Notícias enchente no Rio Grande do Sul : Casas de bombas, nível do Guaíba, desabrigados e Defesa Civil RS

Enchente Centro Histórico de Porto Alegre - Sortimento Enchente do Guaíba

Notícias enchente no Rio Grande do Sul : Casas de bombas, nível do Guaíba, desabrigados e Defesa Civil RS


Nível do Rio Guaíba pode chegar a 5,5 m entre terça (14) e quarta (15), ultrapassando o recorde de 5,35 da última semana. Prefeitura de Canoas (RS) pede que moradores deixem imediatamente seus lares.


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Com previsão de nova cheia histórica no Guaíba, 16 casas de bombas seguem desligadas

Após cinco dias de baixa sustentada no nível do Guaíba e nos rios que nele deságuam, a água voltou a subir ontem, com perspectiva de novo marco histórico. Segundo o Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da UFRGS, todos os modelos de previsão indicam agravamento das inundações e cheia duradoura – e o acúmulo das chuvas segue cobrando seu preço em Porto Alegre: 16 estações de bombeamento permanecem desligadas de um total de 23 espalhadas pela cidade.


Tendência do Guaíba

A tendência é que o Guaíba volte a atingir o patamar de 5 metros, no cenário mais otimista. Na pior hipótese, que está se confirmando, a cheia pode ultrapassar o ápice (5,35m) registrado no dia 5 de maio e chegar a 5,50m. Com a nova elevação, somada às falhas do sistema de drenagem da capital, as entradas de água através das comportas e casas de bomba devem continuar, afirma o professor Fernando Dornelles, doutor em recursos hídricos e integrante do IPH.

A Matinal entrevistou ontem o pesquisador para saber quais são as possibilidades de inundação em cada região da cidade, considerando o estado atual das estruturas que protegem Porto Alegre da cheia. “Com toda essa chuva, com os vazamentos, as entradas de água que foram o grande problema, pelas comportas, continuam. O que eu vejo de perspectiva, para baixar a água, só quando o nível do Guaíba descer”, afirma Dornelles. Na manhã desta segunda-feira, a medição no Cais Mauá estava em 4,75m, 1,75m acima da cota de inundação.


Casas de bombas serão essenciais para escoamento das ruas de Porto Alegre

Não bastasse ter falhado na contenção do Guaíba por conta da falta de manutenção, como reportagem da Matinal mostrou semana passada, o sistema de defesa contra enchentes de Porto Alegre poderá ocasionar atraso no escoamento das águas que ainda inundam partes da cidade. Para reverter o quadro, é preciso retomar o funcionamento pleno do sistema de bombas da capital, que até a noite de ontem operava com menos de um terço de sua capacidade – eram sete de 23 em funcionamento, com expectativa de retomar a operação em outras duas até terça. Com previsão de repique da cheia, Porto Alegre alcança nesta segunda-feira o 11º dia seguido com o Guaíba acima dos 4 metros de altura.


Defesa Civil prevê mais de 1,7 mil desabrigados no sul do RS

A elevação do nível das águas na região sul do estado ainda preocupa em cidades como Pelotas, Rio Grande e São Lourenço do Sul. Na noite de ontem, o canal de São Gonçalo – que liga a Lagoa Mirim à Lagos dos Patos, em Pelotas – atingiu o nível de 2,88m, alcançando o marco histórico da enchente de 1941. A prefeita da cidade, Paula Mascarenhas (PSDB), estima que as águas alcancem 3,30m até quarta-feira. O cenário se agrava, segundo estudos da Universidade Federal de Pelotas, com a previsão de ventos que devem afetar a evasão de água do canal. Em Rio Grande, não só a Lagoa dos Patos como também as águas da enseada Saco da Mangueira invadem ruas e residências. Em toda a metade sul, o número de desabrigados deve ultrapassar 1,7 mil pessoas.


Prefeito de Canoas pede que moradores evacuem 7 bairros

A prefeitura de Canoas emitiu alerta na tarde de ontem pedindo que os moradores dos bairros Rio Branco, Fátima, Mato Grande, Harmonia, Mathias Velho, São Luís e Niterói evacuem as casas imediatamente. Em vídeo, o prefeito Jairo Jorge (PSD) afirmou que as áreas devem voltar a alagar em razão do grande volume de chuva nas regiões dos rios Taquari, Sinos, Caí, Jacuí e Gravataí.


Estudo 2018 da Metroplan apontava alternativas para deter enchentes na região metropolitana

Municípios vizinhos da capital já conheciam medidas preventivas para cheias e as consequências de não tomá-las, segundo reportagem do Sul21. A Fundação Estadual de Planejamento Metropolitano e Regional (Metroplan) apresentou, em 2018, o Plano de Proteção Contra Cheias às gestões das prefeituras da época. O estudo projeta cenários e propõe alternativas, como a remoção de pessoas das regiões inundáveis e a construção de diques de proteção. Secretária de Mobilidade Urbana da prefeitura de Canoas de 2021 a 2023, a arquiteta Letícia Xavier Corrêa diz que uma pauta frequente nas reuniões sobre o plano diretor da cidade era a “famosa ‘mancha de inundação’ da Metroplan. Quem trabalha com planejamento urbano na região metropolitana de Porto Alegre já ouviu falar muito sobre esse tema”, relata.


Giro de Notícias

Dados da Defesa Civil do RS atualizados às 20h40 de domingo informam 145 óbitos, 132 desaparecidos, 538.743 pessoas desalojadas e 81.200 em abrigos. Foram resgatados 76.399 pessoas e 10.555 animais. Os municípios afetados no estado totalizam 447.

A propósito, pesquisadores da UFRGS criaram um repositório com dados das enchentes.

As chuvas de ontem provocaram extravasamento da barragem Lomba do Sabão, entre Porto Alegre e Viamão. A Defesa Civil informou que não há risco de rompimento, mas orientou que os moradores próximos da barragem deixem suas casas.

A Estação de Tratamento de Água (ETA) Moinhos de Vento, responsável por abastecer 21 bairros da região central de Porto Alegre, deverá retomar hoje suas operações, segundo o Dmae – que publicou um vídeo explicando como funciona o sistema de abastecimento. No momento, quatro das seis ETAs da cidade estão funcionando.

Em função do desabastecimento de água em Porto Alegre, cinco reservatórios comunitários estão sendo instalados em bairros centrais, fornecendo água potável à população. No início do mês, a Matinal mostrou que moradores tiveram que recorrer a fontes públicas na capital.

Em meio a casos de abusos, abrigos construídos exclusivamente para mulheres e crianças passam a funcionar em Porto Alegre.

A prefeitura definiu o Clube Farrapos como novo local de referência para o recebimento de doações na capital e criou um cadastro para que entidades e pessoas físicas consigam retirar doações em pontos de coleta.

Outra iniciativa relacionada a doações é do Fórum Social das Periferias, que elaborou um mapa com locais que estão recebendo e repassando itens.

Trabalhadores da capital e outros nove municípios do RS podem solicitar o Saque Calamidade. A liberação deve ser feita pelo Aplicativo FGTS ou diretamente nas agências do banco.

O comitê gestor do SOS Enchentes decidiu antecipar a distribuição dos valores arrecadados pelo Pix oficial do governo do estado, conforme publicou a Matinal. Serão distribuídos 2 mil reais por família, priorizando áreas afetadas que já apresentam potencial de recuperação e reconstrução.

Para absorver a demanda dos hospitais municipais, que funcionam acima da capacidade, Porto Alegre deve abrir UPAs provisórias em locais a serem definidos.

Outros quatro hospitais de campanha vão auxiliar as vítimas das enchentes em Porto Alegre e na região metropolitana. O primeiro deles, em Canoas, começou a funcionar no sábado (11).

O RS está recebendo 15 mil cobertores adquiridos com recursos das doações via pix da campanha SOS Rio Grande do Sul. O valor dos materiais é de R$ 300 mil e a compra foi decidida pelo comitê gestor do pix SOS Rio Grande do Sul, formado pelo governo do RS e entidades privadas.


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Prefeitura de Porto Alegre, gestão Sebastião Melo (MDB ) liberou construções na Orla do Guaíba e no Parque Harmonia que interferiram no meio ambiente com retirada de árvores e uso de área com objetivo de aumentar receita através de concessões.

É um combo dos gestores públicos com a conivência dos vereadores da base aliada ao Paço com o desleixo das casas de bombas, com a falta de manutenção do sistema de proteção da cidade e o sucateamento do DMAE

Tanto o município e o Estado do Rio Grande do Sul, através da gestão de Eduardo Leite e base governista na Assembleia Legislativa desconsideram o meio ambiente inclusive aprovando Projeto de Lei que revogada 480 normas de proteção ambiental.

Não é só uma catástrofe climática. É uma catástrofe de gestão pública do executivo e legislativo que desconsiderou avisos, a ciência e os estudos ambientais em prol de governança voltada para atender os desejos, necessidades, interesses e ganância de grupos.