Enchente no Rio Grande do Sul : desaparecidos, mortes, prejuízos, situação e assistência federal

Enchente no Rio Grande do Sul : desaparecidos, mortes, prejuízos, situação e assistência federal

Enchente no Rio Grande do Sul : desaparecidos, mortes, prejuízos, situação e assistência federal

. Sortimento Notícias Rio Grande do Sul . O governo do Rio Grande do Sul informou na sexta-feira (8/9/23) que o número de desaparecidos subiu para 46 em razão das enchentes que atingiram dezenas de cidades do estado. Os desaparecidos são dos municípios gaúchos de Muçum (30), Lajeado (oito) e Arroio do Meio (oito). As chuvas intensas provocaram 42 mortes, segundo o último balanço da Defesa Civil do estado, divulgado na noite de sexta-feira (8/9/23).

Alerta

Alerta de temporais pontuais, chuvas volumosas, descargas elétricas e eventual queda de granizo. Válido até 10h do dia 09/09/23. Emergência ligue 190/193.

Leite é contestado pela MetSul, que alertou sobre volume de chuva extraordinário

Não foi por falta de aviso. Contrariando o governador Eduardo Leite (PSDB), que declarou ser inexistente a previsão do alto volume de chuvas no Rio Grande do Sul, a MetSul emitiu alertas para níveis extraordinários de precipitação poucos dias antes da tragédia que já deixou mais de 40 mortos.

Em 31 de agosto, a empresa de meteorologia advertiu sobre “chuva extrema, onda de tempestades e enchentes” no início de setembro, com projeção de 300mm a 500mm de chuva na metade norte do Estado. A MetSul divulgou nota em resposta a uma entrevista do governador à GloboNews, em que o tucano disse que modelos matemáticos não previram o volume de chuvas que caiu sobre o Estado na segunda-feira.

O boletim emitido pela Sala de Situação da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura do Estado no domingo, dia 3 de setembro, colocou todo o RS em “alerta”, nível mais grave entre três classificações possíveis. A previsão para a segunda-feira do temporal era de “tempo severo” para a metade Norte. O volume de chuvas previsto, contudo, era bem inferior ao estimado pela MetSul: de 60mm a 90mm, com chance de chegar aos 120mm.

Na entrevista ä GloboNews, o repórter André Trigueiro se disse espantado com a surpresa de Leite, destacando que o RS é porta de entrada de eventos extremos, que já não são mais novidade – e devem se tornar cada vez mais comuns, como já alertamos aqui na Matinal. O jornalista ainda disse ao governador que não adianta manifestar surpresa toda vez que ocorre um fenômeno dessa magnitude, questionando o que o poder público vem fazendo para lidar com o “novo normal” imposto pelas mudanças climáticas. Enquanto falava, foi interrompido por Leite, que se exaltou e reclamou de “falta de empatia” por parte do repórter.

Coordenador de Justiça Climática do Greenpeace Brasil, Igor Travassos também ressaltou que “não estamos lidando com um fato novo ou inesperado” e cobrou: “​​Quantos mais precisarão morrer ou perder tudo para que os governantes garantam cidades seguras para todas as pessoas?

Atendimento

Drones estão sendo utilizados para auxiliar nas buscas, alguns com tecnologia termal, que capta variações de calor e identifica sinais de vida. Além de drones pertencentes ao governo do Rio Grande do Sul, o trabalho em campo está empregando equipamentos disponibilizados pelo Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, com funcionalidades que vão além de registros fotográficos e estão sendo utilizados como facilitadores das atividades de busca.

“Essas ferramentas permitem também a localização de corpos, porque captam informações de altimetria (medição de alturas ou de elevações de um determinado terreno) e altitude (medição da distância vertical de um ponto em relação ao nível do mar). Desse modo, com o compilado desses dados, é feito um processamento, tornando possível calcular plano altimétrico (determinando os níveis do terreno), massa, altura e distâncias”, informou o governo gaúcho.

Estão sendo utilizadas ainda aeronaves com capacidade de voo noturno. Também deve ter início, nesta sexta, o emprego de cães de busca, realizado pelo Corpo de Bombeiros Militar.

Segundo o governo do estado, as equipes de resgate contam com a ajuda da Defesa Civil Nacional, que disponibilizou quatro integrantes do Grupo de Apoio a Desastres (Gade). Ontem, a equipe começou a fazer uso dos drones em Muçum e Roca Sales para registros fotográficos, além de trabalhos mais específicos em localidades onde há pessoas desaparecidas.

Foram feitos ainda registros em plano aberto, para mensurar a área afetada, além de imagens em cima de prédios públicos e residências destruídas. Os registros são georreferenciados, com as coordenadas do local, e, desse modo, também podem auxiliar nos planos de trabalho para reconstrução de infraestruturas atingidas e no embasamento de decretos de calamidade pública.

Auxílio emergencial

O presidente em exercício, Geraldo Alckmin, anunciou o repasse de recursos da União para as prefeituras do Rio Grande do Sul com as situações de calamidade e de emergência devidamente reconhecidas pelo Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional (MDR).

Para cálculo do repasse, o governo vai considerar o valor de R$ 800 por pessoa afetada pelas consequências da passagem do ciclone extratropical nestas localidades.

Alckmin esclareceu que os recursos serão do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) com o objetivo de ajudar os governos locais a prestarem assistência às famílias desabrigadas.

“Nós vamos liberar R$ 800 por pessoa para que os governo locais possam prestar atendimento a quem perdeu suas moradias”, disse Geraldo Alckmin, logo após reunião com dez ministros, no Palácio do Planalto.

O ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, explicou que a transferência de recursos dependerá da apresentação, pelas prefeituras gaúchas, da relação de pessoas afetadas pelas fortes chuvas.

Wellington Dias destacou que, apesar de 79 municípios terem a situação de calamidade reconhecida pelo governo federal, este número pode aumentar. “O reconhecimento poderá chegar hoje a 83 municípios. Agora, cada município apresentará ali a relação dos números de desabrigados e nós estamos autorizados a atender a todos.”

O ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência, Paulo Pimenta, anunciou que o presidente em exercício vai liderar uma comitiva de ministros em uma visita aos municípios do Rio Grande do Sul, na manhã de domingo (10/9/23). Os integrantes do governo federal vão desembarcar em Lajeado e deverão ir a Roca Sales e Arroio do Meio.

“Nós vamos, mais uma vez, reunir com o governo do estado, reunir com os prefeitos, visitar regiões atingidas para organizar, ainda mais, esse apoio necessário que o governo federal está disponibilizando para o governo do estado e para as prefeituras, especialmente para as comunidades mais atingidas”, disse Pimenta.

Alimentos

Alckmin confirmou ainda o envio de 20 mil cestas de alimentos. Destas, 5 mil chegarão no domingo. Além disso, uma sala de situação do governo federal será instalada no Rio Grande do Sul para reforçar os trabalhos de atendimento emergencial às cidades atingidas pelo ciclone extratropical. A coordenação deste grupo ficará a cargo do comandante do Comando Militar do Sul, general de Exército, Hertz Pires do Nascimento.

Lula ausente

Geraldo Alckmin ocupa o cargo de presidente durante a viagem de Luiz Inácio Lula da Silva a Nova Déli, na Índia, para participar da Cúpula do G20. Perguntado por jornalistas sobre o motivo de Lula não ter visitado as vítimas do ciclone no Rio Grande do Sul, Alckmin afirmou que o governo está empenhado em solucionar a questão. Na rede social X (antigo Twitter), Lula afirmou que orientou o governo a estar “de prontidão”. “Prontamente, o @geraldoalckmin, e os ministros e ministras do nosso governo, formaram um comitê permanente de apoio ao Rio Grande do Sul. Estamos atuando em todas as frentes. Maquinário, tratores, distribuição de 20 mil cesta de alimentos e kits de saúde para cerca de 15 mil pessoas estão sendo disponibilizados”, afirmou.

Eduardo Leite

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, declarou, na sexta-feira (8/9/23), em Bento Gonçalves (RS), que pediu a ministros a redução de burocracia para a liberação de recursos federais destinados aos municípios do estado afetados pela passagem do ciclone extratropical, nesta semana, com o objetivo de facilitar os trabalhos a partir de agora.

“É natural que, ao lidar com dinheiro público, tenhamos que seguir ritos e processos, mas estamos falando de municípios que foram quase totalmente destruídos e não têm nem mesmo a capacidade técnica para elaborar planos de trabalho agora. Não podemos deixar que as pessoas sejam vítimas duas vezes – primeiro da enchente e, agora, da desassistência do poder público”, afirmou o governador.

O governador confirmou que conversou por telefone com o presidente da República em exercício, Geraldo Alckmin, pela manhã. Leite disse que receberá a comitiva de ministros que acompanharão Alckmin, em viagem, no domingo (10/9/23), a municípios do Vale do Taquari. A visita foi anunciada, no início da tarde desta sexta-feira, no Palácio do Planalto.

Eduardo Leite garantiu que o governo do estado vai continuar a trabalhar para conseguir todos os recursos federais possíveis, mas, segundo ele, se a burocracia começar a atrapalhar, e o prazo se alongar, serão alocados recursos financeiros do próprio estado para reconstrução das localidades afetadas.

Até a noite de sexta-feira (8/9/23), 12 municípios da localidade decretaram situação de emergência. De acordo com o governador, os principais danos na região foram registrados em moradias, prédios públicos, comércios, áreas agrícolas, estradas e pontes. Ainda há, também, oito pontos de rodovias com bloqueios devido às chuvas, sendo seis em rodovias estaduais e dois em federais.

A enchente é uma catástrofe humana, econômica, social e ambiental. Entre as vítimas das inundações estão os animais que foram salvos pela mobilizam de pessoas.