A economia Comportamental e as finanças pessoais
por Aecio Schroder da Silveira
Economia Comportamental (ou Behavioral Economics, em inglês) é um campo de estudo que mescla conhecimentos teóricos e empíricos de economia, psicologia e neurociência, principalmente. É uma crítica aos métodos econômicos tradicionais que partem do pressuposto que todas as decisões dos seres humanos são racionais, ou, a concepção do Homo Economicus.
Diametralmente oposta esta visão, a Economia Comportamental tem como princípios que nossas decisões não são tão racionais. As decisões são tomadas, também, com base no histórico ligado aos hábitos, experiências pessoais, ensinamentos familiares, influências emocionais e comportamento dos demais. É o pensamento que há interferências psicológicas e emocionais e que elas afetam nossas decisões.
Com o recebimento do Prêmio Nobel de Economia pelo estadunidense Richard Thaler, em 2017, as discussões e o interesse sobre a Economia Comportamental só cresceram.
Primeiramente, é fundamental trazer algo que Thaler disse após ser comunicado do Prêmio em Memória de Alfred Nobel: “Para fazer uma boa economia, você deve ter em mente que as pessoas são humanas.”
Trago alguns conceitos dos estudos de Thaler que representam os postulados da Economia Comportamental e suas influências nas nossas finanças pessoais.
As pessoas por não serem totalmente racionais nas suas decisões, criam contas de gastos separadas em suas mentes, focando na repercussão individual de cada uma delas e não no compto geral. Veja, como é interessante a irracionalidade de algumas decisões com base nas seguintes exemplos:
• Quem nunca pensou se a parcela ia caber no orçamento e não nos juros embutidos naquelas mesmas parcelas?
• Quem nunca comprou algo que não queria ou precisava apenas porque viu um promoção na Internet ou um cupom de desconto?
• Quem nunca comprou algo que não queria ou precisava apenas porque todas as pessoas estavam comprando? É o famoso efeito manada!
Quando se tem duas opções na mesa, a tendência do ser humano é optar pela pior alternativa devido à falta de hábito e tempo para reflexão. Os restaurantes fast-food baseiam-se nessa teoria! Um exemplo importante é que mesmo que todos saibamos que é melhor comer alimentos mais saudáveis, normalmente escolhemos opções mais prejudiciais à saúde.
Já reparou que tendemos a comprar o que está na linha dos nossos olhos nos supermercados? É a tendência ao menor esforço. Richard Thaler colaborou na alimentação de escolas quando propôs que fossem colocados mais próximo da entrada do refeitório as frutas e os vegetais frescos. Imagine o resultado! O consumo desses alimentos mais saudáveis aumentou e muito! Ou seja, a escolha independe de qualquer discussão sobre obesidade ou saúde para a compra de alimentos mais nutritivos ou não.
Estes exemplos devem nos levar a refletir e, agora é sempre, acompanhar e fazer da racionalidade a melhor amiga para o seu bolso. É não deixar que o comportamento de manada nos faça comprar o que não precisamos. É não pensar na parcela e sim, nos juros embutidos nelas. É comprar o que, de fato, é necessário e fugir do marketing de consumo compulsivo. É gastar melhor o que se ganha, focando na qualidade de vida e não no padrão de vida. E, lembrar que gastar com dinheiro vivo e por meio de cartões é a mesma coisa A fatura virá em alguns dias. Um bom ano e gastos mais racionais para todos.
Aécio Schröder da Silveira
Bacharel em Administração de Empresas, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Ciências Jurídicas e Sociais pela PUC/RS, Pós Graduado em Marketing, UFRGS e em Gestão Pública pela Escola do Ministério Público do RGS. O servidor do Ministério Público do Rio Grande do Sul e Educador Financeiro ministra conhecimento para que as pessoas tenham uma gestão mais eficiente e melhor organizem seus recursos, tanto no pessoal, como, também, seus investimentos. Contato para palestras : aecio.silveira@dsop.com.br. >>> Leia todas as publicações de Aécio Schröder da Silveira