

A China também contribuiu para o cenário de maior aversão a risco em setembro. A notícia de default da Evergrande, uma das maiores construtoras do país, causou preocupações com relação a um contágio no mercado de crédito chinês. Por enquanto, a empresa renegocia suas dívidas diretamente com seus credores, mas os indicadores antecedentes já apontam que a economia chinesa pode ter uma desaceleração maior que o esperado para 2022.

Commodities

Commodities de energia, petróleo e gás, tem forte alta em setembro/21

Apesar de indicadores de crescimento global mais moderado, o índice de commodities (CRB) teve nova alta de 4,5% em setembro e chegou ao maior patamar desde 2015. No ano, o índice acumula alta de 36%. A principal contribuição veio da alta do petróleo e do gás e vários países ainda sentem problemas de oferta de insumos. A elevação dos preços dos combustíveis tende a deteriorar o cenário de inflação, que deve seguir em alta nos próximos meses, sendo mais persistente do que o esperado, também podendo antecipar decisões de retiradas de estímulos monetários nas economias desenvolvidas.

Por outro lado, a inflação maior pode resultar em desaceleração do crescimento global, arrefecendo a demanda. Algumas commodities já mostram acomodação ou até mesmo redução de preços, como soja, milho e minério de ferro. A redução dos estímulos monetários e fiscais e o retorno gradual dos setores de serviços, também devem redirecionar a demanda por bens, que teve forte alta nos últimos meses

Cenário Doméstico

A nova alta da inflação e as revisões de expectativa para a Selic foram os destaques de Setembro/21. O IPCA-15 surpreendeu com alta de 1,14% e as expectativas para a inflação e Selic foram novamente revisadas para cima pelo mercado. O Banco Central, no entanto, confirmou o ritmo de alta da taxa dos juros em 1,00 p.p. e esperamos que a Selic encerre o ciclo em 8,25% em dezembro de 2021. O cenário é de aperto monetário e o resultado deve ser uma desaceleração do crescimento em 2022.

Por outro lado, indicadores econômicos divulgados no mês foram positivos, como emprego, dados de crédito e fiscais, indicando que a economia continua em tendência de recuperação, apesar de maiores riscos. Os dados de emprego da
PNAD de julho e do Caged de agosto mostraram uma recuperação mais forte do mercado de trabalho, o que deve contribuir para manter a demanda ainda em alta nesse semestre. Os dados de concessão de crédito também mostram
crescimento, contribuindo para a retomada da atividade, principalmente do setor de serviços, ainda defasados pelos impactos da pandemia, e também sustentando o bom nível de investimentos na economia.

Taxa de Juros no Brasil

Curvas de juros real e nominal tiveram nova alta em setembro/21. As taxas de juros de mercado continuam bastante pressionadas. Não somente o risco de inflação mais persistente resultam em juros maiores de mercado, mas ainda observamos elevados prêmios que refletem uma maior percepção de risco fiscal, com as incertezas acerca do orçamento de 2022 e os desdobramentos da Pec dos Precatórios, da reforma tributária e do novo programa que substituirá o Bolsa Família. Por outro lado, o resultado fiscal vem surpreendendo positivamente, com o
crescimento da arrecadação, tanto real como nominal, e o controle de gastos, com a manutenção do teto fiscal. Um desfecho para o orçamento que mantenha a linha da responsabilidade fiscal, afastando riscos de novo crescimento
permanente de despesas e impacto na dívida pública, pode levar a uma redução dos prêmios de risco nas taxas de juros de mercado.

No atual cenário, a alocação em papeis indexados a inflação ainda é bastante vantajosa. Mesmo que a inflação desacelere mais rapidamente, as taxas de juros reais estão em patamar elevado e uma redução pode resultar em ganho de capital para os títulos de renda fixa.

Bolsa Brasil

Seguindo as bolsas internacionais, Ibovespa tem que da 6,6% em setembro/21. Ao longo de setembro, observamos forte deterioração dos ativos locais com a elevação das incertezas no cenário interno e maior percepção de risco no cenário externo, com os sinais de desaceleração da economia global. O caso envolvendo problemas de liquidez da
Evergrande, gigante chinesa do setor de construção e os efeitos que isso pode acarretar na economia chinesa levantaram o risco de uma contaminação global, o que trouxe ainda mais volatilidade aos mercados, em especial às companhias expostas às commodities metálicas, que viram seus papéis sofrerem correções mais fortes.

O Ibovespa recuou 6,6% no mês e acumula queda de 6,8% em 2021. Os índices com pior desempenho foram o IMAT (Materiais Básicos), com queda de 10,1%, e o IMOB (Imobiliário), com as empresas sofrendo os impactos de maiores pressões de custos, com alta das taxas de juros e inflação, motivos que também afetaram o IFNC (Financeiro), com queda de 9,4%.


Na outra ponta, o UTIL (Utilities) foi o único índice a fechar no campo positivo, avançando 0,39%, beneficiado por novas conversas sobre privatização e o novo marco do Saneamento em São Paulo. O IEEX (Elétricas) apesar de ter apresentado desempenho negativo (-2,1%), caiu menos que o IBOV, beneficiado pelo movimento natural de busca
por estes ativos mais defensivos, em momento de cenário adverso.

Para outubro, a expectativa é de recuperação moderada dos ativos, em especial nos setores onde, em nossa opinião, a correção acabou sendo exagerada. Empresas de commodities, frigoríficos e óleo e gás, devem seguir em ritmo de alta; já as expostas às commodities metálicas podem sofrer oscilações a depender do fluxo de notícias de um cenário ainda incerto na China (lembrando que haverá um feriado de uma semana no país, limitando as negociações locais no mês).

Fundos Multimercado

Abertura da curva de juros e queda das bolsas impactou a performance dos fundos. Os fundos multimercado
performaram, em geral, de forma negativa durante parte considerável do mês, apesar de terem reduzido o peso de
posições arriscadas frente a agosto. O destaque positivo foi para classe de juros e moeda, em virtude da ausência de alocação na bolsa brasileira, que apresentou considerável queda no mês.

Câmbio

Apesar da alta nas commodities, o real tem forte depreciação no mês e fecha cotado a R$5,44. A taxa de cambio teve mais um mês de alta volatilidade e forte depreciação, voltando ao patamar de R5,44. No ano, a taxa média é de R$5,33, mas nos últimos 3 meses, o real acumula depreciação de 9% e volta a ser fonte de preocupação com relação aos impactos na inflação, principalmente nos preços dos combustíveis, o que gera mais ruído sobre políticas fiscais. Desde a pandemia, o real não tem acompanhado o movimento de alta das commodities, como observado em ciclo anteriores. A elevação de preços do petróleo, mineiro e soja por exemplo, no mercado internacional, em geral tende a resultar em uma apreciação do cambio de países exportadores, o que de certa forma alivia os impactos inflacionários
domésticos. A descorrelação observada é resultado de uma piora no cenário de risco doméstico, ligado às questões fiscais que seguem gerando incertezas com relação à trajetória da dívida, o que acaba deteriorando também o cenário de inflação doméstica.

Fundos Imobiliários

Fundos de tijolo tem nova queda em setembro e acumula -10,1% no ano contra +4,4% dos fundos de Papel
O mercado de fundos imobiliários segue sofrendo com o aumento de taxa de juros e maior aversão a risco. No mês de setembro, a crise da incorporadora chinesa Evergrande também contribuiu para a volatilidade do setor imobiliário no Brasil. Ainda assim, os FIIs estão sendo negociados com um spread atrativo em relação a NTN-B, com prêmio de aproximadamente 4 p.p. e descontos em relação ao valor patrimonial entre 10% e 20%. Apesar de um cenário macro desafiador, o avanço da vacinação e a flexibilização das medidas restritivas impostas pela pandemia são esperança para a retomada do setor.

O IFI-E fechou o mês com queda de 2,4%. Os fundos de tijolos vem sendo afetados com maior vacância e os alugueis ainda não refletem a correção correspondente à alta da inflação, o que deve vir gradualmente na medida que os contratos são renovados junto com a retomada dos setores mais afetados pela crise. No mês, destacamos a recuperação do setor de shoppings, que apresentaram nível de vendas de volta ao patamar de 2019.

O IFI-D rendeu -0,6% no mês e no ano acumula performance positiva de +4,43%. Os fundos de papel já negociam próximos ao valor de mercado e tem performance relativamente melhor, sendo mais resilientes às recentes oscilações do mercado

Fonte : Inter Invest