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Consumidor : Oito em cada dez famílias paulistanas têm dívidas com cartão de crédito e desabam intenção de consumo e confiança dos consumidores
No momento em que o sistema financeiro tem limitado a oferta de crédito, as famílias paulistanas estão recorrendo cada vez mais ao cartão para manter o consumo, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). Em maio/21, oito em cada dez (78,9%) delas possuem alguma dívida deste tipo – taxa muito próxima do recorde histórico, de 79,7%, registrado em junho de 2012. Também é o maior número de lares endividados no cartão de crédito, na capital, desde novembro de 2019, quando ficou em 75,5%.
Para a Federação, os dados evidenciam uma deterioração das condições econômicas das famílias paulistanas, que encontram em dívidas (como a do cartão de crédito) as poucas saídas que restam para consumir – principalmente itens básicos, como alimentos. Vale lembrar que os cartões de crédito oferecem ao usuário taxas abusivas de até 18 a.m para parcelamento da fatura. Situação que mostra a apatia do Ministro da Economia e do governo federal nas questões que envolvem o mercado financeiro, que cobra altas taxas de juros do consumidor com aval do Palácio do Planalto.
Isso se vê também no aumento gradativo do porcentual de lares endividados na cidade, que atingiu a marca de 61,7% em abril – o maior desde o mesmo mês do ano passado, quando estava em 63,7%. A taxa ficou abaixo dos 60% entre junho de 2020 e fevereiro de 2021. Em números absolutos, são 2.452 milhões de pessoas com dívidas na capital paulista, atualmente. Por outro lado, os porcentuais de lares com contas atrasadas (18,8%) e daqueles que não têm condições de pagá-las agora (8,3%) permaneceram estáveis: eram de 18,4% e de 8,4% em março, respectivamente.
A FecomercioSP entende que os consumidores devem privilegiar o controle de suas despesas no contexto atual, principalmente no caso do cartão de crédito, em que, apesar da possibilidade de negociação com as instituições financeiras, quaisquer tipos de juros, multas e taxas significam a perda de um dinheiro que poderia ser utilizado no consumo.
Restrições abalam consumidores
Em meio às fases mais restritivas do Plano São Paulo, entre março e abril, além dos problemas econômicos evidenciados pelas taxas de endividamento, os consumidores da cidade de São Paulo estão mais inseguros em ir às compras. A Intenção de Consumo das Famílias (ICF), outra pesquisa elaborada pela Entidade, caiu 4,2% em abril: dos 73 pontos, no mês anterior, para 69,9 agora. O indicador vinha crescendo desde agosto do ano passado, apesar de cair 0,8 ponto porcentual entre fevereiro e março.
Todas as variáveis que compõem o indicador caíram em abril, com destaques negativos para a perspectiva profissional dos entrevistados (-7,2%), a compra de bens duráveis no momento atual (-6,5%) e os planos para consumir (-5,4%). Chama a atenção, porém, o patamar da variável sobre o nível de consumo, o menor entre todas as outras: com 49,1 pontos, indica que há muita insatisfação com as despesas domésticas.
Na comparação com abril de 2020, a queda do ICF é de 29,2% agora.
Já o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) teve queda mais brusca: 7%, em relação a março, e 6,3%, na comparação com abril de 2020. O indicador está nos 112 pontos agora. As duas variáveis que o compõem registraram baixas contundentes: O Índice Condições Econômicas Atuais ficou em 64,3 pontos – um patamar 8,1% menor do que o de março (69,9 pontos). O Índice de Expectativas do Consumidor, por sua vez, retraiu 6,7%, saindo dos 141,6 pontos para 132,1. No entanto, ao contrário de todos os outros indicadores, este subiu significativamente (7,5%) na comparação com o mesmo mês de 2020, quando a pandemia já ganhara força no País.
No geral, o entendimento da FecomercioSP é de que os consumidores devem manter cautela no curto prazo, levando em conta que a reabertura das atividades em São Paulo seguirá lenta, assim como o ritmo da vacinação da população no município. Para os empresários, a orientação é continuar com estratégias de vendas tais como oferecer promoções e tipos mais flexíveis de pagamento.
Notas metodológicas
ICF
O Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) é apurado mensalmente
pela FecomercioSP desde janeiro de 2010, com dados de 2,2 mil consumidores no município de São Paulo. O ICF é composto por sete itens: Emprego Atual; Perspectiva Profissional; Renda Atual; Acesso ao Crédito; Nível de Consumo; Perspectiva de Consumo e Momento para Duráveis. O índice vai de zero a 200 pontos, no qual abaixo de 100 pontos é considerado insatisfatório, e acima de cem pontos, satisfatório. O objetivo da pesquisa é ser um indicador antecedente de vendas do comércio, tornando possível, a partir do ponto de vista dos consumidores e não por uso de modelos econométricos, ser uma ferramenta poderosa para o varejo, para os fabricantes, para as consultorias, assim como para as instituições financeiras.
ICC
O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) é apurado mensalmente pela FecomercioSP desde 1994. Os dados são coletados com aproximadamente 2,1 mil consumidores no município de São Paulo. O objetivo é identificar o sentimento dos consumidores levando em conta suas condições econômicas atuais e suas expectativas quanto à situação econômica futura. Esses dados são segmentados por nível de renda, sexo e idade. O ICC varia de zero (pessimismo total) a 200 (otimismo total). Sua composição, além do índice geral, se apresenta como: Índice das Condições Econômicas Atuais (ICEA) e Índice das Expectativas do Consumidor (IEC). Os dados da pesquisa servem como um balizador para decisões de investimento e para formação de estoques por parte dos varejistas, bem como para outros tipos de investimento das empresas.